Foto de Capa: Rebeca Doin
Por Lucas Furtado Isaias
O atletismo em Jogos Olímpicos rendeu alguns dos momentos mais memoráveis da história do esporte brasileiro, como a medalha de ouro de Thiago Braz no salto com vara na Rio 2016, em uma disputa intensa com o francês Renaud Lavillenie. E é uma esperança de medalha mais uma vez, agora em Tóquio 2020. Cinquenta e três vagas estão confirmadas para brasileiros nas mais variadas categorias. Ao todo, são 48 provas a serem realizadas com a novidade do revezamento 4X400 misto, seguindo os esforços da organização em ter mais representatividade e equidade nos eventos.
As provas vão de corridas com ou sem obstáculos à maratona, passando por disputas de arremesso, decatlo/heptatlo e marcha atlética. Todas as provas representam a tradição que o atletismo tem desde a fundação da versão moderna da competição em 1896, mas que tem laços mais antigos vindos da Grécia Antiga em 776 a.C., quando foram organizadas as primeiras competições.

Tais torneios foram ente gregos e civilizações da Ásia e fizeram parte da Olímpiada da Grécia Antiga, que se tornou uma competição oficial. O formato moderno surgiu no fim do Século XVIII, quando competições militares passaram a fazer provas de atletismo e, em 1850, na Wenlock Olympic Games, na cidade inglesa de Shropshire, a modalidade passou a fazer parte do calendário esportivo.
Foi para o programa olímpico apenas com competições masculinas, enquanto as femininas só surgiram em Amsterdã 1928. A World Athletics, antiga IAAF, foi fundada em 1912. Já a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) foi criada 65 anos depois, em 1977.
Em 125 anos que o esporte faz parte do programa olímpico, o atletismo criou grandes nomes, como Usain Bolt, Carl Lewis, Yelena Isinbayeva, Bärbel Wöckel, Caster Semenya. E seguirá criando ícones em suas mais diversas provas.
As corridas são feitas em uma pista com 400 m, nas provas superiores a este tamanho, os competidores dão algumas voltas. Quando estão chegando ao derradeiro giro na pista, um sino é tocado para avisar aos participantes o fim próximo da prova.

Em outro ponto, ao lado da pista, são feitos os saltos em distância e triplo, com a diferença na quantidade de pulos a serem feitos antes de saltar na caixa de área. Cada participante tem três chances de fazer o salto em cada rodada e vence quem fizer o maior salto na decisão. Pulos feitos depois da barra metálica de 20 cm, que separa a pista da caixa, são desclassificados. Vence quem fizer o maior salto, superando os seus adversários.
As provas de lançamento e arremesso de disco são realizadas em um outro ponto do estádio, e os atletas tentam arremessar o objeto na maior distância possível. As regras são similares para as provas de dardo, disco e de martelo, cada uma com três tentativas para os arremessos. Vence quem arremessar mais longe nos locais permitidos. Em caso de empate, vence quem fez a segunda melhor altura. No dardo, há técnicas específicas para o seu lançamento. No disco, o atleta tem que girar o seu próprio corpo para depois arremessar.
A marcha atlética é um esporte diferenciado que exige que a pessoa faça o caminho de 20 ou 50 km sempre com, pelo menos, um pé no chão sem flexionar. Fiscais acompanham os atletas nesta prova, e, quando o juiz nota que a regra não está sendo cumprida, ele anota em um quadro de advertências, o que corresponde a um cartão vermelho. Três cartões o desqualificam da corrida. Além disso, há a maratona, com seus 42 km e 195 m de percurso e com a tradição de ser uma das últimas provas da programação olímpica.
As provas com diversas competições que são chamadas de “combinadas” também fazem parte da programação olímpica. O decatlo, para os homens, com 100 m, 110 m com barreiras, 400 m, 1.500 m, arremesso de peso, lançamentos de disco e dardo e os saltos em altura, com vara e em distância, fazem parte da combinação. Para as mulheres, o heptatlo reúne os 100 m com barreiras, 200 m, 800 m, o arremesso de peso, lançamento de dardo, além dos saltos em altura e distância. Nessas provas, os eventos são feitos em dois dias.
O salto com vara é feito em um ponto específico do estádio, e os competidores tentam superar os seus limites. Vence quem fizer o maior salto e não for alcançado pelos seus oponentes.

O atletismo terá como novidade, nesta edição, a prova de revezamento misto 4 X 400, em conformidade ao desejo do COI de abrir mais espaço para as mulheres e promover a equidade de gênero.
E o esporte trará muitas emoções e possibilidade de novos momentos históricos. A Diamond League, principal competição da categoria, já viu, em suas últimas etapas nos 400 m com barreira, a quebra de um recorde de 29 anos com Karsten Warholm fazendo a prova em 46.70 seg na etapa de Oslo (01/07). No salto com vara, Armand Duplantis é favorito a quebrar o recorde mundial que ele mesmo fez em 2020, conseguindo saltar em 6 m e 17 cm. Nas últimas etapas da principal competição da IAAF, ele vem tentando saltar em 6 m e 19 cm, mas ainda não conseguiu vencer nesta altura, e há a possibilidade de ocorrer em Tóquio esta quebra de recorde.
A magia do atletismo, novamente, estará em cena para o mundo poder ver novos recordes serem batidos, novas histórias sendo escritas e muitas emoções em todos os dias de uma das mais aguardadas e tradicionais competições dos Jogos Olímpicos.
Brasil em Tóquio

O país terá 53 atletas neste esporte nas mais diversas categorias. O destaque é para Alison dos Santos, que quebrou, em quatro provas seguidas, o recorde sul-americano dos 400 m com barreira. Ele venceu a etapa de Estocolmo da Diamond League com 47.34 seg e é esperança de medalha para o Brasil, mesmo concorrendo com Warholm franco favorito para conquistar a medalha de ouro. Conheça todos os atletas, em ordem alfabética:
Atleta | Prova(s) |
Aldemir Gomes | 200m |
Alessandro Melo | Salto em Distância/Salto Triplo |
Alison dos Santos | 400m com Barreiras |
Almir Júnior | Salto Triplo |
Altobeli da Silva | 3000m com Obstáculos |
Ana Carolina Azevedo | 200m/Revezamento 4 X 100m |
Ana Cláudia Lemos | Revezamento 4 X 100m |
Anderson Henriques | Revezamento 4 X 400m Misto |
Andressa Morais | Lançamento de Disco |
Augusto Dutra | Salto com Vara |
Bruna Farias | Revezamento 4 X 100m |
Caio Bonfim | Marcha Atlética – 20km |
Chayenne Silva | 400m com Barreiras |
Daniel Chaves | Maratona |
Daniel Nascimento | Maratona |
Darlan Romani | Arremesso de Peso |
Derick de Souza | Revezamento 4 X 100m |
Eduardo de Deus | 110m com Barreiras |
Eliane Martins | Salto em Distância |
Érica Sena | Marcha Atlética – 20km |
Felipe Bardi | 100m/Revezamento 4 X 100m |
Felipe dos Santos | Decatlo |
Fernando Ferreira | Salto em Altura |
Gabriel Constantino | 110m com Barreiras |
Geisa Arcanjo | Arremesso de Peso |
Geisa Coutinho | Revezamento 4 X 400m Misto |
Izabela da Silva | Lançamento de Disco |
Jorge Vides | 200m/Revezamento 4 X 100m |
Jucilene Lima | Lançamento de Dardo |
Ketiley Batista | 100m com Barreiras |
Laila Ferrer | Lançamento de Dardo |
Lucas Carvalho | 400m/Revezamento 4 X 400m Misto |
Lucas da Conceição Vilar | 200m |
Lucas Mazzo | Marcha Atlética – 20km |
Márcio Teles | 400m com Barreiras |
Mateus Daniel Adão de Sá | Salto Triplo |
Matheus Corrêa | Marcha Atlética – 20km |
Núbia Soares | Salto Triplo |
Paulo André | 100m/200m/Revezamento 4 X 100m |
Paulo Roberto de Paula | Maratona |
Pedro Burmann | Revezamento 4 X 400m Misto |
Rafael Pereira | 110m com Barreiras |
Rodrigo Nascimento | 100m/Revezamento 4 X 100m |
Rosângela Santos | 100m/Revezamento 4 X 100m |
Samori Uiki | Salto em Distância |
Simone Ferraz | 3000m com Obstáculos |
Tabata Vitorino | Revezamento 4 X 400 Misto |
Tatiane Raquel | 3000m com Obstáculos |
Tiffani Marinho | 400m/Revezamento 4 X 400m Misto |
Thiago André | 800m/1500m |
Thiago Braz | Salto com Vara |
Thiago Moura | Salto em Altura |
Vitória Rosa | 100m/200m/Revezamento 4 X 100m |
Programação
Os eventos serão feitos no Estádio Olímpico, com exceção das provas de Marcha Atlética e Maratona, que serão realizadas no Sapporo Odori Park.

