Por Mariana Braga
Uma mulher multifacetada no ramo da moda e do audiovisual, Babita Mendoça compartilhou suas experiências de trabalho na live do NAC no Instagram ontem, dia 17 de novembro. Durante o evento, ela falou como é ser figurinista, deixou suas dicas para quem deseja seguir a área e falou um pouco de como a pandemia afetou o segmento.
A carreira da figurinista no mundo da moda começou como estilista, mas, como muitos jovens hoje em dia, ela já havia tido outros interesses. Antes de se envolver com desenho, ela estudava psicologia e contou que uma viagem inesperada para Londres, na década de 1970, foi o que transformou a sua vida. Na Europa teve o primeiro contato com moda e decidiu que gostaria de trabalhar com aquilo.
Babita revelou que se deparar com roupas deslumbrantes nas ruas e nos cinemas de Londres foi muito novo para ela, pois, na época, o Brasil estava sob Ditadura Militar e tudo era vigiado, o cinema era censurado, então poucas tendências surgiam. Por isso ela diz que aquela viagem foi decisiva.

Quando retornou para o Brasil, logo começou a desenhar roupas. Seus primeiros trabalhos como estilista foram para confecções no Rio de Janeiro, principalmente lojas em Petrópolis, ela contou. Desenhava vários estilos, passando até a fazer designs infantis, depois de ter seu primeiro filho.
O primeiro filme que atuou como figurinista foi Nunca Fomos Tão Felizes, de 1982, com direção de Murilo Salles. E mais uma vez ela se apaixonou. Continuaria fazendo moda, mas, dessa vez, mexendo com a imaginação. Trabalhando com cinema, a figurinista diz ter encontrado uma forte ligação com psicologia, sua primeira área de estudo. “Psicologia tem um diálogo com o cinema […] quando a gente vai conceituar um personagem, conceber e elaborar a gente passa por isso tudo do psicológico da pessoa […] tudo é dica de quem é essa pessoa” disse.
Ao falar sobre todos os seus trabalhos ela recorda de muitos momentos incríveis. Citou como exemplo fazer figurino em dois filmes dos Trapalhões, no qual as roupas tinham que ser alegres e a atmosfera em si já tinha diversão. Também se lembrou de grandes cantores brasileiros com quem trabalhou em vídeo clipes, como Rita Lee e Paralamas do Sucesso. Contudo, o filme Nunca Fomos Tão Felizes, teve seu marco por ser o seu primeiro set de filmagens.
Babita também é professora e dá aulas de figurino. Até o início do ano deu aulas na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, quando a escola, infelizmente, foi fechada. Ela diz que é triste ver a desvalorização da arte, mas aos poucos a classe vai ganhando respeito. Ela citou, por exemplo, a ajuda da FIAR (Figurinistas Associados do Rio de Janeiro), que durante a pandemia paga um auxílio emergencial para figurinistas desempregados.
Ainda sobre a pandemia, quando perguntada o que ela tem feito, respondeu que tem trabalhado na produção de dois livros. Um deles é sobre figurino, para quem quer aprender. O outro é uma pesquisa sobre grandes estilistas e figurinistas por trás dos filmes brasileiros, da qual ela também pretende fazer uma mostra de cinema.
Depois de contar grandes momentos de sua carreira, foi a hora de deixar conselhos. Para quem quer seguir a área de figurino, Babita aconselhou ter amor pela arte, ver muito teatro e filmes, e até visitar museus. Ter referência é a principal característica que um figurinista deve ter. Como ela explicou, as pessoas precisam ampliar seu conhecimento, ver outras culturas. Ela mencionou o vencedor do Oscar de Melhor Filme, Parasita, filme sul coreano ao apontar que as pessoas precisam se habituar a ver mais filmes estrangeiros, e não focar apenas em Hollywood. Isso é estudar novas culturas e prestigiar produções diferentes.
Confira a live completa no IGTV do NAC no Instagram para ouvir mais histórias de Babita Mendonça.