Precisamos falar sobre a direção de arte no Brasil

Foto de Capa: Debatedores conversaram sobre direção de arte. Créditos: Reprodução.

Por Thalis Nicotte 

Nesta quinta-feira, tivemos a sexta live da Terceira Jornada de Cinema. O tema foi a direção de arte no Brasil: história e estética. A mediadora da conversa foi a professora e diretora de arte Nívea Faso, que também é doutora em Artes pela CAPES/UERJ. Ela recebeu Iomana Rocha, professora da UFPE e diretora de arte, e Benedito Ferreira, artista visual e pesquisador. Os três integrantes do debate são membros do Núcleo de Investigação em Direção de Arte Audiovisual do CNPq. 

Benedito começou falando sobre a história da direção de arte, que segundo Nívea, ainda é muito desconhecida. Segundo ele, muitos acreditam que a função surgiu na década de 1980, no filme “O Beijo da Mulher Aranha”. Na verdade, o que nasce neste filme é o secionamento, quando o diretor de arte supervisiona cenografia e figurino, algo que acontece desde os primórdios no cinema americano. 

Em sua pesquisa de mestrado, Benedito encontrou indícios da função de diretor de arte anos antes do primeiro registro oficial. Filmes na década de 1960, como “El Justiceiro”, e na década de 1970, como “A Casa das Tentações”. A pesquisa de Benedito localizou cerca de 30 filmes datados antes de 1984 com o crédito de diretor de arte. 

Foto: Divulgação

No filme “Independência ou Morte”, de 1972, Benedito identificou Campelo Neto como diretor de arte e responsável pela cenografia e figurinos. Mostrando mais uma vez que o secionamento que é falado somente na década de 1980, já existia há uma década. 

Estética da gambiarra 

Embora o nome seja atribuído a algo negativo ou que não seja bonito visualmente, a gambiarra surge como uma potência de reconfiguração estética. Iomana enxerga a gambiarra como algo extremamente positivo e de uma energia brasileira muito forte, sendo um conceito relacionado às artes visuais. A live apresentou algumas fotos de Cao Guimarães e você pode conferir aqui. 

Iomana também explicou como essa estética pode ser usada no cinema, principalmente no contemporâneo brasileiro. E relacionando com os modos de produção, é necessário adaptar a operação do cinema brasileiro. O modus operandi de eixo Rio-São Paulo é diferente do que é feito no Nordeste, por exemplo. 

“Marcar a existência dessas diferentes equipes, dessas diferentes formas é algo bem importante. Pensando o audiovisual, num aspecto nacional”, Iomana Rocha. 

A estética da gambiarra não está diretamente relacionada a um filme de baixo orçamento. O que existe é a opção do diretor de arte em colocar uma estética diferente em seu filme, independentemente do tamanho da produção. 

Iomana ressaltou o uso da estética da gambiarra em produções mais atuais e com ênfase na crítica-social e na política brasileira, citando como exemplo o filme “Esse Amor que nos Consome”, de 2013, dirigido por Allan Ribeiro. Outros filmes também são citados e Iomana explicou a relação das propostas de produção com a estética de gambiarra. Se você ficou curioso com essa relação de filmes, a live completa está no final da matéria. 

Naturalismo 

Nívea apresentou a abordagem naturalista e Iomana apontou que embora seja natural, sempre existe a necessidade de um diretor de arte. A pesquisadora reforçou o conceito de representação que está atrelado ao naturalismo e como é difícil ter a sensibilidade de compor o cenário. 

Por fim, o participante no chat – Ciro Delfim – questionou que o Brasil só dá valor à direção de arte quando há produção de filmes de época. Os debatedores falaram que essa conversa é muito mais ampla e se considerar que um filme que fala de ontem já é de época, temos que mudar alguns dos nossos conceitos. A pergunta de Ciro agitou os últimos minutos da conversa e contribuiu ainda mais com a proposta da live

Live essa que rendeu mais de 200 visualizações e está disponível na íntegra aqui abaixo: 

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