Depois de ver o Barcelona ficar à frente do placar por duas vezes, os bascos mantiveram a frieza e, com golaço de Iñaki Williams, conseguiram assegurar mais um título para sua história.
A Supercopa da Espanha é um dos torneios mais tradicionais do país, tendo sido disputado com diferentes formatos até 1982, quando se estabeleceu que o vencedor do campeonato nacional, a La Liga, encararia o campeão da Copa do Rei em partidas de ida e volta. Desde então o Barcelona é o maior vencedor com 13 títulos, sendo seguido de perto pelo rival Real Madrid, detentor de 11 conquistas.
No entanto, em 2018, a Federação Real Espanhola de Futebol resolveu inovar no formato da Supercopa. O torneio passou a ser realizado em jogo único como também, pela primeira vez, passou a ser disputado fora do território espanhol. Barcelona e Sevilla se enfrentaram no Marrocos, no estádio Ibn Batouta, e os catalães venceram por 2 a 1 com gols de Gerard Piqué e Ousmane Dembélé.
No ano seguinte, 2019, os organizadores decidiram por alterar o molde mais uma vez. Agora a peleja não seria apenas entre dois clubes, mas quatro, com a adição dos vices da La Liga e Copa do Rei, em semifinais e final com jogo único na Arábia Saudita. Caso o campeão ou vice do campeonato nacional também seja campeão ou vice da copa, o terceiro da La Liga entra na disputa da Supercopa. O Real Madrid conquistou o primeiro título na nova configuração ao bater o Atlético de Madrid por 4 a 1 nos pênaltis depois de empatar em 0 a 0 no tempo normal.

Supercopa da Espanha 2020/2021 – Semifinais
Devido à pandemia do coronavírus, a final da Copa do Rei acabou adiada para abril de 2021 e, para não ocorrerem mais atrasos no calendário de competições, ficou decidido pela Federação Espanhola que os dois times finalistas da edição 2019/2020 da Copa entrassem para a disputa da Supercopa. Desta forma, Athletic Bilbao e Real Sociedad mediram forças contra Real Madrid e Barcelona, respectivamente campeão e vice da La Liga na temporada de 2019/2020. Além disso, segundo a Reuters, a Covid-19 também foi responsável pela transferência da sede da Arábia Saudita, cujo governo não queria sediar o torneio com portões fechados, de volta à Espanha, na região da Andaluzia, com as semis disputadas em Córdova e Málaga e a final em Sevilha.
A primeira partida ficou por conta de Barcelona e Real Sociedad. De um lado, o sempre tradicional time catalão, de astros como Lionel Messi, Antoine Griezmann, Marc-André Ter Stegen e Jordi Alba, que vem de uma inesperada temporada sem títulos, a primeira desde 2007/2008, e tenta se reconstruir sob a batuta do técnico Ronald Koeman. Do outro, os bascos, do veterano David Silva e do jovem talento Mykel Oyarzabal, comandados por Imanol Alguacil e esperançosos em se recuperar na temporada, depois de chegarem a liderar a La Liga e agora estagnarem no quinto lugar.
O jogo foi bastante equilibrado com De Jong abrindo o placar para o Barcelona, que preferiu poupar Messi, e Oyarzabal, de pênalti, empatando para a Real Sociedad no tempo normal. A confirmação da vaga ficou para a disputa de pênaltis com Ter Stegen, decisivo durante toda a partida, brilhando ao defender duas cobranças e Riqui Puig dando a vitória ao deslocar o goleiro Álex Remiro e fechar o confronto em 3 a 2. Segundo o site Transfermarkt, o Barcelona não disputava uma vaga nos pênaltis desde a final da Copa do Rei de 1997/1998 quando venceu o Mallorca por 6 a 5 depois de empatar por 1 a 1.

Foto: Reuters/Jon Nazca)
Na segunda semifinal, o Real Madrid de Zinedine Zidane mediu forças com o Athletic Bilbao de Marcelino García Toral. Ambas as equipes fazem campanhas abaixo do esperado na La Liga com “Los Blancos” dependendo ainda das atuações individuais de Benzema e de jovens promessas, como os brasileiros Vini Junior e Rodrygo, enquanto Eden Hazard passa maior parte do tempo no departamento médico. Já “Os Leões” bascos não conseguem engrenar na La liga, não passando do meio da tabela, mesmo tendo jogadores do calibre de Iñaki Williams, Iker Muniain e Unai Simón.
A fase ruim dos madrilenos mostrou-se logo aos 18 minutos de partida quando Lucas Vázquez, improvisado na lateral direita, errou passe no meio de campo e Dani Garcia, após interceptar, conseguiu achar Raúl Garcia em boa posição na grande área. O goleiro belga Courtois ainda tentou sair para abafar a jogada, mas o espanhol teve frieza para bater no canto e abrir o placar. Para piorar sua atuação, Vázquez ainda seria o responsável por cometer um pênalti em cima do zagueiro Iñigo Martinez aos 36 minutos. Raúl Garcia se apresentou para cobrar e não desperdiçou a chance de marcar seu segundo gol e ampliar a vantagem do Athletic.
No segundo tempo, o Real foi em busca do empate e até conseguiu diminuir com Karim Benzema aos 29 minutos e deixar tudo igual, novamente com o francês, aos 37, mas teve seu segundo tento invalidado pelo VAR por impedimento. No fim, o time de Zidane não teve mais fôlego para correr atrás da igualdade e viu-se eliminado da Supercopa.
Supercopa da Espanha 2020/2021 – Final
A decisão começou recheada de expectativas. Para o Barça representava voltar a conquistar um título após um ano marcado por complicações, como a renúncia do presidente Josep Maria Bartomeu, a saída de Luis Suárez para o Atlético de Madrid e a frustrada tentativa de Lionel Messi de deixar o clube, depois de várias desavenças com a diretoria desde a saída do técnico Ernesto Valverde no início da temporada passada. No caso do Athletic Bilbao, vencer não representava apenas o tricampeonato da Supercopa, depois das conquistas em 1984 e 2015, mas também uma quebra na seca de títulos de 6 anos.

Foto: Reprodução/Twitter Barcelona/Twitter Athletic Bilbao.
O jogo começou morno, com os dois times se estudando bastante e poucas chances claras de gol. Apenas aos 36 minutos do primeiro tempo, após Lionel Messi soltar uma bomba de fora da área no ângulo direito de Simón, com a bola subindo sobre o travessão, ambas as equipes pareceram ter se soltado em campo. Tanto que três minutos depois da tentativa do craque argentino, Griezmann aproveitou uma bola rebatida pela defesa adversária em chute de Messi e abriu o marcador a favor do Barça. O problema é que os catalães mal tiveram tempo de comemorar já que, aos 41 minutos, De Marcos apareceu livre nas costas da marcação e concluiu em gol o belo cruzamento de Williams.
O segundo tempo iniciou bem mais agitado, com Lionel Messi, aos 7 minutos, cobrando falta rente à trave esquerda do goleiro Unai Simón. O Bilbao respondeu quatro minutos depois com um gol de cabeça marcado por Raúl Garcia, mas o atacante estava em posição de impedimento e a jogada foi bem anulada pelo VAR. Ainda quase chegariam perto da virada com Iñaki Williams chutando por cima do gol depois de se antecipar a Ronald Araújo em uma dividida. Os “Culés” não se intimidaram com as tentativas dos oponentes e coube a Griezmann colocar o Barça de novo na liderança do placar. O francês recebeu cruzamento rasteiro de Jordi Alba e chegou em boa posição para completar na linha da pequena área, sem chance para Simón.
O Barcelona voltaria ao ataque com De Jong tentando aproveitar boa troca de passes entre Messi e Griezmann e chutando em cima de Unai Simón. Apesar da pressão “culé”, o Bilbao não desistiu de ir a frente e, faltando 1 minuto pro fim do tempo regulamentar, Villalibre deixou tudo igual ao aproveitar batida de falta de Muniain pela direita e completar para o gol dentro da pequena área, sem chances para Ter Stegen. Tudo igual no placar e a decisão encaminhada para a prorrogação.
Com ambos os times visivelmente muito cansados era de se esperar que não se arriscassem muito na frente, mas Inãki Williams não deixou o adversário sequer ter tempo de respirar e logo nos primeiros 3 minutos da prorrogação marcou uma verdadeira pintura. Ao receber bola pelo lado esquerdo da defesa do Barcelona, o atacante conseguiu limpar as marcações de Griezmann e Ronald Araújo com um único corte e deu um chute no ângulo de Ter Stegen. O Bilbao assumiu a frente da partida pela primeira vez na final da Supercopa.
Ao Barcelona cabia apenas procurar o empate de forma desenfreada e até tiveram boas chances. Braithwaite aos 5 da primeira etapa do tempo extra e Griezmann aos 5 do segundo tempo da prorrogação, mas em nenhum dos casos conseguiram aproveitar. No fim, os catalães além de sairem derrotados da decisão, ainda viram Messi ser expulso no fim da peleja ao agredir Villalibre com um tapa na nuca após ambos se enroscarem em uma dividida.
Foto: Reprodução/Twitter Athletic Bilbao.