Foto de capa: Uta Mukuo/Tokyo 2020
Por Matheus Carvalho
A 16º edição dos Jogos Paralímpicos vai acontecer em Tóquio, no Japão, de 24 de agosto até 5 de setembro e vai contar com aproximadamente cinco mil atletas. Com um ano de atraso de realização devido à pandemia da Covid-19, é a primeira vez em toda a história que ocorrerá em um ano ímpar. Entretanto, a marca Tóquio 2020 permanece por razões comerciais.
O começo
Os Jogos Paralímpicos têm origem em 1948 mas com outro nome, Jogos de Stoke Mandeville. O neurologista alemão Ludwig Guttmann era chefe do Centro Nacional de Traumatismos em Stoke Mandeville, na Inglaterra, e era responsável pela reabilitação de soldados da Segunda Guerra Mundial.
O esporte era parte presente na metodologia de tratamento de Dr.Guttmann e com isso, em 28 de julho de 1948, mesa data de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, ele criou a primeira competição para atletas em cadeira de rodas e nomeou como Jogos de Stoke Mandeville. A primeira edição contou com 16 militares feridos e mulheres que competiram no tiro com arco.
A invenção foi um sucesso e ocorria a cada ano. Se popularizou, até receber o nome atual de Jogos Paralímpicos em 1960. A primeira edição no modelo atual, que acontece a cada quatro anos, ocorreu em Roma, na Itália, com 400 atletas de 23 países.

Primeira participação e medalha brasileira
O Brasil estreou em Jogos Paralímpicos somente na edição de Heidelberg 1972, na Alemanha Ocidental. A delegação brasileira contou com apenas 20 homens. Foi somente nos Jogos seguintes que o país conquistou sua primeira medalha. Em Toronto 1976, o Brasil, com a dupla Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos da Costa, conquistou a prata no Lawn Bowls (semelhante ao que hoje é a Bocha, mas disputada na grama).
Tóquio 2020
Voltando à edição dos Jogos atuais, Tóquio 2020 promete muita emoção, segurança e infraestrutura. Serão disputadas ao todo 22 modalidades: atletismo, badminton, basquete em cadeira de rodas, bocha, canoagem, ciclismo (estrada e pista), esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, goalball, hipismo, judô, levantamento de peso, natação, remo, rugby em cadeira de rodas, taekwondo, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, tiro, tiro com arco, triatlo e vôlei sentado.
Quanto à segurança, principalmente se tratando da Covid-19, não foi decidido até o momento se terá a presença de público nos Jogos Paralímpicos. No dia 8 de junho, o Comitê Organizador de Tóquio 2020 optou por não autorizar torcedores nos Jogos Olímpicos devido ao aumento de casos do vírus na capital japonesa nas semanas que antecederam ao evento. No mesmo dia da decisão, em comunicado conjunto do Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comitê Paralímpico Internacional (IPC), as entidades afirmaram que quanto a presença de espectadores nas Paralimpíadas, a decisão será tomada apenas ao fim dos Jogos Olímpicos, tendo como base a situação de infeccção vigente.
Sobre infraestrutura, os paratletas terão à disposição um excelente complexo de instalações para competirem em solo japonês:
Local de competição | MODALIDADES EM DISPUTA | CAPACIDADE |
---|---|---|
Estádio Nacional | Cerimônias de Abertura e Encerramento Atletismo | 68.000 pessoas |
Yoyogi National Stadium | Badminton Rúgbi em cadeira de rodas | 13.291 pessoas |
Tokyo Metropolitan Gymnasium | Tênis de mesa | 10.000 pessoas |
Musashino Forest Sports Plaza | Basquete em cadeira de rodas (preliminares) | 10.000 pessoas |
Tokyo International Forum | Halterofilismo | 5.012 pessoas |
Baji Koen | Hipismo | 9.300 pessoas |
Musashinonomori Park | Tiro desportivo/Tiro ao Alvo | 7.000 pessoas |
Nippon Budokan | Judô | 14.471 pessoas |
Aomi Urban Sports Park | Futebol de 5 | 5.000 pessoas |
Ariake Coliseum | Tênis | 20.000 pessoas |
Ariake Arena | Basquete em cadeira de rodas (preliminares e finais) | 15.000 pessoas |
Ariake Gymnastics Centre | Bocha | 10.000 pessoas |
Yumenosima Park | Tiro desportivo/Tiro ao Alvo | 7.000 pessoas |
Tokyo Aquatic Centre | Natação | 15.000 pessoas |
Makuhari Messe | Goalball Esgrima em cadeira de rodas Taekwondo Vôlei sentado | 6.000 pessoas |
Odaiba Marine Park | Para-triatlo | 5.000 pessoas |
Sea Forest Waterway | Remo Para-canoagem | 20.000 pessoas |
Asaka Shooting Range | Tiro desportivo | 3.200 pessoas |
Izu Velodrome | Ciclismo de pista | 5.000 pessoas |
Fuji Speedway | Ciclismo de estrada | 22.000 pessoas |
Brasil nas Paralimpíadas
O Brasil vai competir em 20 das 22 modalidades presentes nos Jogos. As exceções são o basquete em cadeira de rodas e rugby em cadeira de rodas. A delegação que ruma à Tóquio será a maior da história do país sem contar a Rio 2016 – 253 atletas: 94 mulheres e 159 homens. A modalidade com o maior número de representantes é o atletismo com 64 paratletas e 18 atletas-guia, seguido da natação com 35.
Falando em natação, é das piscinas que vem o maior medalhista paralímpico brasileiro e que ao final dos Jogos de Tóquio vai se aposentar. Trata-se de Daniel Dias. O nadador, de 33 anos, até Tóquio 2020 disputou três Paralimpíadas e conquistou incríveis 24 medalhas na classe C5, sendo 14 de ouro, sete de prata e três de bronze.

Foto: REUTERS/Sergio Moraes
Com a possível contribuição de Daniel Dias, o Brasil vai aos Jogos com metas a serem alcançadas. O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) estipulou o Top 10 no ranking de medalhas por país e estima a conquista de 60 a 75 medalhas. Uma outra estabelecida é conquistar o centésimo ouro do Brasil em toda a história, que para ser alcançado faltam apenas 13 medalhas. Na Rio 2016, o Brasil conquistou ao todo 72 medalhas, sendo 14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes, o seu melhor desempenho da história. Em posição no ranking por países, ficou na sétima colocação.
Não se acomode! Faltam apenas 15 dias para os Jogos Paralímpicos de Tóquio, que reúne a inclusão social, representatividade e a valorização dos atletas com deficiência. Muitas madrugadas em claro e na torcida pelos atletas Paralímpicos ainda estão por vir.
Um comentário sobre “Se você pensa que os jogos acabaram, vêm aí as Paralimpíadas de Tóquio”