Saúde mental: efeitos da pandemia na mente dos brasileiros 

Foto de Capa: Pixabay

Por Nathália Machado e Rafaela Alves 

Em meio a tantos impactos que a pandemia do coronavírus causou na humanidade, a saúde mental foi atingida em cheio por conta da preocupação e do medo. A crise sanitária tem durado mais de um ano e deixado marcas psicológicas na mente das pessoas. 

O Brasil é considerado o país com maior incidência de depressão da América Latina e também o mais ansioso do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), e a pandemia trouxe ainda mais prejuízos psicológicos aos brasileiros. 

Um estudo divulgado no último mês pelo laboratório Pfizer mostra que 39% das pessoas entre 18 e 24 anos afirmaram que a saúde mental ficou “ruim” no período de pandemia e 11% responderam que ficou “muito ruim”.  

Apesar da maioria dos entrevistados ter um parecer positivo sobre a própria saúde mental, a pesquisa mostra que muitas pessoas têm indicativos de depressão e ansiedade, como tristeza, irritação e insônia. Os motivos relatados são por dívidas e/ou situação financeira, o medo de pegar covid-19 ou a morte de alguém próximo. 

Tratamento psicológico na pandemia 

Em abril deste ano, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) comentou que 59% de seus associados viram aumento de até 25% nas consultas no período e 82,9% viram agravamento dos sintomas em pacientes. 

A psicóloga Débora Guimarães relatou que suas consultas têm aumentado, e comentou alguns efeitos que a pandemia trouxe na mente das pessoas: “Não podemos generalizar, mas em muitos casos, a pandemia potencializou sentimentos já existentes. Acredito que a insegurança, medo e a ansiedade são os principais”, conta. 

A Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, também alertou que as reações mais comuns sentidas pelas pessoas foram  medo de ficar doente e morrer, medo de perder a fonte de renda, ansiedade e estresse por conta de notícias falsas. 

Débora também recomenda a terapia e enfatiza a sua importância nesse momento: “O acompanhamento psicológico, independente do contexto, sempre é bem vindo. No entanto, desde o início da pandemia é de suma importância, já que muitas pessoas não estão sabendo lidar com os sentimentos que estão aflorando”. 

A estudante Mariana Portella começou a fazer terapia durante a pandemia, já que começou a apresentar sinais de ansiedade. “Assim como para todo mundo, eu fiquei muito assustada com a chegada do coronavírus. No início, a gente nem sabia como funcionava direito, foi difícil demais ter que ficar afastada da minha família e amigos.” 

“Eu tive muito medo, parecia, e ainda parece, filme de terror. Para piorar tudo, perdi meu pai para covid-19. Comecei a ter crises de ansiedade e pânico e precisei procurar ajuda”, conta.  

Para complementar o tratamento psicológico, Mariana começou a se exercitar: “Como continuo respeitando o distanciamento social, comecei a me exercitar em casa mesmo, por recomendação da minha psicóloga. Me ajudou demais”, completa. 

A estudante Joana SantAnna, de 26 anos, também começou o tratamento psicológico na pandemia, mas antes da chegada da nova doença, a jovem já sentia taquicardia e sintomas físicos.  

“Semanas antes de estourar a pandemia, eu tinha ido a uma emergência, achando que eu estava tendo um infarto, mas eu já estava com transtorno de ansiedade. Com a pandemia, isso se agravou muito. Eu tinha sensações de que eu ia morrer várias vezes ao longo do dia. Eu decidi fazer terapia porque já estava extrapolando de todos os limites”, comentou. 

A estudante enfatiza a importância da terapia na sua vida e comenta que hoje, graças ao que aprendeu, não tem mais crises de ansiedade. 

A psicóloga Débora Guimarães acredita que a pandemia veio para mostrar que saúde mental importa, mas também reconhece que “para muitos, essa sinalização passa longe, basta olhar para os comportamentos apresentados com aglomerações em bares e festas”. 

Setembro Amarelo: suicídio e doenças mentais 

Foto: Alex Blogoodf

Uma iniciativa que fala sobre doenças mentais é o Setembro Amarelo, a campanha nacional de conscientização sobre o suicído, organizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina desde 2014. O objetivo é falar sobre o tema e enfatizar a importância da prevenção para salvar vidas. 

Para participar do movimento e conhecer o assunto, basta acessar o site oficial e compartilhar os materiais disponíveis. O CVV – Centro de Valorização da Vida, também é engajado na causa e compartilha informativos e canais para atender pessoas que estão buscando ajuda e não querem se identificar. 

Precisa de ajuda? 

O CVV realiza apoio emocional gratuito para todo o Brasil, 24 horas por dia, todos os dias e sob total sigilo pelo telefone 188 e e-mail ou chat disponibilizados no site www.cvv.org.br

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