Luisa Baptista, Vittoria Lopes e Manoel Messias serão os triatletas do Brasil em Tóquio
Foto de capa: Rebeca Doin
Por Júlia Nascimento
Treinamento de férias de praticantes do atletismo. Essa é a origem do Triatlo, modalidade esportiva que inclui natação, ciclismo e corrida. Surgiu em San Diego, nos Estados Unidos, no ano de 1974. E com uma história bastante interessante. Em clube americano de atletismo, foi passada uma planilha de treinos para que tais integrantes seguissem durante seu período de descanso entre competições.
Porém o que não se esperava foi o que ocorreu na volta dessas férias. Os atletas foram submetidos a testes para mostrarem que cumpriram os exercícios físicos em questão. E mostraram não apenas que fizeram sua parte, como também que gostaram da atividade e que queriam mais. Tal planilha continha as seguintes metas: nadar 500 metros na piscina do clube, pedalar 12 km e correr 5 km.
A curiosa história resultou no esporte em questão e em uma das franquias esportivas mais bem-sucedidas do mundo, o Ironman. O inaugural ocorreu em fevereiro de 1978, no Havaí, com a participação de 15 atletas. E foi vencido por um motorista de táxi, chamado John Haley. Com o sucesso do evento, o Ironman não parou mais de acontecer, com frequência anual, sempre no mês de outubro.
Regras
Segundo a União Internacional de Triathlon (ITU), que regulamenta a modalidade desde 1989, as competições oficiais devem apresentar: um quilômetro e 500 metros de natação, 10 quilômetros de corrida e 40 quilômetros de ciclismo. No Brasil, o órgão responsável por amparar o triatlo é a Confederação Brasileira de Triathlon (CBTri).

A largada, as áreas de transição e a chegada das provas devem acontecer no mesmo lugar. Mas é possível que largada e chegada correspondam a pontos distintos em algumas competições, desde que existam duas áreas de transição entre elas. A área de transição consiste no local em que os atletas realizam a troca dos equipamentos para a mudança de modalidade dentro da prova.
Na largada da natação, todos os competidores devem estar lado a lado. Qualquer tipo de nado pode ser utilizado, apenas não sendo permitido que um nadador atrapalhe o outro. Caso ocorra, o atleta deve ficar retido durante 30 segundos na área de transição. No ciclismo, não há uma largada em si, uma vez que a transição é feita assim que os atletas saem da água. A única proibição da etapa é colocar os pés no chão. Também não há largada na corrida. Os atletas, saindo da natação, não podem iniciar a nova etapa descalços, sem camisa ou com a touca e óculos de mergulho.
Já na chegada, ganham premiações (medalhas) os três primeiros a cruzarem a linha. Paula Newby-Fraser, do Zimbábue, é o maior nome do Triatlo mundial. É dona de nada menos que oito títulos de Ironman, fato que a posicionou como “maior e melhor atleta do mundo”, em se considerando o nível de dificuldade e de diversificação de habilidades exigidas pela modalidade.
As distâncias oficiais do triatlo são as seguintes:
Sprint, também conhecida como Short: 750 m de natação / 20 km de ciclismo / 5 km de corrida;
Olímpica, também chamada de Standard: 1.5 km de natação / 40 km de ciclismo / 10 km de corrida;
Longa distância: 3 km de natação / 80 km de ciclismo / 20 km de corrida ou 4,5 km de natação / 120 km de ciclismo / 30 km de corrida;
Mixed Relay (modelo que terá sua estreia olímpica em Tóquio): 300 m de natação / 8 km de ciclismo / 2 km de corrida;
Meio-Ironman, também conhecido como 70.3: 1.9 km de natação / 90 km de ciclismo / 21 km de corrida.
Olimpíadas
A estreia do triatlo em Jogos Olímpicos foi em Sidney 2000, já com as distâncias atuais para cada etapa da prova, de 1.500 m de natação, 40 km de ciclismo e 10 km de corrida. E, logo em sua primeira edição olímpica, o esporte teve grande audiência tanto pela televisão, quanto in loco nas ruas da Austrália, com quase 300.000 pessoas acompanhando ao vivo.
As Olimpíadas de Tóquio 2020 trarão uma novidade na modalidade. Além das tradicionais disputas individuais para as categorias feminina e masculina, haverá uma disputa por equipes, o modelo Mixed Relay. Consistirá em um revezamento misto, composto por dois homens e duas mulheres em cada time.
A maior expectativa para o ouro no Japão cai sobre o francês Vincent Luis. O atleta é o atual campeão mundial com o título conquistado em 2020 na Alemanha. Assim, Vicent disparou na liderança do ranking mundial, indo com moral para a disputa olímpica.

Brasil
Foi em 1981 que o triatlo chegou ao Brasil. Dois anos mais tarde, houve a primeira competição oficial na cidade do Rio de Janeiro. E o país estará representado em Tóquio, entre os homens e as mulheres: Manoel Messias, Luisa Baptista e Vittoria Lopes são os nomes nacionais.
Luisa e Vittoria conquistaram medalhas de ouro e prata, respectivamente, na dobradinha brasileira durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em 2019. Com a primeira ocupando o 28º lugar no ranking olímpico mundial, e a segunda, o 38º, não precisaram esperar o término do prazo de obtenção de pontos via tabela, pois garantiram suas vagas, antecipadamente, no início de junho, quando não puderam mais ser ultrapassadas por adversárias.
Vale destacar que o Brasil esteve presente no triatlo em todas as edições de Olimpíadas desde a inclusão da modalidade no programa, em 2000. Nas últimas três, no entanto, houve apenas participações femininas, com Mariana Ohata em 2008 e Pâmela Oliveira em 2012 e 2016. Jejum masculino que terá fim em Tóquio, com a atuação de Manoel Messias.
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