No Dia Internacional da Mulher, conheça 8 profissionais do esporte que escreveram seus nomes na história

Atletas, integrantes de comissão técnica, árbitras e dirigentes nos maiores times e confederações esportivas do mundo em uma matéria especial dividida em duas partes

Foto de capa: Reprodução/Twitter UEFA

Por Armando Edra, Matheus Guimarães, Matheus Hartmann, Sandro Maia e Júlia Nascimento 

Ano após ano, o Dia Internacional da Mulher é comemorado através de atos simbólicos, como a entrega de flores, presentes, congratulações, homenagens, matérias midiáticas comemorativas das mais diversas editorias, entre outras parabenizações. Contudo a reivindicação feminina por atitudes que saiam do simbolismo e passem para a prática é maior a cada comemoração da data. E que não tenha duração de um dia por ano, mas, sim, que a conscientização seja diária.  

Diária assim como a luta por respeito e igualdade de gênero, iniciada há tanto tempo e por tantas bravas mulheres nas mais diversas sociedades e culturas. Lutas individuais e coletivas, em forma de protestos, em busca de direitos. Direitos estes que não poderiam ser mais básicos, dos quais muitas mulheres são privadas até o ano de 2021, como poder, simplesmente, dirigir ou ir ao estádio.  

E é, neste cenário, que entram nossas protagonistas. Oito mulheres que construíram seus lugares de destaque no esporte mundial nos últimos anos. Atletas, integrantes de comissão técnica, árbitras e dirigentes nos maiores times e confederações esportivas do planeta. Profissionais que estão sob os holofotes de ambientes, historicamente, masculinizados. Mulheres que inspiram meninas a “lutarem como uma garota”. Conheça quatro delas agora:

EDINA ALVES (ÁRBITRA / FUTEBOL) 

Edina sonha em apitar nas Olimpíadas de Tóquio e na Copa do Mundo Masculina de 2022 no Qatar – Foto: Reprodução/FIFA 

Recentemente, um nome vem chamando muito a atenção no futebol, principalmente no brasileiro: a árbitra Edina Alves, de 41 anos, natural de Goioerê, no Paraná. Ela se tornou a primeira mulher a apitar uma partida em competições adultas masculinas da FIFA, no Mundial de Clubes do Catar. Atuou na partida entre Al Duhail e Ulsan Hyundai FC, apitando o jogo, válido pela disputa do quinto lugar. Também fez parte da comissão de arbitragem entre Bayern de Munique e Al Ahly, como quarta árbitra pela semifinal da competição, e ainda foi escalada para a final do torneio entre Bayer de Munique e Tigres, novamente como a quarta assistente. Feitos importantíssimos não só para a arbitragem brasileira, mas mundial. 

Edina, que é árbitra da FIFA desde 2016, teve outra conquista histórica ao apitar o clássico entre Corinthians e Palmeiras na última quarta-feira (3), sendo a primeira mulher a apitar um jogo entre as duas equipes, muito elogiada pela sua atuação. Antes disso, ela arbitrou na Copa América Feminina de 2018, em dois jogos. Ela atuou como árbitra na Séria A do Campeonato Brasileiro Masculino em 2005, no jogo entre CSA e Goiás, depois de 14 anos sem uma mulher apitando no torneio. Também trabalhou dentro do campo em várias partidas na Copa do Mundo Feminina de 2019, incluindo a semifinal entre a Inglaterra e os Estados Unidos. 

ALINE PELLEGRINO (COORDENADORA / FUTEBOL FEMININO) 

Meta principal de Aline Pellegrino é o desenvolvimento das competições femininas – Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Aline Pellegrino foi anunciada pela Confederação Brasileira de Futebol em setembro de 2020 para ocupar o cargo de Coordenadora de Competições Femininas, mas sua trajetória para chegar com ampla capacitação para o cargo passa por uma frustração com a falta de apoio durante sua trajetória como atleta.  

Aline iniciou sua carreira como jogadora aos 15 anos e foi capaz de vivenciar diversas mazelas do futebol feminino no país. Isso tudo enquanto fez parte e capitaneou uma grande geração que, mesmo sem incentivos à altura, chegou longe e bateu na trave nas duas principais competições da modalidade. As duas pratas nas Olimpíadas de Atenas (2004) e Pequim (2008), além do vice na Copa do Mundo de 2007, poderiam significar uma impulsão de incentivos ao futebol das mulheres, no entanto, o esperado retorno nunca apareceu. 

Após a aposentadoria, Pellegrino sempre demonstrou forte interesse na área de desenvolvimento do futebol feminino, algo que foi potencializado, justamente, pela falta de apoio durante sua carreira em campo. Dessa forma, a ex-zagueira iniciou sua preparação ao ingressar no curso de Gestão de Futebol na CBF Academy, e, naquela mesma temporada, foi supervisora técnica de futebol feminino do Corinthians-Audax (na época, ainda existia a parceria). Aline não parou por aí e especializou-se ainda mais com curso de pós-graduação em Gestão do Esporte e trabalhos na Fifa e na Conmebol, todos voltados ao futebol feminino.  

Posteriormente à passagem pelo Corinthians-Audax, Aline assumiu a coordenação da Federação Paulista de Futebol (FPF), em julho de 2016. Depois de dois anos de trabalho como coordenadora, ela recebeu a promoção para assumir a diretoria de futebol feminino. Na base, Pellegrino inaugurou competições sub-14 e sub-17, além de realizar uma peneira de jogadoras sub-17 que reuniu 336 atletas de todos os lugares do país para serem selecionadas pelos 20 clubes paulistas. Em quatro anos na FPF, a modalidade cresceu, e o Campeonato Paulista ganhou transmissões de jogos pela internet e das fases finais na TV. Em 2019, o clássico da final do campeonato estadual entre Corinthians e São Paulo recebeu o maior público de futebol feminino do Brasil com 28.862 pessoas.  

Com o papel de coordenadora de competições da CBF e a criação de um departamento exclusivo para o desenvolvimento do futebol feminino, Aline busca inserir mais mulheres nos cargos da confederação neste novo projeto. A contratação da experiente técnica sueca Pia Sundhage, entre outras profissionais que chegaram para completar o cenário de mudanças nesta gestão, já demonstram os indícios positivos no começo de um longo processo de renovação. 

BECKY HAMMON (ASSISTENTE TÉCNICA / NBA) 

Torcida do San Antonio Spurs já escolheu Becky Hammon como a futura substituta de Gregg Popovich – Foto: Darren Carroll/NBAE via GETTY IMAGES 

Becky Hammon, 43 anos, ganhou notoriedade ao se tornar a primeira mulher a comandar um time da liga estadunidense masculina de basquete, a NBA. O fato aconteceu após a expulsão do técnico Gregg Popovich. Com isso, a assistente do San Antonio Spurs assumiu a posição e liderou a equipe. O momento histórico ocorreu no dia 30 de dezembro de 2020 durante o confronto entre os Spurs e o Los Angeles Lakers.   

A ligação de Becky com os Spurs se iniciou em 2014, enquanto a então jogadora de basquete se recuperava de uma lesão que a levaria à aposentadoria. Hammon começou a acompanhar os treinos e jogos da equipe de San Antonio e, com isso, seu conhecimento do jogo colocou a armadora no radar para uma eventual contratação. E não deu outra, pois, logo após definir sua aposentadoria no mesmo ano, Hammon foi nomeada como a primeira treinadora assistente em tempo integral da NBA. Em seguida, já em 2015, tornou-se a treinadora dos Spurs na Summer League (Liga de Verão), quando inclusive foi campeã do torneio. 

Dentro das quadras, Becky teve uma carreira sólida e jogou por 16 anos na liga feminina de basquete dos Estados Unidos, a WNBA. A ex-jogadora foi eleita seis vezes para o time ideal da Liga, defendendo o New York Liberty entre 1999 e 2006 e o San Antonio Stars de 2007 a 2014. O fato curioso de sua carreira foi quando defendeu a Rússia durante as Olimpíadas de Pequim (2008) e Londres (2012). A armadora recebeu uma oferta de cerca de R$ 10 milhões para atuar no CSKA Moscou e a chance de receber a cidadania russa. Toda essa situação aconteceu após Hammon ficar de fora da lista norte-americana para Pequim. 

Mas, para muito além do jogo, a contratação de Becky em agosto de 2014 tem grande significado. Além de ser a primeira mulher paga para exercer a função de assistente técnica em caráter oficial e tempo integral, fez dela a pioneira, o que abriu espaço para outras equipes da NBA seguirem o exemplo dos Spurs e expandirem a presença de mulheres em suas equipes técnicas. Com isso, 14 mulheres já ocuparam cargos de assistente na NBA e, atualmente, 10 seguem desempenhando a função. 

JEANIE BUSS (PRESIDENTE DE FRANQUIA / NBA) 

Ligada à cidade de Los Angeles desde sua infância, Jeanie Buss realizou o sonho de ser presidente do seu time – Foto: Wally Skalij / Los Angeles Times 

A executiva, nascida em 26 de setembro de 1961, em Santa Monica, Califórnia, é a atual presidente e controladora da franquia Los Angeles Lakers da NBA. A origem em uma família de investidores fez com que sua trajetória no ramo começasse cedo. 

Jeanie, quando tinha 14 anos, acompanhava seu pai, Jerry Buss (dono do Los Angeles Strings na época), em reuniões da World Team Tennis. Enquanto fazia faculdade de Administração na University Southern California, aos 19 anos, ela foi gerente geral da equipe de tênis Los Angeles Strings. Depois que o time acabou, em 1993, a empresária trouxe o hóquei em patins profissional para Los Angeles e foi proprietária do Los Angeles Blades, sendo nomeada a Executiva do Ano pela Liga do esporte. 

Com uma vida profissional bem sucedida e premiada, a executiva foi ranqueada, em 2005, como uma das 20 mulheres mais influentes nos esportes pela Sporting News. Em 2011, a Forbes destacou que Buss é ‘’uma das poucas mulheres poderosas na gestão esportiva’’ e a ESPN enfatizou que ela é ‘’uma das mulheres mais poderosas da NBA’’. 

A ligação com os Lakers vem desde jovem, pois já foi presidente do Great Western Forum, antiga arena da equipe. Ao longo dos anos esse vínculo com o time aumentou, pois em 1999 foi nomeada vice-presidente executiva de operações de negócios dos Lakers. 

Após a morte de seu pai em 2013, o controle acionário de 66% da franquia californiana passou para os seis filhos via fundo fiduciário (ferramenta de planejamento patrimonial que tem como objetivo manter os bens de uma pessoa em particular ou de uma organização), com cada irmão tendo um voto igual. Para a temporada 2013/2014, Jeanie Buss se tornou a presidente do Los Angeles Lakers e continuou a liderar as operações de negócios, mas supervisionava, simultaneamente, as operações de basquete que estavam a cargo de um dos seus irmãos. 

Desde então, tomou decisões importantes e fundamentais para o atual sucesso dos Lakers: instalação do ídolo Magic Johnson como presidente de operações de basquete; contratação de Rob Pelinka para ser o gerente geral; contratação dos jogadores LeBron James e Anthony Davis; contratação do treinador Frank Vogel. 

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