Foto de Capa: Reprodução
Por Ártemis Proença
No FACHA Lives desta terça (23), Guto Neto, coordenador dos cursos de Cinema e Rádio e TV, recebeu os críticos de cinema Marcelo Muller e Pedro Guedes para debater sobre as indicações ao Oscar 2021. A conversa com Marcelo e Pedro, ambos ex-alunos da FACHA, foi de muita troca e conteúdo interessante nos seus aproximadamente 90 minutos de duração.
Antes da aparição ao vivo dos três, Guto abriu a live falando sobre o mercado de trabalho na atualidade e deixou uma mensagem muito bonita quando diz: “Cinema para mim é respirar”.
Abrindo o debate sobre a premiação mais famosa do mundo do entretenimento, eles explicaram como o Oscar deste ano, excepcionalmente, será diferente dos anteriores devido à pandemia do coronavírus. Entre as mudanças mais marcantes pode-se destacar o prazo de inscrição para os filmes, já que nesta edição filmes lançados em 2021, até 28 de fevereiro, puderam concorrer aos prêmios. Anteriormente, o prazo era encerrado no último dia do ano anterior. Também pela primeira vez, filmes lançados em plataformas de streaming estiveram aptos a indicações, e a Netflix, por exemplo, somou 35 indicações com títulos originais. Marcelo vê essa adaptação como uma coisa incomum considerando que a academia costuma ser muito tradicional e conservadora e também chamou atenção para a representatividade presente na categoria de Melhor Direção, que pela primeira vez em 93 anos tem 2 mulheres concorrendo ao prêmio.
Pedro Guedes analisou que o Oscar precisou abrir portas para o streaming já que por conta da pandemia muitos filmes não foram ou não seriam lançados, o que prejudicaria a premiação. Na visão dele, o perfil dos filmes não está fora do padrão, mas acredita em um Oscar sem extremos: nenhum filme muito ruim mas também nenhuma surpresa excelente. Ele chegou a comparar a decepção com a vitória de Green Book em 2019 e a felicidade com a vitória de Parasita em 2020 como exemplos de reações que não acontecerão esse ano.
Fechando o primeiro bloco com o panorama da edição, Guto leu algumas perguntas dos espectadores que queriam saber a opinião mais aprofundada sobre alguns filmes indicados. “Os 7 de Chicago”, concorrendo em seis categorias, acabou sendo um dos mais questionados e os dois convidados assumiram que gostaram do filme, mas não a ponto de torcer. De qualquer forma, tanto Marcelo quanto Pedro acreditam que o longa deve levar algum prêmio, principalmente pelo grande apelo da Netflix em sua divulgação.
Outros pontos muito interessantes como a problemática narrativa de Green Book, a subestimação do gênero comédia e o histórico de vencedores dos últimos anos foram abordados e discutidos, sempre com muito conteúdo para agregar vindo dos dois convidados.
Um dos últimos assuntos abordados na live foi a transição do cinema tradicional para o streaming, que vem acontecendo a passos largos. Segundo Marcelo Muller, nem o próprio mercado cinematográfico sabe o que vai acontecer nos próximos anos, mas é inegável a força de disseminação que streamings como a Netflix possuem. Marcelo aproveitou para fazer uma crítica dizendo que o circuito cinematográfico brasileiro não valoriza o suficiente a arte local e o contrário tem sido visto nas plataformas de streaming, e, segundo ele, a Academia ainda vai resistir a uma mudança abrupta, principalmente pelas grandes companhias como a Warner, mas que estamos no começo dessa nova formatação no cenário.
Pedro Guedes acrescentou que esse caminho era inevitável, mas que por conta da pandemia o processo foi acelerado. Ele acredita que esse caminho ainda está sendo testado pela própria indústria, mas considera impensável assistir à estreia de filmes importantes como Matrix 4 fora dos cinemas.
Para finalizar, Marcelo e Pedro fizeram suas apostas para a grande noite do dia 25 de abril

Confira a live na íntegra aqui: