Professora da FACHA diz que a instituição é como uma família

Por Mariana Braga  

Todo mundo já foi aluno um dia, inclusive os professores que passaram por toda a sua formação durante anos. Mas alguma vez já parou para pensar onde cada um deles estudou? Ou mais especificamente, sabia que a FACHA tem muitos docentes que se formaram na casa?  

Sim, as cadeiras onde você se senta (ou se sentava antes das aulas remotas), as salas de aula, também foram palco do início da carreira de muitos professores. Foi pensando nisso que o Em Todo Lugar criou uma série de reportagens para falar com esses mestres e contar um pouco da jornada deles.  

A primeira entrevistada foi Ana Cristina Arruda, professora de disciplinas como Teorias e Fundamentos de Jornalismo e Comunicação Comparada. A história da Ana Cristina começou na época do ensino médio ao cursar o famoso “normal”, ensino de formação de professores muito comum entre os anos 1980 e 1990, no qual o estudante conquistava o diploma para o magistério após o 2º grau. E em 1987 ingressou como estudante na FACHA, em Botafogo, onde se formou em 1991.  Em 30 anos de carreira já trabalhou na redação da TV Manchete e da JB FM.  

O caminho de Ana pela FACHA foi muito prazeroso. Apaixonada por audiovisual, a professora se via entusiasmada para trabalhar com TV e os equipamentos dos laboratórios da instituição durante o ensino. Ela ainda brincou dizendo que os alunos de hoje nunca entenderão como uma TV funcionava nos anos 1990, naquela época era tudo analógico e muito bruto, hoje basta um celular.  

Pouco antes de formar, a então aluna começou a estagiar no Centro de Produção de Pesquisa (CPP), que até então se chamava Estúdio de RTV (Rádio e Televisão). Ana foi contratada como funcionária do setor após a graduação em Jornalismo, e lá começou a participar das atividades de extensão lidando diretamente com os alunos.  

A paixão pelo audiovisual e o magistério no currículo se casaram perfeitamente. Depois de concluir o mestrado em Memória Social na UNIRIO em 2006, ela logo aceitou o desafio de ser professora na FACHA, oferecido pela instituição. A princípio foram duas turmas, mas nada impediu Ana de ter o famoso friozinho na barriga.  

“Uma vez li no livro do Pedro Bial que é ruim ter medo, mas que é importante ter medo. Então se tiver que ir, vá com medo. E fui. E foi a experiência mais gratificante que eu podia ter […] E estou aí [dando aula] até hoje.” disse. Ser professora onde começou sua jornada foi uma espécie de agradecimento, neste local aprendeu o que precisava e agora tem o privilégio de passar seu conhecimento para os alunos, formando uma nova família.  

Ana guarda boas recordações de quando ainda era aluna, como o projeto “Nossas Expressões” comandado pelo professor Sady Bianchin. Eram apresentações culturais no pátio durante os intervalos, incluindo encenações, leituras, saraus e outros eventos.  

O que mais lhe marcou foi participar da criação da TV FACHA, em 1992. Organizada pelo professor Guto Neto, a FACHA iniciou o projeto na Feira da Providência, que desde 1961 promove ações de desenvolvimento humano. Ana foi a única mulher da equipe e tem orgulho, e ainda disse que ninguém dava moleza para ela, mas claro, com muito respeito. Com o sucesso da TV FACHA na Feira os professores decidiram levar o projeto de TV para a faculdade. Ana lembra como era exibir a programação interna para os alunos, com entrevistas e músicas, era necessário um telão no pátio, com projetor e muitos equipamentos.  

Dos anos 1990 para os 2000 muita coisa mudou e Ana acredita ser algo bom para a sociedade em muitos aspectos, como as formas de pensamento. Quanto à tecnologia não há muito que discutir, ela veio para melhorar o trabalho. Já outras mudanças não ajudaram tanto. A ansiedade se faz cada vez mais presente nos universitários, algo que era difícil de ver quando ela era aluna. A pressão social de ter um emprego bom, agradar os pais e a si próprio se torna o principal inimigo dos jovens atualmente. Por isso a professora orienta seus alunos a abandonar os anseios, pois a graduação ainda é um momento de procuras e descobertas.  

Em sala de aula, a professora Ana Cristina Arruda procura compreender a particularidade de cada estudante. Mesmo sendo jornalista seu viés pedagógico fala alto quando está de frente para o quadro, observando cada aluno ela consegue entender e respeitar cada um dentro do seu espaço para um ambiente de ensino saudável e com muita clareza.  

Com sua experiência e jeito único de ser professora, quase como uma amiga, Ana Cristina já foi homenageada em muitas formaturas. Para ela o agradecimento de cada tributo é exclusivo dos jovens e adultos, pois tem orgulho de vê-los amadurecendo e conquistando seus objetivos. Até hoje ela mantém o contato com muitos ex-alunos, virando uma amiga de verdade.  

Aos atuais alunos da FACHA, futuros alunos e todo universitário neste momento, Ana pede para não dar voz à ansiedade, principalmente no período difícil que o país e o mundo estão passando. Seu conselho é não olhar para o passado e não mirar tanto no futuro a ponto de ficar ansioso, apenas viver o momento e ser feliz. “A vida pode nos surpreender. E é um risco, qualquer decisão que a gente toma é um risco. Então vivam o risco com alegria, com amor no coração, com vontade de vencer” recomendou.  

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