Foto de capa: Rebeca Doin
Por Armando Edra
A história do Goalball inicia-se de forma muito parecida com a de outros esportes paralímpicos, uma atividade desenvolvida para reabilitação de soldados feridos que voltavam da Segunda Guerra Mundial e que hoje se tornou uma modalidade esportiva jogada em mais de 100 países. Os seus criadores, o austríaco Hanz Lorezen e o alemão Sepp Reindle, queriam criar um esporte novo ao invés de adaptar uma modalidade já existente para os padrões paralímpicos.
A modalidade foi apresentada pela primeira vez nos Jogos Paralímpicos de Toronto 1976, como um evento de demonstração, e entrou, oficialmente, no programa paralímpico quatro anos depois, em Arnhem, na Holanda. A competição feminina foi apresentada pela primeira vez nos Jogos de 1984, em Nova York.
O Goalball é um esporte repleto de ataques poderosos, defesas incríveis e estratégias bem elaboradas, que fazem da modalidade uma atração interessante e divertida para o público assistir.
O calendário oficial da competição será entre os dias 24 de agosto e 3 de setembro.
Regras e categorias
O jogo é disputado por duas equipes de três pessoas em uma quadra de 18 metros de comprimento e nove metros de largura. As equipes têm até seis jogadores, mas apenas três estão em quadra ao mesmo tempo. O objetivo é marcar, rolando a bola em velocidade para o gol do adversário, enquanto o outro time tenta bloquear a bola com o corpo. Depois que uma bola é lançada, os jogadores de defesa têm 10 segundos para devolver a bola após um deles tocá-la.

A bola é feita de borracha dura e chega a ter 76 centímetros de diâmetro, pesando 1,25 kg, além de possuir orifícios que permitem que os sinos presentes no interior da mesma possam ser ouvidos enquanto ela se move. Os gols se estendem por toda a largura da quadra em ambas as extremidades e têm 1,3 metro de altura. A equipe que marcar mais gols é a vencedora.
As partidas são divididas em dois tempos de 12 minutos cada, e uma regra de “gol de ouro” é usada se o jogo entrar na prorrogação, que tem dois tempos de três minutos. Se o placar ainda estiver empatado no final desse tempo a mais, lances extras decidirão o vencedor.
Qualquer ruído desnecessário feito por um executante desde o ato do lançamento até que a bola toque o jogador da equipe defensiva resultará em penalização. Os atacantes devem ficar quietos até que a bola toque o adversário. Eles podem lançar algumas bolas que quicam na quadra, enquanto lançam outras mais rápido ou mais devagar para enganar seus oponentes.
Os defensores devem se esforçar para localizar a bola ouvindo os sinos dentro dela, os passos do atacante e o movimento da bola. Eles, então, se deitam do outro lado do pátio para formar uma parede. A chave para uma defesa eficaz é a cooperação para cobrir o alvo sem lacunas.

A equipe técnica analisa os padrões de ataque e defesa dos adversários e desenvolve táticas. Seus integrantes são proibidos de falar durante o jogo, mas transmitem informações durante os tempos debitados e no intervalo. Já os espectadores devem ficar quietos durante o jogo para que os jogadores possam ouvir com clareza o som da bola e uns aos outros, mas eles estão livres para torcer quando um gol é marcado.
Nesta modalidade, os atletas deficientes visuais das classes B1, B2 e B3 competem juntos. Todas as classificações são realizadas por meio da mensuração do melhor olho e da possibilidade máxima de correção do problema. Todos os atletas, independentemente do nível de perda visual, utilizam uma venda durante as competições para que todos possam competir em condições de igualdade.

Perspectivas da Modalidade

A Seleção masculina da Lituânia e a feminina da Turquia, medalhistas de ouro do Rio 2016, estão entre as equipes mais proeminentes do esporte hoje e são as principais rivais dos brasileiros, que buscam o inédito ouro paralímpico na modalidade.
No Brasil, a modalidade começou a ser disputada somente em 1985 e tinha pouca tradição no cenário competitivo, mas, há 10 anos, nossa categoria masculina começou a mudar esse panorama com o ouro no Pan de Guadalajara, em 2011. Hoje, mesmo ainda sem muita atenção, nossas seleções masculina e feminina estão entre as maiores potências da modalidade no mundo.
O domínio brasileiro é absoluto em Parapan, com seis medalhas, sendo cinco douradas. Em Londres 2012, veio a primeira medalha paralímpica de prata e, na Rio 2016, ganhamos o bronze. Em 2019, times masculino e feminino foram campeões em Lima 2019, e hoje a seleção masculina é a líder do ranking mundial, enquanto a feminina é a terceira melhor do mundo.
Além disso, a equipe masculina também é bicampeã mundial (2014 e 2018), e a das mulheres já conquistou o bronze, sua primeira medalha na competição, na última edição do Mundial.
