Por Gabriel Orphão, Lucas Furtado e Rodrigo Glejzer
As tardes de domingo (07) e segunda (08) ficaram marcadas por partidas válidas pela semifinal do Mundial de Clubes da FIFA, no Catar. Palmeiras e Tigres (MEX), se enfrentaram no Education City Stadium, enquanto Bayern de Munique (ALE) e Al Ahly (EGI) tiveram seu duelo no Al Rayyan Stadium.
Palmeiras vs Tigres
A equipe do Palmeiras, campeã da Copa CONMEBOL Libertadores da América em cima do Santos, teve seu primeiro confronto no Mundial de clubes contra o Tigres, do México, campeão da Liga dos Campeões da CONCACAF, batendo a equipe americana do Los Angeles F.C. na Final.
Pré-Jogo
Antes da Semifinal, o Tigres venceu a equipe coreana Ulsan Hyundai por 2 a 1. O treinador mexicano Ricardo Ferretti optou por escalar a base da mesma equipe que venceu as quartas de final da competição. A única mudança foi a entrada do paraguaio Carlos Gonzalez na vaga do zagueiro colombiano Francisco Meza.
Pelo lado da equipe do Palmeiras, o técnico português Abel Ferreira repetiu a mesma escalação da equipe que começou jogando a final da Copa Libertadores contra o Santos. Porém, o treinador não pôde contar com o atacante Breno Lopes, autor do gol do título do torneio sul-americano, e que levou o Palmeiras até o Mundial de Clubes, por conta de o regulamento do torneio não permitir a inscrição de atletas que se transferiram para seus respectivos clubes após o fechamento da janela internacional de transferências.

Foto: Getty Images/FIFA
Primeiro tempo
O primeiro tempo da partida foi marcado por uma excelente atuação do goleiro Weverton. Aos 3 minutos de jogo, o Tigres veio ao ataque num cruzamento de Luis Rodríguez, buscando o atacante Gonzalez, que cabeceou forte no canto do gol, mas o goleiro brasileiro fez a primeira de uma sequência de três defesas incríveis. A primeira grande chance da equipe do Palmeiras veio apenas aos 17 minutos, quando o lateral Viña tocou para Rony, que, de fora da área, arriscou um chute à meia altura, mas o goleiro argentino Guzmán fez a defesa. No rebote, Gabriel Menino, próximo da pequena área, sem marcação e na frente do goleiro, acabou isolando a bola. No lance, o árbitro auxiliar Hessel Steegstra, da Holanda, marcou impedimento do meia de 20 anos da equipe brasileira.
A segunda grande aparição de Weverton veio aos 33 minutos, quando o atacante francês André-Pierre Gignac recebeu um passe de Luis Quiñones dentro da área, e arriscou um chute cruzado, que acabou parando nas mãos do goleiro brasileiro. Três minutos depois, González cruzou e o atacante Gignac finalizou novamente, dessa vez de cabeça.

Foto: Mohamed Farag – FIFA via Getty Images
O Palmeiras teve um bom domínio do jogo nos minutos iniciais da partida, chegando a ter mais de 60% de posse de bola. Porém, a equipe do técnico Abel Ferreira teve bastante dificuldade na criação de jogadas, e, com isso, terminou o primeiro tempo com apenas uma finalização no gol da equipe mexicana.
Segundo tempo
A segunda etapa iniciou da mesma forma que terminou a primeira: com domínio do Tigres sobre o Palmeiras e a equipe comandada por Abel Ferreira cometendo erros que fizeram a diferença no jogo. Aos 6 minutos, Luan puxa González dentro da área após receber passe de Rodríguez e o pênalti é marcado para o Tigres. Gignac cobra num chute que Weverton não consegue pegar e marca o gol do time mexicano.
Após sofrer o gol, o Palmeiras começa a se mexer para tentar reverter a desvantagem colocando Felipe Melo e Patrick de Paula em campo. Aos 11 minutos, a equipe brasileira consegue até marcar um gol, após falta cobrada por Raphael Veiga e que teve o chute de Gómez e cabeceio de Viña até chegar ao meia Rony marcar na rede, mas foi assinalado impedimento na sequência.
Ao longo da etapa, Abel Ferreira fez mais substituições e colocou em campo William, Mayke e Gustavo Scarpa e o time criou mais lances na área adversária, mas sem criar perigo para a equipe mexicana que conseguiu administrar a vitória e tentou ampliar o placar aos 17 minutos com Quinoñes chutando para Carlos González, mas Gustavo Gómez tirou a bola da área e impediu um possível segundo gol.
Com a vitória de 1 a 0, pela primeira vez, o Mundial de Clubes terá um time do México na final. O Palmeiras é o terceiro brasileiro a ser derrotado em uma semifinal do Mundial de Clubes da FIFA. Anteriormente, o Internacional perdeu para o Mazembe em 2010 e o Atlético-MG para o Raja Casablanca em 2013.

Pós-Jogo
Assim que o juiz Danny Makkelie apitou o fim da partida, o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira reuniu os jogadores no gramado e conversou com eles. Em entrevista, Abel afirmou que o jogo foi decidido nos detalhes:
“O problema é que muita gente não conhece nossos adversários. Eu falei antes que era um adversário com muita qualidade individual e coletiva. É um adversário que faz isso contra nós e contra todos e nós tivemos as nossas oportunidades e o adversário também teve, mas o certo é que esses jogos são definidos por detalhes. Hoje foi um pênalti que fez a diferença, portanto vamos valorizar o que fizemos hoje e mais do que tudo, vamos valorizar o que o adversário fez hoje pois não jogamos sozinhos”, afirmou.
O técnico do Tigres, Ricardo Ferreti, afirmou em entrevista coletiva que o clube seguirá sonhando com o título:
“Nas partidas fizemos os méritos para chegar à final. Nos adaptamos bem e impulsionamos o nosso estilo de jogo. A esperança, a ilusão seguem intacta. Estamos disfrutando e seguir sonhando”, comentou.
Bayern de Munique X Al Ahly
A segunda semifinal teve a estreia da equipe favorita ao título, os alemães do Bayern de Munique. Depois de bater o PSG por 1 a 0 na final da Liga dos Campeões da Europa e se creditar a jogar o Mundial do Clubes, os bávaros teriam pela frente os egípcios do Al Ahly, campeões da CAF Champions League depois de derrotarem seus arquirrivais do Zamalek por 2 a 1.
Pré-jogo
As “Águias” egípcias já haviam jogado e batido os qataris do Al Duhail SC, o time anfitrião do torneio, por 1 a 0 nas quartas de final e agora teriam a missão dificílima de eliminar um dos times mais poderosos, tanto em termos de plantel como financeiro, do mundo. Para a partida, o técnico sul-africano Pitso Mosimane preferiu manter a base do time que jogou no confronto anterior, só optando por trocar o centroavante. Sacou o congolês Walter Bwalya e promoveu a entrada do egípcio Mahmoud Kahraba.
Já pelo lado do Bayern, o treinador alemão Hans-Dieter Flick não poupou o que tem de melhor no elenco e colocou em campo atletas de renome. Entre eles estavam os campeões mundiais Jerome Boateng, Benjamin Pavard, Thomas Muller e Manuel Neuer, seus dois jogadores eleitos pela FIFA para a seleção do ano de 2020, Alphonso Davies e Joshua Kimmich, e o atual vencedor do prêmio de melhor do mundo, Robert Lewandowski.

Foto: Reprodução/Twitter Bayer de Munique/Twitter Al Ahly
Primeiro Tempo
O que não só a crítica esportiva como torcedores esperavam era um verdadeiro massacre dos bávaros contra os egípcios. Apesar de serem o maior campeão nacional, com 44 títulos, e africano, 9 conquistas no total, o Al Ahly não passou de um espectador em campo e em nenhum momento mostrou que conseguiria parear seu jogo com o do seu adversário. O representante da CAF, a confederação africana de futebol, até conseguiu duas oportunidades de ameaçar a meta de Neuer, mas Kahraba, desarmado por Boateng, e Taher, em cabeceio fraco em cima do goleiro, não tiveram a capacidade de marcar.
Enquanto isso, do outro lado os alemães enfileiraram chances perdidas com diferentes jogadores. Gnabry, aos 7, e Coman, aos 15, iniciaram o bombardeio. Coube ao artilheiro Lewandowski abrir o placar aos 16 depois de receber passe de Gnabry dentro da área. Depois o próprio Lewandowski ainda iria perder nova chance de marcar aos 36, assim como o lateral Davies, depois de fazer bonita jogada ao dar um corte no carrinho do marcador, aos 39.
O Bayern fechou o primeiro tempo jogando em ritmo de treino, como se estivesse em algum torneio de pré-temporada, ao mesmo tempo que o Al Ahly encontrava-se visivelmente nervoso e mais preocupado em não ser goleado do que de fato em vencer a partida.
Segundo tempo
O segundo tempo começou diferente com o Al Ahly no ataque. Ayman, em cruzamento na esquerda nas mãos de Neuer, e El Shahat, em boa jogada pela direita ao passar por dois e ter o chute bloqueado na área, deram o indicativo de que os egípcios iriam tentar buscar o empate. No entanto, o ímpeto durou apenas os 10 primeiros minutos e a partir daí o Bayern voltou a jogar praticamente sozinho. Coman, Muller e Choupo-Moting, que entrou aos 17 no lugar do próprio Muller, tiveram algumas chances de ampliar, mas foi novamente Lewandowski o responsável por marcar.
Já aos 40 minutos da etapa final, Sané, no lugar de Gnabry desde os 17, recebeu de Tolisso, que substituiu Marc Roca aos 23, na linha de fundo, pela direita, e fez um cruzamento perfeito na cabeça de Lewandowski, que só precisou empurrar para as redes na pequena área. No restante da partida era comum ver os 11 jogadores do Al Ahly no campo de defesa, tanto que Neuer por vezes abandonou o gol para interceptar alguns chutões, dados pela defesa adversária, e atuar como se fosse um terceiro zagueiro improvisado. O árbitro Moahammed Abdulla ainda deu 4 minutos de acréscimo, entretanto nada que mudasse o panorama da partida e com o apito final confirmou-se uma classificação tranquila para a equipe da Baviera alemã.
Pós-jogo
Eleito melhor jogador da partida, Lewandowski mostrou que a sede de gols continua em dia e que o duelo com o francês Gignac deve ser uma das principais atrações da final do Mundial, na quinta as 15 horas. Todavia, apesar da fácil vitória contra os campeões africanos, Hans-Dieter Flick preferiu se manter comedido e exaltar as qualidades do Tigres para a final:
“Vimos o jogo (Palmeiras x Tigres) e vimos que o nosso próximo adversário tem jogadores com talento, o que vai tornar a final um jogo complicado”, disse o treinador alemão. “Tivemos pouco tempo de preparação, uma viagem cansativa e por tudo isso vamos ver a partir de amanhã (terça-feira) como podemos armar melhor a equipe.”
Já a equipe do Al Ahly terá pela frente o Palmeiras na disputa pelo terceiro lugar, também quinta-feira, às 12 horas. Os egípcios vão em busca de tentar repetir sua melhor posição no Mundial da Fifa, obtido em 2006. Antes da derrota para o Bayern de Munique, o Al-Ahly não perdia desde agosto de 2020 com 25 vitórias e 7 empates em 32 jogos disputados.
Foto: Reprodução/Twitter Bayern de Munique.
Disputa do 5° Lugar
A partida entre Ulsan Hyuandai e Al Duhail teve um momento histórico: pela primeira vez em uma competição masculina profissional da FIFA, uma partida teve um trio de arbitragem totalmente feminino com a brasileira Edna Alves como árbitra e tendo como auxiliares a compatriota Neuza Back e a argentina Mariana de Almeida.
Em campo, o time do Catar foi melhor em campo e venceu por 3 a 1. Edmilson Júnior aos 21 minutos do primeiro tempo abriu o placar. No segundo tempo, Yoon Bit-Garam fez o gol da equipe sul-coreana e empatou a partida aos 17, mas o placar durou apenas quatro minutos pois aos 21, Mohammed Muntari desempatou a partida e aos 37, Almoez Ali sacramentou o quinto lugar do torneio para o Al Duhail.
Quartas de Final
Na quinta (4) ocorreram os dois jogos das quartas de final e no primeiro jogo, Tigres X Ulsan Hyundai, foi preciso o uso de um teste que a FIFA faz no torneio: a substituição por concussão. Aos 17 minutos do segundo tempo houve um choque entre o Kee-Hee Kim e Aquino, que foi substituído por Fulgencio. Esta mudança ocorre sempre que houver o choque de cabeça entre dois jogadores e a equipe médica detectar, através de testes, que o jogador tenha o risco de ter sofrido uma concussão, ele pode ser substituído mesmo se o treinador tiver feito as cinco substituições no time. A partida terminou 2 a 1 para o time mexicano com dois gols de Gicnac e Kee marcou o gol de honra da equipe sul-coreana. No outro jogo, o Al Ahly venceu o Al Duhail por 1 a 0 com gol de El Shahat.