Giro em todo lugar CS:GO – PaiN Gaming

Foto de capa: Reprodução/Walter Mattos 

Por Gabriel Orphão 

PaiN é tradição! Quem acompanha, diariamente, os cenários de eSports com certeza já ouviu esta frase. Assim como no League of Legends, a PaiN Gaming também possui uma história no Counter-Strike: Global Offensive. A equipe, que possui Arthur “PAADA” Zarzur como CEO e fundador, já teve em seu elenco diversos atletas conhecidos pela comunidade do CS:GO, como Raphael “cogu” Camargo, atual treinador do “O Plano”, Marcelo “chelo” Cespedes, jogador do MIBR, e Guilherme “spacca” Spacca, comentarista de eSports e um dos primeiros atletas da FURIA, além do campeão mundial no CS 1.6 e no CS:GO, Lincoln “fnx” Lau. 

Antes de se juntar ao CS:GO, a PaiN possuía equipes de Crossfire, FPS (“First Person Shooter, ou seja, jogos de tiro em primeira pessoa) criadas pela Z8Games. Um dos principais atletas da organização nesta modalidade era Gabriel “FalleN” Toledo, atual capitão da Team Liquid e bicampeão mundial de CS:GO. 

Os atletas 

A PaiN Gaming, atual 26º melhor time do mundo segundo o ranking da HLTV.org, conta com jogadores bem conhecidos no cenário nacional e internacional. A equipe é capitaneada pelo experiente Vinícios “PKL” Coelho, que tem ao seu lado Rodrigo “biguzera” Bittencourt, Wesley “hardzao” Lopes, Gabriel “NEKIZ” Schenato e Rafael “saffee” Costa. O treinador da equipe é o veterano Bruno “ellllll” Ono, ex-atleta do MIBR na época do CS 1.6, e que foi campeão do ESWC 2006, o primeiro Major da história do Counter-Strike vencido por uma equipe brasileira. 

Atletas da PaiN Gaming comemoram título da ESEA Premier NA – Foto: Reprodução/Twitter PaiN Gaming 

Muito além de uma simples organização 

Conhecida, internacionalmente, por ser a principal equipe brasileira no League of Legends, a PaiN Gaming tenta repetir o sucesso do famoso MOBA (tipo de jogo que inclui o LoL) da Riot em outros eSports. Além do CS:GO e do LoL, a organização também possui equipes de Clash RoyaleFree Fire, Dota 2 e Valorant. Até a metade de 2019, a organização também possuía time de Rainbow Six Siege, mas, devido ao desempenho abaixo do esperado, optou por dispensar sua LineUp

No League of Legends, a PaiN é a segunda maior campeã do Campeonato Brasileiro do game, o CBLOL, com três títulos, e já foi a casa de diversos grandes jogadores, como o francês Hugo “Dioud” Padioleau e o brasileiro Gabriel “Kami” Bohm. Hoje, tem como principal atleta o experiente Felipe “brTT” Gonçalves, considerado o maior jogador brasileiro de League of Legends de todos os tempos. 

Além do gigantesco destaque no LoL, a PaiN é um exemplo a ser seguido por diversas outras organizações. A equipe de PAADA foi a primeira na América Latina a ter uma Gaming House, ou seja, uma casa onde os atletas moram e treinam diariamente a sua modalidade. Isto ocorreu em um pequeno imóvel no ano de 2013, logo após a conquista do CBLOL. Atualmente, a “PaiN House” é uma mansão situada em Alphaville, bairro nobre do estado de São Paulo. 

Além da Gaming House, a PaiN também foi a pioneira em outro assunto: primeira organização do mundo a lançar um plano de sócio-torcedor, semelhante ao que ocorre com as equipes de futebol. Apenas na primeira semana de lançamento do plano, em 2016, a PaiN alavancou mais de 3.400 assinantes.  

Devido ao fato da organização estar presente em diversas modalidades e, na maioria das vezes, obtendo um bom desempenho nelas, seja dentro ou fora dos servidores, a PaiN conseguiu um grande número de patrocínios, inclusive de grandes empresas, algo que não era muito comum nos eSports. Atualmente, a equipe é apoiada pela marca de carros alemã BMW, pelo aplicativo de relacionamentos Tinder, pela Motorola e até mesmo pela Coca-Cola

Grandes feitos no CS:GO 

A PaiN Gaming foi criada ainda na época do CS 1.6, mas não conseguiu muito sucesso por lá, sendo uma das equipes de menor expressão na época. Ao migrar para o CS:GO, começou a se destacar mais e conquistou seu primeiro título em agosto de 2016, ao viajar para os Estados Unidos. Lá ganhou a ECS Season 2 NA Development League, vencendo os americanos da exceL eSports na grande final. 

Ainda no ano de 2016, a equipe disputou o qualificatório aberto do Minor das Américas, evento que daria vaga ao Major ELEAGUE Atlanta 2017. Os brasileiros saíram com o título e foram disputar o qualificatório fechado, no qual enfrentariam equipes de mais alto nível, convidadas pela organização. Porém ficaram na 5ª-6ª colocação, atrás inclusive da outra equipe brasileira que estava na competição, a Immortals (Hen1, Lucas1, boltz, felps, steel e zakk), e foram eliminados do qualificatório, dando fim ao sonho de disputarem o primeiro Major daquele ano, que foi vencido pelos dinamarqueses da Astralis. 

Após a eliminação, a PaiN voltou para o Brasil e teve uma sequência de quatro títulos seguidos: a Liga Pro da Gamers Club de março e abril, a temporada 24 da ESEA Open do Brasil e o qualificatório aberto para o Minor das Américas do PGL Krakow 2017.  

No Minor do segundo Major de 2017, os brasileiros acabaram ficando mais uma vez na 5ª-6ª, sendo eliminados da competição e, novamente, ficando atrás das outras equipes brasileiras: a Immortals (que vinha com uma mudança desde o último qualificatório: a saída de felps para a entrada de kNgV-) e a Luminosity Gaming (PKL, destiny, yeL, shz, SHOOWTIME e felippe1). Neste Major, a grande final foi entre a Immortals e a Gambit, que possuía atletas do Cazaquistão, da Rússia e da Ucrânia. Porém os brasileiros não fizeram uma boa partida e ficaram com a segunda colocação. 

Nos anos de 2018 e 2019, a PaiN foi uma das principais equipes da América do Sul e conquistou diversos títulos de grande expressão no continente, como uma Brasil Game Cup, um circuito CLUTCH e duas edições da Gamers Club Masters, o principal evento da América Latina. 

Jogadores da PaiN Gaming comemoram título da Gamers Club Masters III, após vencerem a equipe da DETONA – Foto: Reprodução/ge.globo 

A pandemia e a volta aos Estados Unidos 

Em 2020, a PaiN Gaming teve alguns problemas bem importantes devido à pandemia da COVID-19. Enquanto os casos do novo coronavírus eram poucos e restritos apenas a alguns países da Ásia, a organização anunciou que havia planos de levar seus atletas para disputarem competições na América do Norte, onde enfrentariam equipes de mais alto nível. 

O plano inicial da organização era levar o sexteto até Vancouver, no Canadá, em abril, para que morassem na região. No entanto, com o avanço da pandemia, a viagem teve que ter as datas e o destino alterados: a equipe optou por enviar os atletas para Las Vegas, nos Estados Unidos, e só conseguiu este feito em setembro. 

Em entrevista ao portal START, do Uol, o coach da equipe, Bruno “ellllll” Ono, explicou a mudança nos planos: 

“Com a quarentena, nossa ida para o Canadá em abril foi cancelada e ainda estamos sem perspectiva até que a situação causada pelo coronavírus seja normalizada. Acalmar a rotina por conta da falta de visibilidade com relação aos campeonatos poderia ter sido nossa estratégia para o momento, mas decidimos manter a rotina de treinos normalmente para estarmos 100% preparados para qualquer novidade referente ao Canadá ou oportunidade de algum evento online no Brasil durante este período”. 

A equipe partiu em agosto, com destino aos Estados Unidos. Contudo as coisas não foram tão fáceis assim para os brasileiros. Segundo PKL, capitão da equipe, os atletas precisaram ultrapassar diversas barreiras para poderem ingressar em solo americano: fizeram uma quarentena de 16 dias e tiveram voos, aluguéis de casas e carros cancelados. 

PKL desabafa sobre as dificuldades do time para entrar nos Estados Unidos durante a pandemia da COVID-19 

Será possível obter o mesmo sucesso das outras modalidades? 

Embora seja uma missão bastante complicada, é possível que a PaiN Gaming se torne, algum dia, a principal organização de Counter-Strike: Global Offensive do Brasil. Desbancar grandes organizações, como o MIBR, a FURIA, o G3X e diversas outras, não é algo fácil de realizar. 

Muitos brasileiros possuem um carinho especial pela organização por conta de acompanharem a PaiN em outros eSports, especialmente no LoL, o que faz com que a torcida seja ainda maior do que de outras grandes equipes. 

O elenco já conseguiu mostrar que tem potencial para chegar até os principais campeonatos do mundo. Basta para a organização construir sua história, dando um passo de cada vez e buscando sempre se tornar o melhor time de CS:GO brasileiro da atualidade. 

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