Foto de capa: Rebeca Doin
Por Matheus Hartmann
O halterofilismo paralímpico é uma modalidade esportiva que tem como objetivo testar a força de membros superiores de seus atletas. Difere da prática olímpica por trabalhar com a força máxima, ao invés de força explosiva. Parece não haver tanta mudança, mas o treinamento é, completamente, diferente em um e outro.
A modalidade praticada, exclusivamente, por atletas com deficiência segue as regras do World Para Powerfliting, vinculado ao Comitê Paralímpico Internacional (IPC). O exercício utilizado é o supino, no qual é possível que o praticante empurre uma carga até três vezes o seu peso corporal.

Alguns exemplos de atletas aptos para competir nesta modalidade, que aceita diversas deficiências, são aqueles com: diferença no comprimento dos membros inferiores, nanismo, hipertonia, ataxia, atetose, entre outros. E as causas podem ser: poliomielite, paralisia cerebral, amputação ou lesão de medula espinhal, lesões medulares (cadeirantes ou não), amputados, pessoas com diferentes comprimentos de pernas e atletas com baixa estatura.
Sobre a segurança, por se tratar de um esporte em que há a possibilidade de muito peso na barra, alguns pré-requisitos de segurança são indispensáveis, como, por exemplo, que tenha os dedos da mão, e que essa mão agarre toda a barra.
A divisão dos atletas no halterofilismo é feita pelo peso corporal dos atletas. Essa pesagem ocorre antes do início do período da competição. As categorias de peso são: masculino de 49 kg até +107 kg (10 categorias); e feminino de 41 kg até +86 kg (10 categorias).
A MODALIDADE NAS PARALIMPÍADAS
Sua primeira participação nas Paralimpíadas ocorreu em 1964, também em Tóquio. Naquela época, apenas homens com lesão de medula espinhal puderam participar, e o paradesporto era conhecido como weightlifting. Em 1989, criou-se o World Para Powerfliting, e esse tornou-se o responsável pelas regras da modalidade.

Durante a trajetória paralímpica do esporte, é possível destacar três momentos cruciais. O primeiro ocorreu nos Jogos de Seoul (1988), pois a Coreia do Sul foi o primeiro país-sede a assumir a organização tanto dos Jogos Olímpicos quanto Paralímpicos – desde então, ambos são sediados na mesma cidade. Os donos da casa tiveram também no halterofilismo um bom desempenho, surpreendendo países mais tradicionais na modalidade ao conquistar seis medalhas.
Já em Barcelona 1992, os avanços tecnológicos da época, somados às mudanças de transmissão televisiva e apoio de grandes empresas, compuseram o cenário adequado para o processo de espetacularização do esporte.
Com isso, nas Paralimpíadas de Atlanta (1996), já se sabia que o esporte era praticado em todos os continentes. Mas foi só em Sydney 2000 o início da participação feminina na modalidade. As mulheres, assim como na maioria dos esportes olímpicos e paralímpicos, tiveram a sua inserção tardia também no halterofilismo. Os “Jogos do novo milênio” carregaram essa responsabilidade e levantaram a possibilidade de erradicar o preconceito em relação à prática esportiva das mulheres. Nesta edição, Terezinha Mulato se tornou a primeira mulher a representar o Brasil na modalidade e terminou com a oitava colocação.


Importante observar como foi rápido o crescimento do halterofilismo adaptado. Nas Paralimpíadas de Barcelona (1992), foram 25 participantes; na sequência, em Atlanta, eram 58; em Sydney, já eram mais de 100; e, em Atenas, foram 249 atletas. Atualmente, são cerca de 5.500 atletas ranqueados no mundo e, destes, mais de 1.250 são mulheres. Tal aumento se deve, provavelmente, à capacidade de superação que o halterofilismo adaptado promove em seus praticantes, tornando-se inspiração para outras pessoas que decidem também iniciar a prática.
NO BRASIL
Os primeiros registros da prática da modalidade no Brasil são do início da década de 1990. Os responsáveis por este feito foram a Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (ANDEF/RJ), Associação Brasileira de Desportos de Cadeira de Rodas (ABRADECAR) e a Associação Brasileira de Desportos para Amputados (ABDA), pois, em 1993, promoveram o primeiro Campeonato de Halterofilismo Adaptado no país. Tais entidades também foram fundamentais para a promoção e fomento de outras modalidades paralímpicas.

Hoje o halterofilismo é praticado em mais de 50 países e segue crescendo em todo o mundo. O Brasil faz parte deste crescimento e vem evoluindo junto com o esporte. Uberlândia tem grande importância nacional por ser o primeiro centro de treinamento da modalidade e por revelar paratletas promissores.
DELEGAÇÃO E EXPECTATIVAS
Com cinco homens e duas mulheres, o Brasil tem sete classificados para Tóquio 2020 no halterofilismo. E a chance de medalha é bem alta. Destaque para Evânio Rodrigues da Silva, único medalhista brasileiro no esporte com a prata na Rio 2016.

Além de Evânio, vale ficar de olho em Lara Aparecida e Mariana D’Andrea. Lara, de apenas 18 anos, conquistou duas medalhas na categoria até 41kg durante a etapa da Copa do Mundo, em Tbilisi (Geórgia), realizada em maio deste ano. Ela ganhou o ouro na categoria júnior – com direito a quebra de recorde das Américas – e o bronze na categoria adulta. Já Mariana é a atual líder do ranking mundial na categoria até 73kg.
A jornada será bem acirrada. Países como China, Coreia do Sul, Egito, EUA e Nigéria possuem atletas gabaritados. Mas fiquem tranquilos, os brasileiros convocados estão entre os melhores do ranking em suas respectivas categorias. Todos os halterofilistas treinam em um dos Centros de Referência implementados pelo CPB em cidades brasileiras.
No masculino, teremos João Maria França Júnior (até 49kg), Bruno Carra (até 54 kg), Ailton Bento de Souza (até 80kg), Evânio Rodrigues da Silva (até 88 kg) e Mateus de Assis Silva (até 107 kg). No feminino, Lara Aparecida de Lima (até 41 kg) e Mariana D’Andrea (até 73 kg).
O halterofilismo estreará nos Jogos Paralímpicos no dia 25 de agosto a partir das 23h, no horário de Brasília, e vai até o dia 30 do mesmo mês. As disputas acontecerão no Fórum Internacional de Tóquio.
