Foto de capa: Reprodução/Diário do Nordeste
Por: Gabriel Orphão
Nos últimos dias, diversos jornais e sites ao redor do planeta noticiariam a criação da Superliga Europeia. Com isso, milhares de apaixonados por futebol do mundo todo se posicionaram, seja contra ou a favor, sobre a criação da competição. Mas afinal, o que é a Superliga Europeia? O Em Todo Lugar preparou um resumo do que você precisa saber sobre os planos e porque o tema é importante.
O que é?
Na noite do dia 18 de abril, 12 dos maiores e mais ricos clubes de futebol do planeta anunciaram a criação da Superliga Europeia (ESL). As equipes organizadoras da ESL, inicialmente, seriam:
- Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid (Espanha).
- Juventus, Milan e Inter de Milão (Itália).
- Manchester United, Manchester City, Liverpool, Chelsea, Tottenham e Arsenal (Inglaterra).
Segundo alguns jornais internacionais, a equipe francesa do Paris Saint Germain, os portugueses Porto e Benfica, e os alemães Bayern de Munique e Borussia Dortmund também foram convidados para se tornarem clubes fundadores da Superliga, mas acabaram recusando a proposta.
O presidente do Real Madrid, Florentino Perez, foi eleito como o primeiro presidente da Superliga. Não foram divulgadas mais informações sobre como funcionou a eleição, nem por quanto tempo Florentino ficará na presidência da competição. Dois dias após o anúncio da Superliga, os 6 clubes ingleses anunciaram que não fariam mais parte da criação da competição. Pouco tempo depois, Atlético de Madrid, Milan e Inter de Milão também anunciaram a saída do projeto.
A Superliga contaria, a princípio, com 20 equipes, sendo 15 delas as fundadoras (as 12 anunciadas e mais 3 que seriam anunciadas), que seriam membros permanentes da competição. Outros 5 clubes poderiam ser classificados anualmente, com base nos resultados de seus campeonatos nacionais.
Segundo diversos jornais europeus, a criação da Superliga teve como inspiração a Euroliga de basquete. Nesta competição, os clubes mais poderosos se enfrentam em um torneio, brigando pelo título do campeonato. Essa situação se tornou realidade quando as equipes abandonaram a Federação Internacional de Basquete (FIBA) para criarem a União das Ligas Europeias de Basquete (ULEB).
Qual a principal motivação por trás da Superliga?
O que levou as 12 equipes a se juntarem no projeto foi a questão financeira. Os representantes do torneio disseram que a competição “proporcionará um crescimento econômico significantemente maior” do que com o atual modelo da Liga dos Campeões. Os clubes fundadores receberiam, juntos, € 3,5 bilhões na primeira temporada (cerca de 23 bilhões de reais). Além disso, a Superliga diz que contribuiria com € 10 bilhões em “pagamentos de solidariedade”.
Se a informação se confirmar, a quantia paga seria muito superior ao que é pago aos clubes pela UEFA em todas as suas competições (Liga dos Campeões, Liga Europa e Supercopa da UEFA), nas quais a maior premiação é a da Champions League, de 19 milhões de euros (cerca de 120 milhões de reais).
Quem desaprova?
Desde a notícia do surgimento da Superliga, diversas instituições repudiaram a criação da mesma. Além dos clubes que recusaram a participação no torneio, outras equipes também se pronunciaram negativamente, mesmo sem terem sido convidadas, como o RB Leipzig (Alemanha) e o Sevilla (Espanha).
Jogadores e ex-jogadores de grandes equipes ao redor do planeta também se pronunciaram contra a criação da Superliga:
Políticos também se pronunciaram contra a criação da Superliga:
- O presidente francês, Emmanuel Macron, emitiu um comunicado, de acordo com a agência de notícia Reuters: “O presidente da República saúda a posição dos clubes franceses de se recusarem a participar de um projeto da Superliga do futebol europeu que ameaça o princípio da solidariedade e do mérito esportivo”.
- O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse: “Eles atacariam a alma do jogo nacional e preocupam os fãs de todo o país. Os clubes envolvidos devem responder aos seus torcedores e à comunidade futebolística em geral antes de tomarem quaisquer medidas”.
Antes dos clubes ingleses abandonarem o projeto, torcedores das 6 equipes que estariam presentes no torneio foram até os estádios e centros de treinamento dos times para protestar contra a criação e a participação de seus times do coração na competição.
As punições aos participantes
Tanto a FIFA quanto a UEFA anunciaram que todos os clubes participantes, juntamente de seus atletas, sofreriam punições em outras competições:
- A UEFA anunciou que todos os clubes que participarem de alguma competição que tenha sido criada sem o aval da entidade seriam excluídos dos torneios continentais (Liga dos Campeões e Liga Europa), assim como de seus campeonatos nacionais (La Liga, Serie A, Premier League etc. O mesmo vale para as outras 5 entidades continentais: AFC (Ásia), CAF (África), CONCACAF (América do Norte e Central), CONMEBOL (América do Sul) e OFC (Oceania).
- A FIFA anunciou que os atletas dos clubes participantes do torneio estariam impossibilitados de serem convocados por suas seleções para amistosos e torneios internacionais, o que incluiria a Copa do Mundo do Catar de 2022. Ou seja, atletas como Messi, Cristiano Ronaldo, Mohamed Salah, Karim Benzema e muitos outros seriam impossibilitados de disputar as próximas Copas do Mundo. Alguns brasileiros que costumam ser convocados pelo técnico Tite também seriam prejudicados com isto, como Roberto Firmino, Alisson Becker, Vinicius Júnior, Philippe Coutinho e muitos outros.
A relação dos países da América do Sul com a Superliga
O projeto da Superliga foi criado em novembro de 2019, quando o presidente da FIFA, Gianni Infantino, se reuniu com os presidentes de Real Madrid, Manchester United e Juventus para conversar sobre um possível novo torneio.
Durante a reunião, dois clubes da América do Sul também estiveram presentes, representados por seus presidentes: os argentinos River Plate e Boca Juniors. A ideia inicial seria de que estes dois clubes também fizessem parte da fundação da Superliga, juntamente com mais duas equipes brasileiras. Esta reunião irritou dirigentes da UEFA e da CONMEBOL. Gianni Infantino, posteriormente, explicou que a reunião ocorreria de qualquer forma, e a FIFA poderia ajudar a mediar acordos.
Pouco tempo depois, em dezembro de 2019, o chefe da entidade máxima do futebol se reuniu com a diretoria do Flamengo, em especial com o presidente Rodolfo Landim, durante o Mundial de Clubes de 2019. Na ocasião, o suíço convidou a equipe carioca a fazer parte da competição, juntamente de outro clube brasileiro, que ainda não havia sido definido.
Em paralelo às conversas com a FIFA, houve reuniões do Flamengo com alguns dos clubes fundadores da Superliga. Segundo dirigentes da equipe brasileira, foi demonstrado interesse dos europeus em incluir a agremiação no projeto de forma fixa. Na sequência, no entanto, houve a pandemia, e foram paralisados quaisquer contatos com os clubes sul-americanos.
O projeto lançado pela Superliga evoluiu sem a inclusão de equipes de outros continentes. Isto porque a competição está prevista para ser disputada nos meses de maio, junho e agosto em meio de semana. Ou seja, seria inviável para clubes de fora da Europa disputarem o torneio.
O projeto da Superliga ainda prevê, no futuro, um Mundial de Clubes em janeiro, por três semanas, com formato diferente do previsto pela FIFA. Seria um torneio no formato mata-mata com 32 clubes, sendo 12 deles, os fundadores da Superliga. Ainda seriam incluídos outros europeus fora da liga e times de outros continentes, como a América do Sul.
O que o futuro reserva?
Não se sabe ainda se a Superliga existirá, de fato, ou não. Os 6 clubes fundadores restantes ainda insistem na criação da competição, enquanto a UEFA e a FIFA seguem se pronunciando contra o torneio.
Grande parte dos apaixonados por futebol em todo o planeta foi contra a competição. Certamente, os dirigentes dos clubes envolvidos estão cientes do alto índice de rejeição de grandes empresas, entidades, clubes, jogadores e torcedores, e isto pode ser um fator determinante na criação, ou não, da Superliga Europeia.