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Por Lucas Furtado Isaias
Nesta segunda (14/06) ocorreu a última transmissão do Núcleo Artístico e Cultural (NAC) deste semestre com uma conversa de pai e filho que estão unidos na mesma paixão: o cinema. O diretor Osvaldo Caldeira e o estudante do curso de Cinema da FACHA e cineasta, Lucas Caldeira, conversaram com Bruna Bianchin sobre a relação familiar e as ligações com este mundo.
Na live, Oswaldo falou sobre os bastidores do documentário “Muda Brasil” (1985) que acompanhou a última eleição indireta para presidente do Brasil com a vitória de Tancredo Neves (PMDB) sob Paulo Maluf (PDS) no Colégio Eleitoral. Ele contou o roteiro do documentário era o noticiário político dos jornais e, durante os seis meses que filmou o longa, conversou com todos os parlamentares para a sua produção: “Todo o período que eu e minha equipe filmamos o documentário entrevistamos todos os deputados e senadores e uma coisa interessante era que praticávamos uma intervenção, éramos atores do drama. Nós provocamos fatos, agia naquela realidade”, afirmou, relembrando das entrevistas com deputados e senadores baseadas nos assuntos que dominavam as manchetes do dia.
O diretor contou que o presidente eleito assistiu o documentário, um pouco antes de ser internado: “O Tancredo assistiu ao filme sentindo mal. Eu soube, depois, que ele foi carregado quando saiu do carro para o cinema da casa dele. Foi uma coisa emocionante”, relembrou. Tancredo foi internado em Brasília, na véspera de sua posse, em 14 de março de 1985 com fortes dores abdominais, doze dias mais tarde foi transferido para São Paulo e faleceu na noite de 21 de abril. Os 38 dias de internação causaram angústia e o seu falecimento causou comoção em todo o país.

Lucas falou sobre suas inspirações: “Eu sou fortemente influenciado por fazer filmes arrasa-quarteirão de Hollywood, mas não é só isso. Por causa do meu pai, eu também sou influenciado por diversos movimentos, principalmente como Nouvelle Vague e o Cinema Novo e antes de estudar na FACHA, dizia que o meu filme favorito era o “Cidadão Kane”, não tem como negar a influência deste filme (na trajetória)”, comentou. O diretor também comentou seus diretores favoritos como Yorgos Lanthimos e Denis Villneuve.
Ao ser indagado sobre as diferenças de se fazer filmes ficcionais e documentais e sobre sua preferência, Lucas explicou as diferenças e o seu gosto por fazer ficção: “A ficção você tem um controle maior do que está fazendo, mas ele te dá maior liberdade para realizar, criar mundos que não existem. Eu acho que os documentários são, predominantemente, pé no chão e eles buscam mais retratar a realidade, mesmo que seja de um ponto de vista ou dando uma opinião sobre ela, enquanto a ficção você abre mais espaço para fantasia”, comentou dizendo que gosta mais de fazer ficção por ter mais a ver com ele.
Esta transmissão encerrou o terceiro semestre que o NAC tem feito eventos por intermédio de seu perfil no Instagram com convidados de renome do cenário artístico. As lives continuarão a ser realizadas, pelo menos, até a retomada das atividades e das aulas presenciais na FACHA. Para saber sobre novas lives, siga o Núcleo no Instagram. A transmissão, na íntegra, pode ser acompanhada aqui: