Atletas, integrantes de comissão técnica, árbitras e dirigentes nos maiores times e confederações esportivas do mundo na segunda parte de uma matéria especial
Foto de capa: Reprodução/Twitter UEFA
Por Armando Edra, Matheus Guimarães, Matheus Hartmann, Sandro Maia e Júlia Nascimento
Ano após ano, o Dia Internacional da Mulher é comemorado através de atos simbólicos, como a entrega de flores, presentes, congratulações, homenagens, matérias midiáticas comemorativas das mais diversas editorias, entre outras parabenizações. Contudo a reivindicação feminina por atitudes que saiam do simbolismo e passem para a prática é maior a cada comemoração da data. E que não tenha duração de um dia por ano, mas, sim, que a conscientização seja diária.
Diária assim como a luta por respeito e igualdade de gênero, iniciada há tanto tempo e por tantas bravas mulheres nas mais diversas sociedades e culturas. Lutas individuais e coletivas, em forma de protestos, em busca de direitos. Direitos estes que não poderiam ser mais básicos, dos quais muitas mulheres são privadas até o ano de 2021, como poder, simplesmente, dirigir ou ir ao estádio.
E é, neste cenário, que entram nossas protagonistas. Oito mulheres que construíram seus lugares de destaque no esporte mundial nos últimos anos. Atletas, integrantes de comissão técnica, árbitras e dirigentes nos maiores times e confederações esportivas do planeta. Profissionais que estão sob os holofotes de ambientes, historicamente, masculinizados. Mulheres que inspiram meninas a “lutarem como uma garota”. Conheça as outras quatro personagens:
NAOMI OSAKA (ATLETA / TÊNIS)

Naomi Osaka é uma jovem tenista japonesa, filha de pai haitiano e mãe japonesa, e tornou-se a primeira jogadora asiática a alcançar a posição de número 1 no ranking da WTA (Women’s Tennis Association), ao vencer, em 2019, o Australian Open.
Em 2020, Osaka repetiu a façanha e tornou-se bicampeã do Grand Slam aos 23 anos. Com isso, tornou-se o terceiro nome do tênis, na Era Aberta (desde 1968), entre homens e mulheres, capaz de vencer as quatro primeiras finais de Grand Slam que disputou em sua carreira. Nessa lista, apenas o suíço Roger Federer (seis títulos nos sete primeiros torneios do Slam que disputou) e a ex-tenista americana Monica Seles (seis) aparecem à sua frente.
No atual cenário do esporte, Naomi Osaka é uma realidade considerada por muitos especialistas como a mais promissora de sua geração e futura substituta da “rainha das quadras”, Serena Williams. Além disso, Osaka é uma voz ativa em questões sociais e políticas e, devido a seu comportamento altamente competitivo e carismático, atrai dezenas de marcas interessadas em patrociná-la. Fato que, somado aos ganhos financeiros de seus títulos, fez com que a jovem tenista se tornasse, em 2020, a atleta feminina mais bem-paga da história, entre todos os esportes.
LORI LOCUST (ASSISTENTE TÉCNICA / FUTEBOL AMERICANO)

Lori Locust nasceu em 1964 na Filadélfia, Pensilvânia, e foi somente com 40 anos de idade que sua vida se conectou ao futebol americano. Em 2004, Locust ingressou em um time semiprofissional de futebol americano e atuou no time por quatro anos, onde era capitã e a melhor jogadora. Contudo teve que se aposentar de forma precoce devido a uma lesão no joelho.
Porém Lori conseguiu o cargo de técnica assistente um ano após sua aposentadoria, iniciando uma trajetória de muita competência em vários comandos técnicos. Até chegar em março de 2019 e ser contratada pelo Tampa Bay Buccaneers como treinadora assistente da linha defensiva.
Falando em defesa, ela foi a grande responsável por garantir que o astro Tom Brady conseguisse conquistar o segundo SuperBowl da franquia na temporada 2020/2021. Logo, tornou-se claro o brilhantismo e a dedicação do trabalho de Locust na construção de um pilar que levou seu time à glória.
SARAH THOMAS (ÁRBITRA / FUTEBOL AMERICANO)

Nascida em 21 de setembro de 1973, em Pascagoula, Mississippi, a árbitra Sarah Thomas, atualmente, integra o quadro de oficiais da NFL (Liga de Futebol Americano) com o número 53. Sua vida profissional anterior ao cargo atual foi mais simples e, antes de se tornar oficial, ela trabalhou como representante farmacêutica.
Sua trajetória na arbitragem começou em 1996 ao estar presente em uma reunião da Associação de Oficiais de Futebol da Costa do Golfo, enquanto a primeira partida foi em um jogo colegial em 1999. Em 2006, Gerry Austin, coordenador de oficiais da Conferência dos Estados Unidos da América, a convidou para um acampamento de oficiais em razão de sua dedicação e suas habilidades.
Com isso, Sarah Thomas foi contratada para a equipe da Conferência e, em 2007, tornou-se a primeira mulher a trabalhar em um jogo importante de futebol americano universitário, entre Memphis e Jacksonville State. Sua carreira foi pautada em grandes conquistas e, em 2015, a NFL anunciou que Thomas seria a primeira oficial mulher permanente na história da Liga.
A estreia na maior liga de futebol americano aconteceu em setembro de 2015, no jogo entre Kansas City Chiefs e Houston Texas. Por fim, em 2019, quebrou mais um paradigma e ultrapassou mais um limite, tornando-se a primeira mulher a trabalhar em um jogo de playoffs, na partida entre New England Patriots e Los Angeles Chargers.
YELENA ISINBAYEVA (ATLETA / SALTO COM VARA)
O atletismo se consolidou há muito tempo como um dos esportes mais populares das Olimpíadas, com uma grande audiência, atletas de altíssimo nível e grandes performances. E uma das atletas que ajudaram nesse sucesso da modalidade nos jogos olímpicos é Elena Isinbayeva, considerada a maior saltadora com vara de todos os tempos. Ela nasceu na Rússia no dia 3 de junho de 1982 em Volgogrado, na antiga União Soviética. A atleta começou em outro esporte antes do salto com vara: a ginástica artística, aos 5 anos de idade.
Trata-se de uma bicampeã olímpica em 2004 e 2008 e atual recordista mundial com a marca de 5,06 metros, obtida em 28 de agosto de 2009, em Zurique, o seu 16º recorde mundial em pistas abertas na prova. Em Atenas (2004), ela apresentou uma grande performance e estabeleceu o recorde mundial com 4,91 metros, levando a medalha de ouro. Até o final do ano, ela aumentaria o recorde para 4,92 metros. Foi eleita a Atleta Feminina do Ano pelo IAAF três vezes (2004, 2005 e 2008). Em Pequim (2008), fez uma participação nas Olímpiadas impressionante, com o estádio Ninho de Pássaro lotado, e, com o apoio do público, saltou para a marca de 5,05 metros e novo recorde mundial, deixando seu nome na história dos Jogos e do atletismo. Em 2012, em Londres, levou o bronze.
A atleta ainda foi campeã mundial em Helsinque (2005), Osaka (2007) e Moscou (2013), além do bronze em Paris (2003), dois prêmios Laureus em 2007 e 2009, mais 28 recordes mundiais (sendo 15 em pistas abertas e outras 13 em competições indoor, em ginásios). Isinbayeva colocou o recorde mundial do salto com vara em outro patamar, estabelecendo a melhor marca do planeta pela primeira vez em 2003, com 4,82 metros, e deixando o esporte com 5,06 metros. Em dezembro de 2016, Isinbayeva tornou-se presidente do conselho de supervisão da Agência Antidopagem Russa.