Moda e game marcam o início da moda no digital

O mercado fashion aposta em novo perfil de consumidor e investe no setor mais lucrativo do mundo. 

Por Flavia Messeder

Criar, consumir e vestir roupas para o meio digital já é uma realidade. Impulsionada principalmente pela indústria dos games, essa tendência atende de forma positiva as expectativas de lucro das indústrias envolvidas, a redução de danos ao meio ambiente e a experiência dos usuários de jogos. 

O atalho de skins (peles que vestem os personagens) já existe há alguns anos, mas a ideia de inserir marcas de roupas conhecidas do mundo físico para compor a estética dos avatares ainda é uma novidade com potencial para arrecadar muito dinheiro. Isso porque cerca de 3 bilhões de pessoas no mundo são usuárias de jogos virtuais, de acordo com a DFC Intelligence — empresa de pesquisa e análise para o setor game — e parte do lucro desse setor vem da compra de skins, que são consumidas pelos jogadores para formar a identidade e a estética do personagem escolhido. 

Um exemplo dessa experiência foi a parceria entre a marca de luxo, Louis Vuitton e o jogo League of Legend (LoL) em 2019. O diretor criativo da grife desenhou modelos de roupas exclusivas para os personagens do game, que também rendeu uma coleção de roupas físicas inspirada no ambiente do jogo. 

Divulgação: Louis Vuitton 

Antes da pandemia afetar a economia global, a indústria gamer movimentou cerca de US$120 bilhões em todo o mundo, considerando o relatório referente ao ano de 2019, divulgado pela SuperData — empresa especialista em análises financeiras do mercado de games. Já o resultado atual, publicado em janeiro deste ano no site Canal Tech, mostra que o rendimento chegou ao valor de US$126,6 bilhões movimentados em 2020, ano de maior impacto social devido a Covid-19. 

De olho nos futuros consumidores, outras marcas estão ganhando destaque por também marcar presença no universo digital nos últimos tempos. No ano passado, a Gucci foi responsável por criar uniformes e até raquetes com o logo da marca para os avatares do jogo de tênis chamado Tennis Clash. Outra marca que já tem o game como alvo é a espanhola Balenciaga,  que apresentou no final do ano passado (2020), a coleção de inverno 2021 por meio do próprio jogo. Especialmente para a ocasião, foi criado um cenário futurístico, em parceria com a Epic Games. Além do jogo, também foi produzido um fashion film em animação 3D.

Balenciaga / Inverno 2021 

Moda brasileira também joga 

Não é só o mercado da moda internacional que está buscando oportunidades no território dos gamers. 72% dos brasileiros são adeptos aos jogos eletrônicos, sendo a maioria de 20 a 24 anos de idade, de acordo com a 8ª edição da Pesquisa Game Brasil (PGB), realizada pelos grupos Blend New Research, ESPM, Go Gamers e Sioux Group. 

A Renner é a primeira empresa do mercado no segmento varejista a investir em uma ação no formato de jogo chamada Renner Play. Em parceria com uma empresa especializada em consultoria para a inclusão das marcas nos games, foi possível criar uma loja virtual dentro do jogo Fortnite, onde acontecem desafios e compras focadas nos usuários. A experiência de frequentar a loja virtual dentro do game está disponível desde o último dia 29 e pode ser vivida de forma gratuita e ilimitada. Para impulsionar a ação, também foram realizadas lives nas plataformas Twitch e Facebook Gaming com a apresentação de influenciadores íntimos da dinâmica dos jogos. 

Teaser Renner Play/Facebook Renner

Outra novidade da conexão entre as duas indústrias foi o clipe da música Modo Turbo, lançado em dezembro do ano passado pelas cantoras Anitta, Luísa Sonza e Pabllo Vittar. Sobre o figurino, em uma coletiva de imprensa, Luísa disse que não houve inspiração de um personagem ou jogo específico, mas sim de todo o universo game. Já Anitta declarou ter se inspirada pelo Free Fire, pois, na época, estava envolvida na experiência do jogo. Para montar a caracterização, Pabllo Vittar se rendeu a um misto de diferentes jogos e estilos, como os animes, por exemplo. No clipe, as protagonistas aparecem vestidas com uma estética de heroínas em um cenário repleto de características games, ilustrado por efeitos especiais. 

Divulgação/Internet

Devido ao avanço tecnológico e a maior parte do tempo com acesso aos smartphones, nasce também a pluralidade de plataformas que permitem à moda explorar diversos caminhos. Pensando no comportamento dos futuros clientes e em articulações inovadoras nos negócios como reflexo da pandemia, as marcas demonstram cada vez mais interesse em dominar o espaço digital, seja dentro da dinâmica game ou até mesmo em seus próprios formatos de divulgação. 

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