Outubro Rosa: a realidade de mulheres que enfrentam o câncer de mama 

O câncer de mama é o tipo de tumor que mais atinge e mata mulheres no Brasil, e outubro é o mês da campanha de conscientização sobre a doença 

Foto de Capa: Pixabay

Por Rafaela Alves e Breno Braga

Outubro é conhecido como o mês do Outubro Rosa, uma campanha internacional de conscientização e prevenção contra o câncer de mama e o câncer de colo de útero. O movimento deseja alertar mulheres e a sociedade acerca da doença, que é o tipo de câncer mais comum e o que mais mata mulheres no Brasil. 

Em 2020, foram registrados 66.280 novos casos de câncer de mama em mulheres, e 18.068 óbitos de mulheres pela doença, segundo o INCA – Instituto Nacional de Câncer. O tumor atinge, principalmente, mulheres acima de 50 anos e na menopausa. 

De acordo com dados divulgados pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, o câncer de mama foi o tipo mais diagnosticado em 2020, ultrapassando o câncer de pulmão, com pouco mais de 2 milhões de casos no mundo, representando 11,7% do total. Mas o câncer de mama é o quinto na lista dos mais letais, contabilizando 627 mil mortes em 2018, segundo a OMS. 

Jackeline Pires, de 48 anos, pedagoga, foi diagnosticada com câncer de mama em 2017 e teve que fazer mastectomia, removendo toda a mama esquerda. Tudo começou quando ela fez o autoexame depois do período menstrual e percebeu uma gotícula na cor marrom saindo do bico da mama.  

O câncer foi descoberto em um estágio inicial, por isso ela ficou confiante no tratamento e começou imediatamente. A pedagoga enfatiza o apoio que recebeu do marido, que considera o seu “parceiro, companheiro e amor”.  

Jackeline com o seu filho e seu marido. Foto: Arquivo Pessoal

Jackeline com seu filho e seu marido. Apesar de ter removido uma mama, Jackeline se manteve forte e esperançosa, pois faria a reconstrução da mama. No decorrer de seis meses de tratamento, entre quimioterapias e radioterapias, ela teve que cortar o cabelo, que foi o momento mais dolorido. Jackeline comenta que a realidade que as mulheres com essa doença enfrentam era desconhecida por ela: 

“Eu não entendia muito bem. Era uma coisa muito nova pra mim. Eu nunca quis saber dessa doença quando falavam. Nunca pesquisei sobre isso, porque é muito constrangedor, muito triste”.  

Jackeline antes e depois do diagnóstico e tratamento. Fotos: Arquivo Pessoal 

Jackeline teve o reaparecimento dos nódulos no quadril direito e no pulmão em outubro do ano passado, no mês da campanha de conscientização sobre o câncer de mama. Há um ano ela faz um tipo de tratamento oral com remédios que devem ser tomados a vida toda, mas garantem bem estar ao paciente.  

Apesar da recidiva, Jackeline se mantém otimista, com fé em Deus e feliz, apesar de se sentir abatida em alguns momentos. Para a pedagoga, é preciso continuar, “viver a vida, viver como se fosse o último dia”. 

Ela realiza exame de seis em seis meses para detectar algum nódulo no corpo e está à espera de alguns nesta semana: “Esperamos os exames para levar pros médicos, e eu creio que já deu tudo certo novamente”, diz. 

Marcia Luiza, de 50 anos, é enfermeira e trabalhou durante alguns anos em hospitais públicos e privados que realizam o diagnóstico e o tratamento de câncer de mama. A enfermeira afirma que é muito difícil para uma mulher receber o diagnóstico: “Tem umas que aceitam, confiantes no tratamento, e outras ficam em depressão, mas isso varia de acordo com o apoio que a família vai dar a essa mulher”. 

A enfermeira enfatiza a importância do diagnóstico precoce, que começa pelo autoexame, e depois uma ida ao médico ao descobrir um caroço, secreção ou outras anomalias na mama. Márcia ainda comenta o “apoio moral, sentimental, psicológico e espiritual” que as enfermeiras e toda a equipe hospitalar podem dar à paciente. Em um dos hospitais em que trabalha, Márcia conta que as mulheres são assistidas, acolhidas, fazem terapia coletiva e possuem atendimento psicológico. 

Foto: Wikimedia/Raphseck

Hábitos saudáveis e a prevenção contra o câncer de mama 

cartilha publicada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) enfatiza a prevenção através de hábitos saudáveis, citando como fatores de risco a inatividade física, o tabagismo, o abuso do álcool, a alimentação inadequada e sobrepeso,  aconselhando a redução do consumo de carne vermelha e de alimentos processados com conservantes, dando preferência por vegetais locais, mas agrotóxicos e alimentos orgânicos não são mencionados, pois conforme publicado no site do INCA, não há evidências conclusivas sobre o efeito do consumo de alimentos produzidos com agrotóxicos e o risco de câncer. 

A relação com o câncer permanece inconclusiva  porque a indústria dos agrotóxicos junto com o lobby governamental manipulam a informação para criar divergência sobre o tema, tanto com financiamento de estudos que provam a segurança das substâncias quanto com o aparelhamento dos órgãos reguladores e de fiscalização para controlar os dados divulgados ao público, como demonstrou a jornalista francesa Marie-Monique Robin, diretora do documentário “O mundo segundo a Monsanto” de 2008. 

Em reportagem especial intitulada “Veneno invisível”, publicada no UOL sobre o consumo de agrotóxicos no Brasil, a Biomédica, toxicologista e pesquisadora da Escola de Saúde Pública da Fiocruz, Karen Friedrich, faz uma comparação com os fabricantes de tabaco que negavam que o produto causasse câncer, e destaca o efeito cumulativo dos 7 litros de um coquetel de agrotóxicos ingeridos anualmente pelos brasileiros, de acordo com levantamento feito pela Fiocruz.  

Autoexame: como fazer 

O autoexame é fundamental para a descoberta da doença em estágio inicial. Cerca de 80% dos tumores de mama são descobertos pelas próprias mulheres. O recomendado é que todas as mulheres acima de 20 anos se auto examinem, procurando caroços ou anomalias nas mamas. O ideal é fazer sete dias após o início da menstruação, e mulheres na menopausa devem realizar uma vez por mês. 

Para realizar o auto exame, é necessário: 

  1. Olhe para os dois seios em frente ao espelho e deixe os braços caídos; 
  1. Ponha as mãos na cintura e faça força; 
  1. Coloque as mãos atrás da cabeça e observe o tamanho e forma do mamilo; 
  1. Pressione levemente o mamilo e veja se há secreção. 

Em pé, você pode: 

  1. Levantar o braço esquerdo e apoiar sobre a cabeça; 
  1. Examinar a mama esquerda com a mão direita; 
  1. Usar a ponta dos dedos para analisar devagar o seio; 
  1. Sentir a mama; 
  1. Fazer movimentos circulares, de cima para baixo; 
  1. Fazer esse passo a passo na outra mama. 
Foto: Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG)

Os exames de mamografia devem ser feitos anualmente por mulheres acima de 40 anos, independente do auto exame não ter indicado nada. Os dois são essenciais para que essa doença tão comum e constrangedora para mulheres possa ser vencida. 

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