De origem “guerreira”, Pentatlo Moderno é um dos esportes olímpicos mais antigos e o “mais completo”

Brasil possui uma medalha com Yane Marques e contará com Ieda Guimarães em Tóquio 

Foto de capa: Rebeca Doin 

Por Júlia Nascimento 

A palavra “moderno” foi acrescentada ao Pentatlo para fazer uma distinção do modelo tradicional desse esporte praticado desde o ano de 708 a.C., ainda nos Jogos Olímpicos da Antiguidade. E sua origem possui como pano de fundo, justamente, um cenário composto por guerreiros, lutas e combates. 

Segundo registros históricos, a inserção da modalidade no programa olímpico foi uma reivindicação dos espartanos, guerreiros de grande tradição militar. Para eles, os esportes praticados nas Olimpíadas estavam muito voltados para os civis. Assim como o triatlo, o pentatlo envolve e exige diferentes habilidades de seus atletas: esgrima, natação, hipismo, tiro e corrida. Portanto é natural que os participantes dessa modalidade sejam considerados “completos”. 

Ieda Guimarães, de 20 anos, será o Brasil no pentatlo em Tóquio – Foto: Reprodução/Pentatlo Brasil

Também da mesma forma que os triatletas, os pentatletas logo tiveram sucesso com o público e ocuparam posição de destaque nos Jogos Olímpicos. E mais: o vencedor do pentatlo recebia a mais alta recompensa olímpica e o título de Victor Ludorum – “O Vencedor dos Jogos” ou “O Campeão”.  

Regras 

A primeira etapa do pentatlo é a esgrima, com espada. Na segunda, os competidores vão para a água pela natação (200 metros). A terceira etapa é o hipismo, com a execução de saltos. Já nas etapas 4 e 5, o “evento combinado”, que consiste em tiro e corrida. A seguir, os detalhes de cada fase: 

Etapas do pentatlo moderno – Foto: Artisticco/Shutterstock

Esgrima: os pentatletas se enfrentam em uma série de duelos com a espada, quando todos se enfrentam em combates de um minuto de duração ou pelo tempo necessário para que um dos dois seja atingido. Vence quem conseguir encostar a espada em qualquer parte do corpo do adversário. Pontos são perdidos em caso de jogo perigoso, saída dos limites da pista ou dando as costas ao adversário. 

Natação: os participantes nadam 200 metros livres contra o relógio. A pontuação é proporcional à rapidez do nadador. Caso o atleta termine em 2min30s, tem uma adição de 200 pontos à sua nota geral. A cada segundo mais rápido ou mais lento, dois pontos são acrescidos ou retirados respectivamente.  

Hipismo: cavaleiro e cavalo são unidos via sorteio, o que significa que o pentatleta precisa ainda lidar com o fato de não estar habituado ao animal. O trajeto é de 350 a 450 metros, com 12 obstáculos de no máximo 1,2 m, sendo um duplo e um triplo. Os tempos são de um minuto para o percurso menor e de 1min17s para o maior. O melhor colocado nas duas provas anteriores tem a vantagem de iniciar o sorteio pelo cavalo. A partir de então, possuem 20 minutos para se familiarizarem com o animal. O percurso é interrompido caso haja duas quedas. 

Corrida e Tiro a Laser: a corrida ocorre em um trajeto de 3.200 metros, em superfícies variadas e com um desnível máximo de 50 metros. O melhor colocado nas etapas anteriores larga primeiro. O segundo melhor é liberado com a diferença de pontos sendo transformada em diferença de segundos para a largada, e assim sucessivamente. Há a primeira parada para o tiro, em que o pentatleta deve atingir o alvo cinco vezes. Depois, a cada 800 metros percorridos, novos disparos, até completar quatro séries de 50 segundos cada (para os acertos). O alvo fica a 10 metros de distância, e os tiros são feitos de pé, com apenas uma mão e sem apoio. 

Olimpíadas 

Pelos Jogos Olímpicos da Era Moderna, o pentatlo entrou na edição de Estocolmo 1912, através do Barão Pierre de Coubertin. Algumas adaptações foram feitas e chegou-se no atual pentatlo moderno.  

Maiores vencedores 

Crédito: Rebeca Doin

As primeiras edições olímpicas foram dominadas pela Suécia, que conquistou oito das nove primeiras disputas. Gösta Lilliehöök, Bo Lindman e Lars Hall são os principais nomes suecos na história da modalidade. Soviéticos e húngaros também possuem destaque no esporte em questão, principalmente com Igor Novikov e András Balczó, único pentatleta a vencer três ouros olímpicos, além de cinco mundiais seguidos.  

No entanto, apesar da grandeza do húngaro, é de outro soviético o posto de maior medalhista olímpico da história: Pavel Lednyov soma nada menos que sete conquistas, sendo dois ouros e uma prata por equipes, mais quatro medalhas individuais, o único pentatleta com quatro pódios individuais. 

Mais tarde, outros países foram evoluindo no esporte e tendo resultados melhores com seus representantes em Olimpíadas nas décadas de 1980 e 1990. Nos Jogos da década de 2000, os russos dominaram, conquistando o ouro em quatro das últimas cinco edições. Destaque para Andrey Moiseyev, bicampeão em Atenas 2004 e em Pequim 2008. 

Crédito: Rebeca Doin

O pentatlo contou com participação feminina em Mundiais apenas a partir de 1978 e em Olimpíadas somente desde Sydney 2000. Foi quando a britânica Stephanie Cook entrou para os registros como a primeira campeã olímpica. Mas a Hungria retoma o protagonismo na modalidade, com Zsuzsanna Vörös, ouro em Atenas 2004, sendo uma das maiores da história, possuindo 16 medalhas em Mundiais (seis ouros) e 13 medalhas em Europeus. 

Brasil 

O pentatlo moderno chegou ao Brasil no ano de 1922. Com a evolução do esporte no território nacional, representantes brasileiros estiveram presentes nas Olimpíadas de Berlim 1936, Helsinque 1952, Melbourne 1956, Roma 1960 e Tóquio 1964. Por muito tempo, os militares dominaram as vagas nas competições, também pela questão da origem “guerreira” desta modalidade.   

A geração brasileira de pentatletas da década de 1950 foi boa e deu frutos internacionais, como a medalha de bronze por equipes no Mundial de 1951. Nos Jogos de 1952, o Brasil conseguiu um bom décimo lugar com Eduardo de Medeiros e um ainda melhor sexto lugar por equipe. Contudo, depois desse bom momento, a delegação brasileira voltou às Olimpíadas apenas na década de 2000. 

Yane Marques, única medalhista olímpica do Brasil no pentatlo moderno, em Londres 2012 – Foto: Reprodução/Olimpíada Todo Dia

A única medalhista brasileira em Jogos Olímpicos é Yane Marques, dona do bronze em Londres 2012. A pernambucana, detentora deste feito histórico para o esporte brasileiro, conta ainda com duas medalhas em Mundiais (prata em 2013 e bronze em 2015), duas em Copa do Mundo (prata em 2009 e bronze em 2012) e três em Jogos Pan-Americanos, com dois ouros (Rio 2007 e Toronto 2015) e uma prata (Guadalajara 2011). 

Em Tóquio 

Serão 72 pentatletas em Tóquio buscando ser “o mais completo dos Jogos”. E o Brasil estará representado por outra mulher querendo fazer história: Ieda Guimarães, fazendo sua estreia olímpica no Japão.  

A carioca se classificou depois de conseguir a melhor performance sul-americana nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019. Com somente 20 anos, Ieda será a quarta mais jovem no feminino vivendo o sonho olímpico.  

Calendário

Crédito: Rebeca Doin
Crédito: Thalis Nicotte

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