As noites de terça e quarta-feira (12 e 13) ficaram marcadas pelas partidas de volta da semifinal da Copa Conmebol Libertadores. Palmeiras e River Plate se enfrentaram no Allianz Parque, enquanto, no dia seguinte, Santos e Boca Juniors se enfrentaram na Vila Belmiro
Por Gabriel Orphão e Rodrigo Glejzer
Palmeiras x River Plate
Com uma vantagem de 3 a 0, conseguida no jogo de ida, o Palmeiras recebeu o River Plate no Allianz Parque. O treinador português Abel Ferreira pôde contar com grande parte de sua equipe titular, depois de poupar seus atletas na vitória sobre o Sport, no último sábado, pela 29ª Rodada do campeonato brasileiro. Os únicos desfalques para o alviverde foram Gabriel Verón, com uma lesão muscular, e Patrick de Paula, suspenso pelo 3º cartão amarelo. Por outro lado, o técnico argentino Marcelo Gallardo foi com força máxima e pôde contar com todos os seus atletas na partida.
Primeiro Tempo
Os primeiros 45 minutos foram de domínio total da equipe do River Plate, diferentemente do ocorrido na partida de ida, no Estádio Monumental de Núñez. Já no primeiro minuto de partida, a primeira chegada perigosa da equipe argentina: Matías Suarez recebe um passe de Nacho Fernández e arrisca de dentro da área, mas acaba sendo travado pelo lateral direito Marcos Rocha.
O primeiro lance de perigo da equipe do Palmeiras veio aos 9 minutos, quando Gabriel Menino lançou em profundidade para Rony. O atacante recebe e tenta o drible pra cima de Franco Armani, mas o experiente goleiro do River e da seleção argentina consegue evitar o primeiro gol da equipe brasileira.
Depois de muita pressão, o River Plate conseguiu abrir o placar, aos 28 minutos, com o zagueiro Rojas. Após escanteio cobrado pelo meia uruguaio De La Cruz, Rojas ganha de Gustavo Gómez no alto e cabeceia no canto, sem chances para o goleiro Weverton.

Após o primeiro gol, o River continuou pressionando o Palmeiras, sempre tentando diminuir sua desvantagem no placar agregado. E isso quase aconteceu, aos 37 minutos, quando Angileri recebeu a bola na beirada da área e arriscou o chute, que terminou numa grande defesa do goleiro Weverton.
No lance seguinte, uma preocupação para os palmeirenses: o zagueiro e capitão da equipe, Gustavo Gómez, foi ao chão reclamando de muitas dores e teve que ser substituído. O técnico Abel Ferreira optou pela entrada do também zagueiro Luan.
Aos 43 minutos, De La Cruz faz um cruzamento pela direita, Matías Suárez desvia, e a bola sobra tranquila para o colombiano Rafael Borré cabecear e marcar o segundo gol da equipe argentina, que precisava de apenas mais um para levar a disputa para os pênaltis.

Segundo tempo
A pressão do River Plate ficou ainda maior no começo do segundo tempo. Aos 6 minutos, o lateral esquerdo Angileri fez um cruzamento na segunda trave, nos pés de Rafael Borré, que acerta o chute de primeira e estufa as redes do goleiro Weverton. Porém, após uma longa conversa com o VAR, o árbitro uruguaio Esteban Ostojich anulou o gol, por conta de um impedimento de Borré no começo da jogada.
Aos 16 minutos, o Palmeiras teve uma oportunidade de contra-ataque com Zé Rafael, que acabou sendo puxado pelo autor do primeiro gol, Robert Rojas, que recebeu o cartão amarelo. Pouco tempo depois, aos 27, Rojas recebeu o segundo amarelo por falta em cima Rony. Com isso, o árbitro uruguaio expulsou o zagueiro paraguaio.

Aos 29 minutos, Matías Suarez recebe a bola dentro da grande área, e acaba sendo derrubado por Alan Empereur. O árbitro Esteban Ostojich acaba marcando o Pênalti. Porém, após checar o VAR, a arbitragem decide anular a penalidade, alegando que Suarez já estava caindo antes do momento do toque.
O jogo seguiu com muita pressão por conta da equipe argentina até os últimos momentos da partida. Aos 52 minutos, no último lance do jogo, Borré disputa a bola dentro da área com o zagueiro chileno Benjamín Kuscevic. O atacante colombiano cai no chão e abraça a bola. Imediatamente o árbitro marca falta de ataque. Após 4 minutos de análise junto ao VAR, o árbitro decide manter a decisão de campo, e marca apenas a falta de ataque do atacante do River Plate. Com o resultado, o Palmeiras se classificou para a final da libertadores depois de 20 anos.

Santos x Boca Juniors
Depois de um primeiro jogo marcado pelo equilíbrio entre as equipes e polêmicas por parte da arbitragem, principalmente quanto a um possível pênalti a favor dos brasileiros não marcado pela equipe de arbitragem, Santos e Boca Júnior voltaram a se enfrentar pelas semifinais da Copa Libertadores da América. Na primeira partida, o Alvinegro praiano, tricampeão do torneio e desde 2011 sem atuar na decisão da “Liberta”, empatou em 0 a 0, na Bombonera, casa do Boca.
O Santos, do técnico Cuca, veio a campo no esquema de jogo 4-3-3, com Marinho e Lucas Braga nas pontas, Kaio Jorge fazendo a papel de centro avante e Soteldo responsável por municiar o trio de atacantes. Do lado argentino, Miguel Ángel Russo optou pelo 4-2-2, com Tévez e Soldano formando a dupla de atacantes, enquanto Eduardo Salvio e Villa ora atuavam como meias mais centrais, ora jogando mais pelos lados. O desfalque mais importante foi a ausência do jovem goleiro Jhon Victor, vetado pelo departamento médico santista devido a contaminação por Covid-19. Para seu lugar, Cuca confirmou o retorno de João Paulo, titular e melhor jogador em campo na vitória do time por 1 a 0 sobre o São Paulo, na rodada passada do Campeonato Brasileiro.

Primeiro Tempo
O confronto começou elétrico com Marinho, aos 33 segundos do primeiro tempo, roubando a bola, cortando com ela em direção a entrada da área adversária e chutando de longe. A bola foi em direção ao gol, mas acabou pegando na trave e, no rebote, Diego Pituca não conseguiu aproveitar a chance ao jogar por cima do travessão.
Os argentinos tiveram mais sorte que os gremistas, que durante as quartas de final acabaram sofrendo o gol mais rápido já feito na Libertadores por um brasileiro, com Kaio Jorge marcando aos 11 segundos na ocasião.
Aos 11 minutos, o “Peixe” criou mais uma nova chance perigosa de gol com Soteldo batendo escanteio na primeira trave e Kaio Jorge aparecendo para desviar de calcanhar. Porém, nenhum jogador do Santos se apresentou para empurrar a bola, que apenas cruzou a área de Andrada.
O ímpeto dos paulistas deu resultado aos 15 minutos, após Soteldo receber passe de Diego Pituca e arrematar com força em direção ao gol. O zagueiro Lisandro López bloqueou o chute, a princípio com um dos braços. Inicialmente o ataque santista levantou as mãos pedindo a marcação de um pênalti. Contudo, ao perceber que nada foi marcado, Diego Pituca se aproveitou do rebote e chutou para abrir o placar.
Tentando despertar da letargia que tomava conta do time, os “xeneizes” do Boca conseguiram dar uma resposta aos 22 minutos com Diego González lançando a bola em direção a grande área e Carlitos Tevez, impedido, desviando de forma fraca nas mãos de João Paulo. O Santos continuou mais intenso e depois de pressionar a saída de bola, interceptaram um passe adversário e coube a Kaio Jorge puxar o contra-ataque pelo meio. Vendo a defesa aberta, Eduardo Salvio forçou a falta e foi punido com cartão amarelo.
O Boca só daria seu primeiro, e único chute, no primeiro tempo aos 31 minutos, quando Tévez avança no campo de ataque, tenta puxar para a esquerda e cai no chão. Villa aparece na sobra batendo de primeira com força. O chute passa perto do gol de João Paulo.
O lance mais preocupante ficou por conta de um corte na cabeça sofrido por Lucas Veríssimo, após disputa no alto com Soldano. Uma boa quantidade de sangue foi derramado e o zagueiro foi obrigado a deixar o campo para realizar curativos, deixando o time com um a menos. Para alívio dos torcedores do Santos, nada aconteceu nesse meio tempo. Com os 11 em campo novamente, o Santos teve outra chance de marcar, aos 42 minutos, com Marinho chutando de fora da área para a defesa de Andrada.

Segundo Tempo
O segundo tempo não começou diferente do primeiro, porém, dessa vez, o Santos logo de cara ampliou a vantagem para 3 a 0. Primeiro aos 4 minutos com o baixinho Soteldo recebendo a bola na entrada da área adversária, cortando o marcador e disparando um chute no ângulo de Andrada. Logo no minuto seguinte os paulistas marcaram o terceiro com Marinho pegando a bola do lado direito, limpando a defesa adversária inteira e deixando para Lucas Braga apenas empurrar pro gol.
Tentando ao menos diminuir o estrago, os argentinos passaram a procurar mais o ataque e finalmente conseguiram dar seu segundo chute no gol, aos 7 minutos. Depois de Villa ameaçar na primeira etapa, agora foi a vez de Tevez tentar de fora da área, após receber de Campuzano, e chutar sem tanto perigo à esquerda de João Paulo. A situação argentina complicaria de vez no lance seguinte, em que o lateral colombiano Frank Fabra acaba pisando propositalmente em Marinho depois de dividirem uma bola. O juiz expulsou direto, sem necessidade de consultar o VAR e com o time do Boca Juniors completamente apático e sem forças para sequer reclamar da decisão.
Com um a menos e pressionados o tempo todo pelos adversários, os “xeneizes” até conseguiram descolar uma ótima oportunidade com Villa cruzando com perigo na área do Santos. A bola acaba não sendo desviada por ninguém e indo direto no gol. No reflexo, João Paulo fez a defesa com apenas um dos braços, impedindo a melhor chance de gol dos argentinos. Daí em diante o jogo foi completamente controlado pelo Santos. Marinho ainda teve nova oportunidade, nos minutos finais, ao tentar um gol olímpico que acabou nas mãos do goleiro Andrada, atento no lance. Nos acréscimos, Kaio Jorge ainda teve a chance de marcar o seu ao receber a bola no campo de ataque e sair cara a cara com Andrada, mas acabou parando no goleiro. Ao final do jogo, um cansado e feliz Soteldo recebeu a premiação de melhor jogador em campo.
Palmeiras e Santos irão protagonizar a terceira final brasileira na história da Libertadores. Após Athlético Paranaense e Internacional, respectivamente, enfrentarem o São Paulo nas finais de 2005 e 2006, cabe aos paulistas trazerem a “glória eterna” de volta ao Brasil.
