Por Carlos Gabriel Tolêdo

O Dia Internacional das Mulheres é uma data histórica que representa a luta feminina ao redor do mundo. Porém, diferente de como muitos pensam, o dia 8 de março não é uma data de comemoração, mas sim uma data de resistência. Nesse dia tão importante, a FACHA trouxe as jornalistas Suzana Liskauskas, Carolina Morand e Silvana Maciel para falar sobre experiências profissionais e situações pessoais que sofreram por serem mulheres. A palestra foi mediada pela professora e coordenadora do curso de Jornalismo Ivana Gouveia.

Silvana Maciel foi quem deu o pontapé inicial para o evento. A jornalista aposentada, que se formou na FACHA, conta que estudou para trabalhar com rádio e trabalhou em veículos como Manchete, Tupi e Globo. Silvana contou que o ambiente em que trabalhava era muito masculino, que tinha que se impor para ser ouvida e até ganhou apelidos por causa disso. A jornalista, que adorava trabalhar com pautas policiais, comentou sobre um episódio em que foi deixada sozinha em uma sala no IML com um corpo. Silvana ainda diz que passava por mais dificuldades por ser não só mulher, mas uma mulher preta – “Tinha que ter sangue de Maria Bonita” – e complementou dizendo ter uma grande admiração por Glória Maria, ícone do jornalismo que nos deixou em fevereiro deste ano.

Em seguida, falou Carolina Morand. A  jornalista formada na UFRJ, também trabalha com rádio (até trabalhou ao lado da Silvana), faz parte do programa Ponto Final e participa de um podcast na Rádio Globo. Quando entrou para a rádio, Carolina disse que recebia comentários maldosos sobre a capacidade dela, como por exemplo: “Até que ela é boa”, mas que na época não enxergava como machismo.  Explicou também o desafio  que toda mulher passa dentro de um ambiente machista e que esse sistema está tão estruturado que as mulheres não têm confiança em si mesmas. A jornalista ainda comentou sobre companheiros de trabalho que, ao chegar no escritório, cumprimentavam-na com um beijo na nuca e como estratégia contra o assédio diz que,  “sabia a hora que ele chegava e ia para o banheiro”.

Silvana e Carolina  comentaram sobre quando ficaram grávidas e que não sabiam se iam continuar com o emprego após o período da licença. Carolina disse que conseguiu permanecer com a ocupação, mas ressalta que muito provavelmente foi porque sua chefe também era uma mulher. Suzana  manteve seu emprego, mas brincou ao dizer que foi colocada para trabalhar no escritório por causa do tamanho da sua barriga.

Com a palestra chegando ao fim, quem ficou responsável pelo microfone foi Suzana Liskauskas. A jornalista,  formada na UFRJ, surpreendeu a todos dizendo que queria fazer Medicina e até mesmo cogitou Engenharia Naval, mas que, por ser muito comunicativa e ter uma boa escrita, conhecidos a disseram para cursar Jornalismo. Passando pelo Globo Ciência, O Dia, Jornal do Brasil e até voltar para o Globo, Suzana ressaltou que quem entra em redação e gosta daquilo, a pessoa não sai mais: “de fato, você não sai”. Ao falar de algumas experiências que viveu, a jornalista exaltou que o lugar onde mais enfrentou machismo foi dentro da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). “A gente pegou chefes que davam um abraço que a mãozinha encostava nos seios”, comentou. “Era um ambiente muito masculino. Homem, hétero e branco”. A jornalista explicou também que recebeu vários apelidos por ser muito rígida. “ A mulher quando exige, é o Capitão Nascimento, O Diabo Veste Prada, mas o homem é o competente. Por quê?” 

Já no final da palestra a professora Ivana pediu para as convidadas darem conselhos aos meninos dessa geração. Suzana e Carolina se complementaram dizendo para nunca subestimar uma mulher e nunca dizer  “você não entende disso” e a Silvana finalizou dizendo que “Tudo se resume a respeito”. 

Para mais detalhes de como foi esse evento, você pode acessar o link abaixo e conferir na íntegra.