Por Fernanda Iacovo foto: Shutterstock
O que caracteriza o bullying são repetidas formas de agressão postas em prática, podendo ser elas: físicas, psicológicas e verbais, e na maioria das vezes se encontram todas juntas. Esse comportamento acontece dentro do ambiente escolar, e é efetuado por um indivíduo ou grupo que opta por humilhar outro indivíduo, de maneira sistemática e frequente.
O(s) agressor(es) geralmente procura(m) um alvo fácil, que o faça se sentir superior, mais forte e/ou poderoso.
Vale lembrar que fora do âmbito escolar, esta prática, que envolve xingamentos, humilhação pública e maus tratos em geral, é classificada como assédio, tanto moral quanto sexual, stalking e assédio virtual.
O bullying é uma representação da sociedade, um indivíduo que projeta no outro suas frustrações, sua vivência, uma criança ou adolescente que reproduz o que vê, escuta e sente a partir daquilo que o cerca.
Segundo a psicóloga Maria Cristina Chagas, da FACHA, Faculdades Integradas Hélio Alonso, o bullying pode ser classificado como: direto e indireto. O direto é aquele que é praticado na presença da vítima, já o indireto ocorre quando a vítima não se encontra presente, como uma fofoca que acontece sem que a pessoa agredida saiba, o que pode gerar grandes repercussões, e de maneira negativa obviamente, como discriminação, exclusão social e até perda de emprego, dependendo da gravidade da situação.
Além disto, há o cyberbullying que advém das redes sociais, um fenômeno extremamente tóxico por se manifestar no ambiente virtual, o qual não contém uma inspeção diária, sendo uma área onde não há conscientização sobre o assunto ou debates saudáveis, onde as pessoas humilham, discriminam, julgam outros indivíduos por simplesmente não saberem se colocar no lugar do outro, não praticar a empatia e assim não saber lidar com as diferenças. O ser humano não suporta a ideia de que o outro pode lhe revelar algo que ele mesmo não tenha consciência, e isso mostrar uma fraqueza ou fragilidade. O indivíduo tem medo do novo, do que é diferente, do que pode lhe causar estranheza.
Comparando os dias atuais com as décadas de 1950, 1960 e 1970, constata-se que antigamente não era dada atenção para como tais formas de discriminação repercutiam no indivíduo. O bullying era visto como algo normal, pertencente ao desenvolvimento infantil. Essa mentalidade ainda é mantida pela desinformação que se propaga no convívio social, como uma brincadeira ou comportamento normal, sem se atentar para os danos que isso pode causar. Dominantes se destacam pela força sobre os dominados, de maneira covarde, como uma relação de poder, propagando a crença de que o erro está na vítima que não consegue se defender sozinha, podendo dar origem a comportamentos extremamente nocivos, que hoje a sociedade tanto luta para romper, como o machismo por exemplo. O clichê “homens não choram” contribui para este padrão de comportamento.
É necessário estar atento ao fato que leva uma criança ou adolescente a cometer bullying. Muitas vezes o agressor já foi vítima e o sentimento de rejeição não foi trabalhado com um profissional da área da saúde ou mesmo acolhido por familiares ou pelo ambiente escolar, o que gera grandes estragos emocionais e psíquicos, fazendo do oprimido um opressor. Como exemplo há o caso do massacre do Colégio Goyases, ocorrido no dia 20 de outubro de 2017. Um aluno de 14 anos deste colégio particular situado em Goiânia, Goiás, levou uma pistola que pertencia à sua mãe, de calibre 40, para a sala de aula e efetuou os disparos. A coordenadora da escola conseguiu convencer o estudante a travar a arma, apesar do caos já gerado.
No total foram dois mortos e quatro feridos. Após ser detido, o autor do massacre revelou que sofria bullying por parte de um dos colegas. O autor do crime foi preso e condenado a cumprir três anos de medida socioeducativa em instituições voltadas para o tratamento de jovens infratores.
De acordo com a pedagoga Tatiane Maia de Freitas, formada pela UFRJ e mestranda pela UERJ, cabe à sociedade em geral, refletir como educar as crianças e adolescentes, assim como as instituições escolares serem responsáveis pelo apoio pedagógico, proporcionando um ambiente acolhedor. Pois o sofrimento de uma criança pode se tornar um trauma que ela irá carregar por toda a vida. Além disso, se não houver a conscientização de que uma pequena ação nociva pode reverberar em inúmeras crianças/adolescentes e ser capaz de adoecer o coletivo, a população continuará vivendo em um inconsciente coletivo egoísta, hipócrita e perverso.
Vídeo impactante que gerou grande comoção mundial, em que criança australiana que sofre de nanismo é vítima de bullying.
😍😍
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matéria muito bem escrita e pauta importantíssima.
Parabéns, Fe!
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Parabéns Fernanda!!! Muito bem escrito!
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