Vela continua sendo uma das principais esperanças de medalha brasileira nas Olimpíadas

Foto de capa: Rebeca Doin   

Por Rodrigo Glejzer 

Conhecida como iatismo até os anos 2000, a vela é um dos esportes mais antigos no programa olímpico. Presente na primeira olimpíada da Era Moderna, organizada em 1896 na Grécia, estreou oficialmente apenas em 1900, em Paris, já que a disputa anterior acabou cancelada devido à falta de participantes. Desde então, mais de 47 classes diferentes já estiveram presentes nos Jogos de Verão. 

Crédito: Clara Flávio

As primeiras regatas da Tóquio 2020 acontecerão no dia 25 de julho, domingo, com as classes RS: X, Laser e Laser Radial. A competição acontecerá no Enoshima Yacht Harbour, localizado na cidade de Fujisawa e construído para as Olimpíadas de 1964. As principais chances de vitórias brasileiras estão com o multicampeão Robert Scheidt (Laser), os medalhistas de bronze pan-americanos Gabriela Nicolino e Samuel Albrecht (Foiling Nacra 17), o campeão mundial júnior Jorge Zarif (Finn) e com a dupla Kahena Kunze/Martine Grael (49er FX), primeiro lugar na Rio 2016. 

Regras 

As competições são divididas entre 10 a 12 regatas e acontecem em ambiente aberto e extenso, como mar ou lagoa. A última bateria é conhecida como “corrida pela medalha” e vale o dobro de pontos aos concorrentes. Nesses locais, a organização monta raias triangulares, demarcadas por marcas ou boias a serem contornadas pelos velejadores, que formam uma linha imaginária com dois barcos para determinar o ponto de largada e o de chegada. Todas as embarcações de uma mesma classe devem ter dimensões idênticas para que o resultado seja determinado exclusivamente pelo talento e estratégia dos velejadores. 

Crédito: Clara Flávio

As disputas são classificadas de acordo com o número de tripulantes no barco, com a mastreação e com o número de velas usadas. No final de cada regata são acumulados pontos de acordo com a posição de chegada do barco e o número de punições dada aos atletas, pela comissão de árbitros. As infrações mais recorrentes estão relacionadas ao direito de passagem dos barcos e a forma como os velejadores passam pelas marcas ou boias. As penalidades são dadas durante as regatas e os atletas podem abandonar a corrida caso sejam punidos diversas vezes. Ao contrário das demais competições, na vela vence a competição aquele que acumular o menor número de pontos. 

Regras e princípios básicos do esporte a vela – Foto: Reprodução/Dicionário Olímpico 

Classes 

RS:X é uma classe de windsurf e estreou em 2008 nas Olimpíadas de Pequim. Ao contrário das demais, que são disputadas em barcos, os atletas de RS:X velejam em uma prancha projetada para ser navegada por apenas um tripulante. A embarcação tem apenas uma vela, pesando 30 kg e medindo 2,88m. Dois tamanhos de vela estão disponíveis para os competidores: homens usam uma vela de 9,5m, enquanto as mulheres e jovens usam uma vela de 8,5m. Um dos benefícios da RS:X é a facilidade de transporte, pois o equipamento pode ser levado em aeronaves comerciais como excesso de bagagem, permitindo que os velejadores participem de regatas internacionais com uma despesa mínima, além de permitir o agendamento de múltiplas regatas atendidas por um grande número de velejadores de todo o mundo. Os atuais campeões olímpicos são o holandês Dorian van Rijsselberghe e a francesa Charline Picon. 

Laser estreou nas olimpíadas de 1996 e divide-se em duas modalidades olímpicas: a standard, para os homens, e a radial, voltada para as mulheres. O barco tem 4,23m de comprimento e 59 kg e é tripulado por um único velejador. É a classe mais simples, devido ao baixo custo da embarcação, pois o casco é o mesmo nas duas modalidades, mudando apenas o mastro e a vela. É veloz e pode planar em dias de vento forte. É uma das categorias favoritas de Robert Scheidt, vencedor da Laser em duas oportunidades (ouro em 1996 e 2004). As últimas medalhas de ouro ficaram com o australiano Tom Burton e a holandesa Marit Bouwmeester. 

Finn é a modalidade da vela mais antiga nas olimpíadas, tendo sua primeira competição em 1952 na Finlândia. Assim como a Laser, possui apenas um único tripulante e o barco contém somente uma vela, mas a embarcação da Finn é, ao menos, duas vezes mais pesada (com o casco podendo chegar a 107 kg). É voltada para os atletas peso pesado e em boa forma física. Não possui categoria olímpica feminina. Em 2016, o britânico Giles Scott ficou com o primeiro lugar do pódio.  

De volta à Laser, Robert Scheidt é uma das esperanças brasileiras em Tóquio – Foto: Benoit Tessier/Reuters 

470 teve sua primeira edição nas olimpíadas de 1976 no Canadá. É para dois tripulantes (comandante e proeiro) com a embarcação possuindo três velas e um trapézio, que prende o velejador ao mastro. Sua principal característica é a velocidade e a sensibilidade no movimento do corpo dos velejadores, vital para o manejo correto do barco. Os croatas Šime Fantela e Igor Marenic e as britânicas Hannah Mills e Saskia Clark venceram a competição na última olimpíada no Rio de Janeiro.  

Estreando no cenário olímpico em 2000, nos jogos de Sydney, as classes 49er (masculina) e 49erFX (feminina) também é composta por dois tripulantes. É uma embarcação de competição leve e caracterizada pela velocidade. A relação entre timoneiro e proeiro é fundamental para o 49er, pois para ir rápido, no limite do manejo, o controle do barco precisa ser perfeito já que um erro pode resultar em uma queda e o fim da regata para os velejadores. Os neozelandeses Peter Burling e Blair Tuke e as brasileiras Martine Grael e Kahena Kunze são os atuais campeões olímpicos.  

Foiling Nacra 17 é a classe de vela mais nova em termos olímpicos. Sua primeira competição foi na Rio 2016 a pedido do Comitê Olímpico Internacional (COI). A ideia era adicionar mais “radicalidade” na modalidade já que os barcos tipo Nacra são conhecidos pela sua velocidade exorbitante, podendo chegar a 50 km/h. Inicialmente, a ideia era usar os formatos 16 ou 18, mas, já que nenhum deles permite adicionar recursos de aprimoramento de desempenho como um mastro de carbono e placas de punhal curvas, criou-se o 17 para as Olimpíadas. Também é 250 mm mais comprido, 100 mm mais largo, tem um mastro mais alto e mais área de vela. É o único barco pilotado por duplas mistas. Os argentinos Santiago Lange e Cecilia Sarali entram para a história dos Jogos ao consagrarem-se os primeiros campeões da Nacra 17. 

Martine Grael e Kahena Kunze querem o bi olímpico na classe 49erFX – Foto: Benoit Tessier/Reuters 

Brasil 

Crédito: Clara Flávio

Segundo o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), a vela começou a ganhar espaço no Brasil em 1906, após a fundação do Yacht Club Brasileiro, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. Quatro anos mais tarde, o clube mudou sua sede para Niterói com a primeira prova nacional realizada somente em 1935. 

É a terceira modalidade que mais deu medalhas ao Brasil, atrás apenas do vôlei e do judô. Para Tóquio 2020, Fernanda Oliveira/Ana Barbachan (470), Henrique Haddad/Bruno Benthlem (470), Kahena Kunze/Martine Grael (49er FX), Gabriel Borges/Marco Grael (49er), Gabriela Nicolino/Samuel Albrecht (Nacra 17), Robert Scheidt (Laser), Jorge Zarif (Finn) e Patrícia Freitas (RS:X) serão os representantes brasileiros na vela. 

Calendário (dia e horários locais de Tóquio)

Crédito: Clara Flávio
Crédito: Clara Flávio
Crédito: Thalis Nicotte

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