Por Diego Cataldo
Aos cinco anos de idade, o pequeno Anderson Silva, paulistano radicado em Curitiba, começou a treinar Taekwondo e sem saber começava ali a sua história no MMA. Anderson conquistou a faixa preta aos 18, assim como a graduação máxima em Muay Thai, na equipe formada pelo Mestre Fábio Noguchi, e faixa preta em jiu-jitsu, na academia dos irmãos Nogueira.
Apesar do talento para as lutas, Anderson queria mesmo era ser jogador de futebol. Em São Paulo, para passar férias, o lutador se aventurou em um teste para as categorias de base do Corinthians, mas quis o destino que ele se atrasasse e perdesse o teste. Desolado, ficou perambulando pelas dependências do clube até ser chamado pela equipe de boxe para acompanhar um treino. E ficou.
Imerso no mundo das lutas, os primeiros passos de Anderson Silva nas competições foram em Lençóis Paulista, onde sagrou-se campeão do torneio e foi convidado para lutar no Meca (torneio realizado em Curitiba (PR) e Teresópolis (RJ) entre os anos de 2000 e 2005, que voltou a acontecer em 2008). As impressionantes atuações do lutador chamaram a atenção de promotores internacionais, que o levaram para atuar fora do Brasil.

A estreia no cenário internacional foi no Shooto (primeiro evento de vale tudo realizado no Japão, criado no fim da década de 1980 e que revelou grandes nomes do MMA). Anderson venceu a luta contra Tetsuji Kato, por decisão unânime dos juízes. Com um cartel curto, mas recheado de vitórias, Silva teve sua primeira oportunidade de disputa de um cinturão. No mesmo Shooto, o brasileiro venceu Hayato Sakurai e pegou a escada para o paraíso.
PRIDE E CAGE RAGE
No início dos anos 2000, o Pride era o maior evento de MMA do planeta. Anderson estreou em junho de 2002, com uma vitória contra o americano Alex Steibling. Na sequência, foi a vez do japonês Alexander Otsuka e do canadense Carlos Newton virarem “passageiros da agonia” nas mãos dele. Em alta com nove vitórias seguidas no seu cartel, o brasileiro sofreu seu primeiro revés no Pride 28, quando foi finalizado pelo japonês Daiju Takase com apenas oito minutos de luta.

Fora do Pride, o brasileiro passou a fazer parte do cast do Cage Rage, onde conquistou seu segundo cinturão de expressão internacional ao derrotar Lee Murray, em setembro de 2004, na Inglaterra. Neste mesmo ano, Silva retornou ao Pride, mas foi novamente derrotado na competição. Ryo Chonan finalizou Anderson com uma chave de calcanhar no terceiro round.
Novamente no Cage Rage, defendeu seu cinturão por duas vezes contra Jorge Rivera e Curtis Stout, vencendo as duas. No início de 2006, o brasileiro se aventurou no Rumble On The Rock 8 contra Yushin Okami, mas foi desclassificado da luta após chutar o rosto do japonês – o que era proibido pelas regras da competição.
Em 22 de abril de 2006, Anderson Silva carimbou seu passaporte rumo à glória. Ao vencer Tony Fryklund, no Cage Rage, com uma cotovelada espetacular com apenas dois minutos de luta, o brasileiro foi convidado para integrar o cast do UFC.
UFC: da glória à queda
A ascensão de Anderson Silva no UFC foi meteórica. Ainda em 2006, em junho, o brasileiro estreou no evento e impôs um recorde à sua promissora história. No Ultimate Fight Night 5, venceu Chris Leben com apenas 49 segundos de luta, transformando-a na luta mais rápida de sua carreira. Com a moral lá no teto, Anderson foi para sua primeira disputa de cinturão em outubro daquele mesmo ano. O oponente, Rich Franklin, foi escolhido através de uma enquete no site do UFC. Franklin era o campeão dos pesos médios. Era. Em uma luta avassaladora, Silva venceu Franklin no segundo round por nocaute. Assim, sagrava-se campeão dos pesos-médios do UFC três meses após ser contratado pela organização.
A partir de então, o brasileiro começou a escrever a sua história como uma lenda no esporte. Foram ao todo 14 defesas de cinturão e lutas memoráveis, como a já citada estreia contra Leben; a segunda defesa do cinturão em duelo com Marquardt; o também já citado duelo contra Franklin; a luta contra Lutter; a unificação dos títulos contra Henderson; a aula de MMA contra o ex-campeão Griffin; e os épicos duelos contra Chael Sonnen e Vítor Belfort.

O conto de fadas durou pouco mais de seis anos até que seu caminho cruzou com o algoz Chris Weidman. Em 6 de julho de 2013, o brasileiro viu seu castelo ruir ao ser derrotado pelo então inexperiente lutador americano. Silva vinha de 17 vitórias seguidas e 10 defesas de cinturão, mas os números não entram no octógono. No UFC 162, Anderson foi apresentado ao nocaute.
Muito se falou sobre uma soberba do brasileiro durante o combate, fato esse negado pelo lutador ao alegar que o excesso de firulas fazia parte da sua estratégia de luta. “Às vezes funciona, às vezes não”, declarou. O pós derrota também levantou a discussão sobre a aposentadoria de Silva, que negou a intenção de uma revanche contra Weidman. No entanto, Dana White, chefão da organização, anunciou “a maior luta da história do UFC” para dezembro daquele ano.
O declínio esportivo de Anderson Silva dentro do MMA envolve derrotas, uma gravíssima lesão, doping e suspensão do esporte. Na revanche anunciada contra Weidman, o brasileiro quebrou a perna ao tentar aplicar um golpe no adversário. A fratura – além de impor mais uma derrota para Silva – o afastou do octógono por aproximadamente dois anos.

Mesmo com a fratura e a grave lesão, o UFC ofereceu a Anderson Silva um contrato que o daria direito a mais 15 lutas pela organização. No entanto, o que se viu a partir daí foi uma sucessão de eventos desastrosos que colocaram a história de Silva na corda bamba.
O REI PERDE A MAJESTADE
A volta do ex-campeão ao ringue do UFC aconteceu no dia 31 de janeiro de 2015, em Las Vegas, contra Nick Diaz – que há muito também estava afastado do evento. Mas o que era para ser uma festa com o retorno de Anderson Silva, virou um enterro. Mesmo com a vitória do brasileiro, a luta teve seu resultado suspenso pois tanto Silva quanto Diaz foram pegos no doping. Além de multas e perda da premiação pela vitória, Anderson Silva foi suspenso por 1 ano do UFC.

No retorno, em fevereiro de 2016, Anderson foi derrotado por Michael Bisping no UFC Fight Night, em Londres. Em junho, o brasileiro foi chamado às pressas para substituir Jon Jones no UFC 200 contra Cormier e saiu perdedor mais uma vez. Anderson Silva só se reencontrou com a vitória em fevereiro de 2017, em Nova York, quando venceu o americano Derek Bruson em um resultado contestado pela mídia. No início de 2018, o UFC anunciava mais um resultado positivo de Anderson Silva no exame antidoping. O atleta testou positivo para Methyltestosterona, um esteroide anabolizante e diurético.
Longe dos holofotes, mas ainda com um contrato com o UFC, Anderson Silva voltou ao octógono em 2019 para mais duas lutas, em fevereiro e maio, e saiu derrotado nas duas. A primeira, no UFC 234, perdeu para Israel Adesanya. No evento seguinte, sofreu um nocaute técnico do norte americano Jared Cannonier.
O ADEUS
O último ato de Anderson Silva no octógono do UFC aconteceu no dia 31 de outubro de 2020. Aos 45 anos, disputou sua última luta em Las Vegas, nos Estados Unidos, contra Uriah Hall – luta esta que havia sido programada para o agora longínquo UFC 198 (2016). Na ocasião, Silva teve um problema de saúde e foi obrigado a deixar o card do evento.

Vendida como “a última luta de Anderson Silva no UFC”, o evento estava cercado por muita expectativa pelos amantes do MMA e fãs do brasileiro. Contudo, longe do seu melhor, Anderson foi mais uma vez derrotado com um nocaute no quarto round da disputa.
Na coletiva após a luta, o brasileiro deixou em aberto seu futuro dando a entender que aquela não seria sua despedida. O chefão Dana White, por sua vez, teceu duras críticas a Anderson afirmando que aquela luta não deveria nem ter acontecido e que Silva nunca mais subiria ao ringue em eventos do UFC por conta da idade avançada.
O adeus definitivo veio no domingo (01), através de um post no Instagram. Anderson disse que, mesmo derrotado em sua última luta, se sentia feliz e com um sentimento de paz. Agradeceu à família, amigos e todos aqueles que torciam por ele.
LEGADO
Mesmo longe do brilhantismo de outrora, após a grave lesão de 2013, Anderson “The Spider” Silva tem seu nome gravado para sempre na história do MMA e do UFC. Carismático e de fala mansa, conquistou uma legião de fãs ao redor do mundo e inúmeros admiradores dentro do circuito das lutas.

Junto com Royce Gracie, Rodrigo Minotauro, Fedor Emelianenko, Sakuraba, Vanderlei Silva, Victor Belfort, Chuck Liddel, Randy Couture, Jon Jones e outros; Anderson Silva popularizou o MMA tornando-o um dos esportes mais admirados no mundo.
Anderson,vc é e será uns dos melhores de todos os tempos..
Vc é uma lenda..
Obrigado por proporcionar felicidades.. durante esses anos..
Comecei à treinar Jiu-Jitsu e boxe pq vi vc lutando..
F.guerra
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