Foto de capa: Rafael Cruz
Por Carina Mattos
Nascido em 14 de setembro de 1921, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, o jogador teve sua estreia no Flamengo aos 18 anos de idade e, aos 19, já integrava o time titular rubro-negro, e permaneceu até 1950. O camisa 8 jogou ao lado de Domingos da Guia e Leônidas da Silva. Com ele, o time foi campeão carioca de 1939 e conquistou o tricampeonato estadual nos anos de 1942, 1943 e 1944. Ao todo, o craque participou de 318 partidas e marcou 145 gols.

Em 1942 foi convocado para a Seleção Brasileira, nela permaneceu até 1957 e marcou 30 gols em 54 jogos. Zizinho teve uma atuação de destaque na Copa de 50 no Brasil, e, apesar da derrota de 2×1 para o Uruguai, recebeu o apelido de “Mestre Ziza”. O jornalista italiano Giordano Fatori, que cobriu a Copa, escreveu “O futebol de Zizinho me faz lembrar Da Vinci pintando alguma obra rara”.

O ano de 1950 marcou a carreia do futebolista de duas formas: a primeira aconteceu antes da Copa, quando foi vendido inesperadamente e contra a sua vontade ao Bangu. O atleta se sentiu traído. A segunda importantíssima mudança na trajetória do Mestre Ziza foi a Copa do Mundo, na qual o meia não participou das duas primeiras partidas por conta de uma lesão e, nos jogos posteriores, marcou 2 gols em 4 jogos e, mesmo com a derrota, foi eleito o melhor jogador da competição, marcando a sua história no livro dos grandes astros do futebol brasileiro.
No livro Nação Rubro-negra, Zizinho desabafou:
“Difícil dizer o que me magoou mais, se foi a perda da Copa de 50 ou a minha saída do Flamengo… acho que foi a saída do Flamengo, a maneira como os homens que dirigiam o clube fizeram a transação me machucou muito… nunca aceitei”.
Em contrapartida, no Alvirrubro, ele encontrou um novo lar e foi o responsável por tornar o clube competitivo nos anos que sucederam. Em 1952 foi o artilheiro do time, duas vezes vice-campeão carioca, como jogador em 1951 e como técnico em 1965. O mestre foi o quinto maior artilheiro do Bangu com um saldo de 122 gols e ficou no clube até 1957. Em 1961 retornou, como técnico.

Continuando sua jornada, Zizinho foi para o São Paulo em 1957 e se tornou ídolo dos tricolores. Pelo clube paulista, jogou 60 partidas e fez 24 gols. O atleta comandou o time na conquista do Campeonato Paulista de 1957.

O ídolo de Pelé era o típico meia armador da época. Tinha como marca registrada o “drible em zigue-zague” e a paradinha nas cobranças de pênaltis, movimento que inspirou o Rei Pelé. Zizinho também atuou como atacante pela Seleção Brasileira. É considerado o sucessor de Leônidas da Silva e antecessor de Pelé. Em 1999 foi eleito o quarto maior jogador brasileiro de todos os tempos pela International Federation of Football History and Statistics (IFFHS). O mestre foi técnico de seleções de base do Brasil na década de 1970 e deixou os seus valiosos ensinamentos registrados em dois livros: O Mestre Ziza e Verdades e mentiras no futebol.

O astro deixou seu legado no futebol brasileiro, sendo sempre elogiado pelo Rei Pelé, que confirmava Zizinho como seu ídolo e modelo de jogador, pois era um jogador completo:
“Atuava na meia, no ataque, marcava bem, era um ótimo cabeceador, driblava como poucos, sabia armar. Além de tudo, não tinha medo de cara feia. Jogava duro quando preciso”.
Outro craque que se inspirou no Mestre Ziza foi Gérson, meio campista brasileiro que teve destaque como segundo melhor jogador da Copa do Mundo de 1970. Zizinho era amigo do pai de Gérson, e, quando este iniciou a carreira como jogador, ouvia atentamente todos os conselhos do Mestre, tanto de marcação como visão de jogo e distribuição de passes. Como agradecimento, o “Canhotinha de Ouro” sempre cita Zizinho como seu mentor e maior incentivador na carreira de jogador.
O Mestre colecionou títulos, prêmios e homenagens, como o diploma oficial do Bangu como a maior expressão Banguense nos gramados e é considerado por muitos até hoje como ídolo do Bangu. Também foi reconhecido como um dos maiores craques do Maracanã, tendo seus pés gravados no hall da fama do estádio.

Tomás Soares da Silva faleceu em 8 de fevereiro de 2002, vítima de problemas do coração. Mas o seu nome e a sua marca estão registrados como um dos maiores ídolos que o Brasil já teve. O “Craque imortal”.
Títulos
Seleção brasileira | flamengo | bangu | são Paulo |
---|---|---|---|
Copa Rocca (1945) | Campeonato Carioca (1942, 1943, 1944) | Torneio Início do Rio de Janeiro (1950, 1955) | Campeonato Paulista (1957) |
Copa América (1949) | Torneio Relâmpago do Rio de Janeiro (1943) | Torneio do Início do Rio São Paulo (1951) | Taça dos Campeões Estaduais de São Paulo e do Rio de Janeiro (1958) |
Copa Rio Branco (1950) | Torneio Início do Rio de Janeiro (1946) | Torneio Triangular Internacional do Equador (1957) | |
Campeonato Pan-Americano (1952) | Troféu Cezar Aboud (1948) | Torneio Quadrangular do Rio de Janeiro (1957) | |
Taça Bernardo O’Higgins (1955) | Troféu Embaixada Brasileira na Guatemala (1949) | Torneio Triangular de Porto Alegre (1957) | |
Taça Oswaldo Cruz (1955, 1956) | Troféu El Comité Nacional Olímpico da Guatemala (1949) | ||
Taça do Atlântico (1956) | Taça Cidade de Ilhéus (1950) | ||
Como técnico: Jogos Pan-Americanos (1975) | |||
Prêmios Individuais | Seleção da Copa do Mundo (1950) | 47º melhor jogador do Século XX pela IFFHS | 10º melhor jogador sul-americano do Século XX pela IFFHS |