Série C do Campeonato Brasileiro começa neste sábado: saiba tudo sobre a competição

Volta Redonda vai representar o Rio de Janeiro e chega confiante após boa campanha no Campeonato Carioca 

Foto de capa: Lucas Figueiredo/CBF 

Por Rafael Cruz e Rodrigo Glejzer 

Com o fim dos Campeonatos Estaduais, o Campeonato Brasileiro entra em ação, mas nem só de Série A e B vive o país do futebol. De acordo com a CBF, existem mais de 700 clubes no país. Para chegar até a elite nacional, esses clubes precisam passar por divisões inferiores, como a Série C, onde está o Volta Redonda, quarto colocado do Campeonato Carioca 2021 e representante do Rio de Janeiro na competição. A disputa se inicia neste sábado (29/05) e vai até o dia 21 de novembro.  

Os 20 times são divididos em dois grupos de dez e enfrentam-se em turno e returno. Ao fim das 18 rodadas, os quatro primeiros de cada grupo avançam para os quadrangulares. Nessa fase, duelam entre si em jogos de ida e volta. Os dois primeiros de cada grupo se classificam para a Série B do ano seguinte, e os líderes se enfrentam na final, também em ida e volta. Os grupos são divididos de acordo com o aspecto geográfico, confira: 

Grupo A 

Altos-PI 
Botafogo-PB 
Ferroviário-CE 
Floresta-CE 
Jacuipense-BA 
Manaus-AM 
Paysandu-PA 
Santa Cruz-PE 
Tombense-MG 
Volta Redonda-RJ 

Grupo B 

Botafogo-SP 
Criciúma-SC 
Figueirense-SC 
Ituano-SP 
Mirassol-SP 
Novorizontino-SP 
Oeste-SP 
Paraná-PR 
SãoJosé-RS 
Ypiranga-RS 

Primeira Fase 

Fase de Grupos: 29/5 a 26/9 (18 datas) 

Segunda Fase 

Quadrangular: 2/10 a 7/11 (6 datas) 

Terceira Fase 

Final: 14/11 a 21/11 (2 datas) 

Os quadrangulares se dividem da seguinte maneira: 

Quadrangular 1: 1º lugar do grupo A; 2º lugar do grupo B; 3º lugar do grupo A; 4º lugar do grupo B 

Quadrangular 2: 1º lugar do grupo B; 2º lugar do grupo A; 3º lugar do grupo B; 4º lugar do grupo A 

Volta Redonda estreia na competição neste domingo (30/05) – Foto: Reprodução/Volta Redonda Futebol Clube 

O Volta Redonda ficou no Grupo A e chega embalado após a boa campanha no Campeonato Carioca, no qual foi semifinalista. O clube do sul do estado do Rio foi vice-campeão da Série C em 1995 e tenta chegar de novo à Série B. A estreia tricolor será contra o Altos-PI, fora de casa, neste domingo (30/05) às 16h. O Voltaço perdeu o artilheiro do Cariocão, Alef Manga, para o Goiás, mas ainda tem Luciano Naninho, João Carlos, e o capitão e zagueiro Heitor, que falou da importância da Série C para o ano tricolor:  

“Fizemos um bom Campeonato Carioca, infelizmente não conseguimos a vaga na decisão, mas isso não diminui a nossa grande campanha, com o quarto lugar na classificação geral, assegurando a classificação para a semifinal com duas rodadas de antecedência e a vaga na Copa do Brasil. Mas agora é foco total na Série C, que é a competição mais importante do ano para o Volta Redonda. Sabemos que será uma competição muito dura, difícil, mas o nosso elenco está comprometido, focado, e a torcida pode ter certeza de que iremos brigar por este acesso à Série B, que é o nosso maior objetivo”, afirmou. 

Sudeste 

Região com o maior número de representantes na Série C, o Sudeste vem com nada menos que sete times prontos para disputar uma das vagas para o acesso à segunda divisão. São Paulo é o estado com mais equipes, ao enviar cinco clubes para o campeonato.  

Depois de ter feito uma campanha ruim na Série B (terminando na última colocação) e ainda ser rebaixado no Paulista em 2020, o Oeste vem se preparando melhor para as competições em 2021. Na Série A2 do Estadual, o time de Barueri conseguiu o acesso à elite local sem problemas e espera repetir o efeito na Série C. Já o Botafogo de Ribeirão Preto, igualmente rebaixado em 2020 da segunda para terceira divisão nacional, penou no Paulistão e por pouco não acabou, novamente, rebaixado (terminou em 14º de 16 times).  

Além do “Fogão do interior”, o Ituano deve ser outra equipe paulista a penar na Série C. Depois de realizar um ótimo Estadual em 2019, quando liderou seu grupo e foi eliminado pelo São Paulo nas quartas de final, o clube vem em uma descendente. Principalmente depois da saída de Juninho Paulista, então diretor técnico do time, para a coordenação da Seleção Brasileira em 2019. Nas duas últimas disputas regionais, o “Galo de Itu” ficou em último do seu grupo e sequer chegou a ser uma ameaça real à hegemonia dos grandes do estado.  

Equipe do Ituano pronta para a Série C – Foto: Miguel Schincariol 

Em contrapartida, Novorizontino e Mirassol devem ser as duas principais equipes de São Paulo na disputa pelo acesso. O primeiro sagrou-se campeão do interior paulista, enquanto o segundo chegou, novamente, às semifinais do Paulistão, repetindo o feito de 2020. 

Único time a carregar a bandeira de Minas Gerais na Série C, o Tombense conseguiu chegar nas semifinais do Campeonato Mineiro, perdendo para o Atlético-MG. E, na segunda rodada da Copa do Brasil, foi eliminado pelo Vasco da Gama depois de fazer jogo duro contra os cariocas. Se conseguir manter o ritmo, tem tudo para concorrer a uma das vagas para a próxima Série B.  

Atacante Pedro Lucas em ação pelo Mirassol no Campeonato Paulista – Foto: Marcos Freitas/Agência Mirassol 

Nordeste 

Segunda região do Brasil com maior número de clubes na Série C, o Nordeste vem com seis representantes. O Santa Cruz é o time com a camisa mais pesada entre os nordestinos. Segundo maior campeão pernambucano, campeão da terceira divisão em 2013 e do Nordeste em 2016, o “Tricolor do Arruda” vem, contudo, de um desempenho ruim na Copa Nordeste, ficando em último lugar no grupo A, e caindo na semifinal no Estadual. 

Também tradicionais no cenário esportivo brasileiro, Botafogo-PB e Ferroviário-CE merecem atenção na disputa pelo acesso à Série B. Trinta vezes campeões regionais, os paraibanos fizeram campanha ruim na Copa do Nordeste, ficando em penúltimo no grupo B, porém ainda estão na disputa pelo título local (semifinal marcada para 02/06 com adversário ainda indefinido). Já os cearenses não conseguiram chegar na final do Estadual, taça que não levantam desde 1995, mas contam com a experiência de 15 disputas de Série C (entre os classificados, é o segundo maior participante, atrás apenas do Botafogo-PB com 18) para conseguir subir de divisão nacional.  

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Volante Vitinho, ex-Botafogo-PB, é um dos principais reforços do Santa para a Série C – Foto: Rafael Melo/Santa Cruz 

Jacuipense-BA, Floresta-CE e Altos-PI completam as equipes nordestinas na Terceirona. Os dois primeiros, apesar de quase 60 anos de história, nunca conseguiram ser campeões de seus estados e têm poucas participações em campeonatos de nível nacional (os baianos fazem apenas sua segunda temporada na Série C, enquanto os cearenses estreiam na competição). Todavia o Altos, apesar da pouca idade, fundado apenas em 2013, já mostra um projeto vencedor.  

O Alviverde piauiense disputou apenas sete vezes o campeonato local, sendo seis na primeira divisão. Depois de subir em 2015, o Altos já conseguiu carimbar a faixa de campeão três vezes e desbancou times mais tradicionais do estado, como Flamengo, Fluminense e River. Inclusive, é um dos apenas três times (os outros dois são Paysandu e Manaus) classificados para a Série C que conseguiram o título estadual de 2021. Pela primeira vez competindo pelo acesso à Série B, o Altos tem tudo para ser uma das boas surpresas na competição. O atacante Klenisson, peça importante do setor ofensivo, acredita que a conquista do piauiense pode influenciar, positivamente, a estreia da equipe, contra o Volta Redonda, e motivar ainda mais o elenco para o restante da temporada. 

“Todo título sempre vem para coroar um trabalho bem feito, e nossa campanha no Piauiense mostrou que fomos merecedores. Mais do que o sentimento de dever cumprido, ser campeão do Estadual nos deixa agora com mais vontade ainda de buscar novas conquistas. Por isso tenho certeza de que vamos começar a Série C com muita sede de vitórias”, afirma o jogador. 

Klenisson está confiante no bom desempenho do Altos na competição – Foto: Luís Júnior/AA Altos 

Sul 

Do Sul, cinco times vêm para tentar uma das vagas à Série B, sendo que três deles estão bem acostumados a disputar os principais campeonatos nacionais. Criciúma, Figueirense e Paraná até pouco tempo se encontravam jogando na elite do futebol brasileiro. Porém, ultimamente, o trio teve de encarar uma derrocada. Um dos principais times de Santa Catarina, o Criciúma não disputa a Série A do Brasileiro desde 2014 e, em 2019, teve de encarar seu rebaixamento para a terceira divisão. Em 2020, fez péssima campanha na Terceirona e começou 2021 da pior maneira possível: rebaixado no Estadual.  

Rival do “Tigrão” no Catarinense, o Figueirense não consegue ser campeão estadual desde 2018, tendo caído em uma grave crise financeira há pelo menos dois anos, o que lhe custou sua permanência na última série B. Já o Paraná foi do céu ao inferno em quatro anos: em 2017, conquistou o acesso à elite brasileira depois de uma década na Série B, mas apenas para ser rebaixado de volta no ano seguinte e depois ainda cair para a terceira divisão em 2020. Apesar de combalidas, as três equipes têm a tradição do uniforme ao seu lado e não podem ser descartadas de imediato da disputa pelo acesso de divisão.  

Dos pampas gaúchos, Ypiranga e São José carregam a bandeira do Rio Grande do Sul. Depois de ser rebaixado no Estadual de 2017, o Ypiranga voltou em 2020 e, em 2021, quase conseguiu ir para as semifinais do Gauchão. Há pelo menos seis temporadas, a equipe de Erechim tem a experiência na competição ao seu lado para finalmente chegar à Série B. Tradicional na bocha (modalidade esportiva clássica na região), o clube de São José tem mais de 108 anos de existência, jamais foi campeão estadual (há dois anos sequer consegue chegar às fases finais) e passou boa parte de sua trajetória na Série D nacional.  

Técnico Paulo Baier foi o escolhido para reabilitar o Criciúma depois do rebaixamento no Estadual – Foto: Rafaela Custódio 

Norte 

Apesar de ter somente dois representantes, o Norte é guiado apenas por campeões estaduais. Depois de amargurar, em 2020, a perda da vaga para a Série B diante do Remo, seu maior adversário regional, o Paysandu conseguiu dar o troco em 2021 ao derrotá-lo na semifinal para depois sagrar-se bicampeão seguido do Paraense em cima do Tuna Lusa. Famoso pela sua histórica campanha na Libertadores de 2003, quando venceu o Boca Juniors em La Bombonera pelas oitavas de final (feito atingido apenas por outras cinco equipes brasileiras), o “Papão da Curuzu” também é reconhecido pelo bicampeonato na Série B (1991 e 2001), pelo campeonato invicto da Copa Verde (2018) e por seus 49 títulos estaduais. É, sem dúvidas, um dos principais concorrentes nesta Terceirona.  

Assim como o Altos, o time do Manaus é bem jovem. Fundado há oito anos, o “Gavião do Norte”, tal qual o time do Piauí, já conseguiu enfileirar quatro títulos estaduais, sendo três seguidos (2017, 2018 e 2019). Em rápida ascensão, desbancou times mais tradicionais do Amazonas, como São Raimundo, Fast e Nacional. Inclusive, o Manaus é, atualmente, a principal esperança do estado em manter um time nas principais divisões do futebol nacional, já que os demais acumulam rebaixamentos e eliminações (como o São Raimundo caindo duas vezes à divisão de acesso do Amazonão). As partidas entre Manaus e Altos, a primeira marcada para o dia 20/06, devem ser duas das principais atrações da Série C, ao colocarem frente a frente grandes esperanças de sucesso nacional das regiões Norte e Nordeste.  

Campeão paraense, o Paysandu é um dos favoritos ao acesso para a série B –  Foto: John Wesley/Paysandu 

Onde assistir? 

A Série C do Campeonato Brasileiro será transmitida pela plataforma de streaming DAZN. A Band vai cobrir alguns jogos em suas afiliadas regionais, como Band Nordeste, Band Norte e Band interior de São Paulo, de acordo com os times envolvidos na partida.  A TV Nsports também vai passar alguns jogos, através de uma parceria de sublicenciamento com a DAZN. Serão transmitidas cinco partidas por rodada, totalizando 90 jogos na competição. Mas as transmissões dos quadrangulares e das finais são exclusivas da DAZN. 

Auxílio Financeiro 

A CBF anunciou, nesta quinta-feira (27/05), um auxílio financeiro de R$15,8 milhões para os clubes com menor capacidade de geração de receitas, por conta do prolongamento da pandemia da Covid-19. Para os times da Série C, a entidade dará um auxílio de R$200 mil para cada, totalizando um montante de R$4 milhões. Para as Federações Estaduais, o auxílio será de R$120 mil, em um total de R$3.240.000,00. 

Premiação 

Os clubes que disputam a Série C do Campeonato Brasileiro cobram a Confederação Brasileira de Futebol pelo repasse da verba embolsada pela DAZN referente às cotas televisivas. A plataforma de streaming paga R$20 milhões à CBF, que argumenta usar essa verba para organizar o campeonato, mas promete abrir novas conversas com a DAZN para procurar uma solução definitiva. 

Inscrição de atletas 

Os clubes terão o direito de inscrever até 40 jogadores na competição, com prazo até o dia 25 de agosto, podendo substituir, no máximo, oito atletas. A data final de registro é 15 de setembro de 2021. 

Troca de treinadores 

A exemplo das Séries A e B, a Série C seguirá o limite de troca de treinadores entre as equipes. Proposta defendida pela CBF há três anos, a regra foi aprovada por maioria e valerá tanto para clubes que queiram demitir seus treinadores, quanto para técnicos que peçam demissão de seus times. A equipe começará a competição com um técnico inscrito e, caso demita este treinador, poderá inscrever apenas mais um. Em caso de uma segunda demissão, o profissional substituto tem que estar trabalhando no clube há, pelo menos, seis meses. Se o treinador pedir demissão, o time não sofrerá limitação para inscrever um novo. Já o técnico que pedir demissão só poderá ser inscrito por mais uma equipe na mesma competição. 

Nova bola 

A bola oficial da competição é uma das grandes novidades: será da marca Topper, modelo Samba Velocity PRO X. O material apresenta alta resistência, é revestido com poliuretano, traz seis gomos sem costura e é a mesma utilizada na Série B. 

Itens regulamentares 

O Diretor de Competições da CBF, Manoel Flores, apresentou a Diretriz Técnica Operacional da Série C 2021 e fez a leitura dos itens regulamentares. Três questões foram apresentadas por conta da pandemia da Covid-19: os mandos de campos serão remanejados caso o município ou estado de origem esteja impedido de receber os jogos; os estádios seguem sem a permissão de público nas arquibancadas; e as equipes precisam ter um número mínimo de 13 atletas com exames negativos para irem a campo. 

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