Os desafios da falta de gestão esportiva profissional no Brasil

Seguindo a programação do Facha Lives 2021, Leandro Lacerda, coordenador dos cursos de Comunicação Social e Gestão Desportiva e Lazer, apresentou na sexta-feira (05) um tema para entender grande parte dos problemas vividos pelos clubes brasileiros: a falta de gestão profissional.  

Ao falar sobre os clubes de maiores torcidas, o Flamengo é um bom exemplo por ter a maior torcida do Brasil. Usando dados do ano de 2019 do Ibope e do Datafolha, o professor mostra que, no ano mágico do clube, o time carioca venceu o Campeonato Brasileiro e a Libertadores da América e conseguiu uma taxa de ocupação de estádio em torno de 80%. Entretanto, o Borussia Dortmund, um time tradicional alemão e sem grandes títulos nos últimos anos, teve sua taxa de ocupação de estádio em torno de 98%. 

No caso rubro-negro, até mesmo o todo poderoso, teve suas falhas de gestão o que expõe uma grande deficiência da gestão esportiva brasileira. 

A maior torcida do Brasil tem dificuldades em alcançar maiores taxas de ocupação (Foto: Reprodução)

A falta de gestão profissional 

A fidelização da torcida é um grande problema em nosso modelo de gestão. Se os clubes estão bem, a torcida comparece, mas quando não estão, a torcida some.  

Leandro cita como exemplo o Fluminense de 2008, que chegou à final da Libertadores lotando o Maracanã. Em 2019, no entanto, sua ocupação de estádio foi de 28%, um número muito baixo para sua enorme torcida. Na ocasião, o tricolor ficou em 14° no Brasileirão. 

A falta de ídolos é outro fator que mantém a torcida longe dos estádios. Para o professor, as equipes precisam ter atrativos ao público, a exemplo, o Vasco de Romário e Juninho e o Botafogo de Loco Abreu e Seedorf. O alvinegro até que tentou esse ano com a contratação do meia japonês Honda, mas um jogador sozinho não faz milagre. O clube acabou entrando em mais dívidas e com um elenco muito limitado foi rebaixado à Série B. 

O Cruzeiro é outro dos clubes citados por Leandro. A raposa é a única equipe dos chamados “grandes clubes” que não conseguiu ascender à elite do futebol, depois de uma queda em 2019. A falta de ambição, a falta de profissionalismo chama a atenção nesse caso. No fim do Brasileiro daquele ano, o Cruzeiro arriscou ao fazer contratações caras e teve várias trocas de treinador. A conclusão foi um abismo financeiro sem fim. 

Um outro problema relatado pelo professor é o individualismo dos clubes. A falta de conversa e interação entre as equipes ocorre no fortalecimento de uns e no enfraquecimento de outros, mas no final, acaba que todas as equipes se prejudicam por causa disso 

“Na Alemanha, quando o Borussia Dortmund parou por uma enorme crise financeira, o primeiro clube a ajudá-lo foi o Bayern de Munique. O maior clube do país pensou: que graça teria ganhar um campeonato que só nós fôssemos fortes, não teria competitividade e nem graça nenhuma”, disse o coordenador reforçando a importância da solidariedade entre as equipes. 

Engajamento nas redes sociais 

Leandro defende o engajamento através das redes sociais e ações de marketing para promover as próprias marcas como principal fonte de lucros. Para demonstrar a importância desse quesito, o coordenador cita o Íbis, equipe da segunda divisão pernambucana que, embora não esteja desenvolvido esportivamente falando, dá aula de utilização de redes sociais.  

Íbis tem o quarto maior engajamento do mundo, atrás apenas de Arsenal, Chelsea e Manchester United, ambos na Inglaterra, e a frente de equipes como Barcelona, Real Madrid e o próprio Flamengo. 

Íbis é o maior clube do Brasil em termos de engajamento  (Foto: Reprodução)

Endividamento dos clubes 

De acordo com os dados da Pluri Consultoria, as equipes brasileiras dependem de dois fatores para conseguir aumentar as suas finanças: o primeiro deles trata-se dos direitos de transmissão e cotas de participação e o segundo trata-se da venda de jogadores. Ao contrário do que é praticado na Europa, onde a gestão do futebol é profissionalizada, pouco se investe em marketing e comerciais como fonte de receita. 

Os direitos de transmissão e as cotas de participação chegam à marca de 40% da receita das equipes brasileiras, por isso há um enforcamento financeiro quando uma equipe é rebaixada, casos de Cruzeiro e Botafogo.  

Uma solução é investir em marketing para aumentar exponencialmente a fatia deste quesito, que hoje corresponde a apenas 9% do valor arrecadado pelos clubes. 

Clubes brasileiros investem muito pouco em Marketing (Foto: Reprodução)

Gestão Desportiva e Lazer 

Por fim, Leandro falou sobre o curso de Gestão Desportiva e Lazer da Facha para aqueles que tem interesse em trabalhar com essa área ou quer abrir o seu próprio negócio dentro do ramo de esporte e lazer.  A graduação dura dois anos e o aluno sai capacitado para gerenciar qualquer clube ou empresa. Para maiores informações acesse facha.edu.br. 

Para conferir a live na íntegra é só clicar no player abaixo. 

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