Foto de capa: Rebeca Doin
Por Rodrigo Glejzer
Natação
Modalidade responsável por muitas medalhas brasileiras ao longo da atual Paralimpíada, a natação não teve pódios pela primeira vez em Tóquio. Destaques para Daniel Dias, possivelmente em uma de suas últimas provas na carreira, e para o revezamento 4x100m masculino.
Na final dos 50m borboleta classe S6 (para atletas com deficiências físicas), Gabriel Melone da Silva ficou em sétima lugar com os chineses Jingang Wang (ouro) e Hongguang Jia (prata) e o colombiano Nelson Corzo (bronze) formando o pódio na prova.
Depois de vencer a prova de 50m livres na última sexta-feira, Wendel Belarmino voltou à piscina para competir nos 200m medley. Ambas as disputas aconteceram pela classe SM11 (para competidores com deficiência visual). Terminando em sétimo lugar, o brasileiro viu o holandês Rogier Dorsman (ouro e novo recorde mundial), o ucraniano Mykhailo Serbin (prata) e o japonês Uchu Tomita (bronze) consquistarem as medalhas da prova.
Multicampeão, são 27 medalhas paralímpicas no total, e pensando em se aposentar após os Jogos Paralímpicos, Daniel Dias competiu nos 50m costas da classe S5 (para atletas com deficiências físicas) em busca de sua quarta medalha no Japão (já conquistou três bronzes no torneio). No entanto, apesar de todo o esforço, Dias não conseguiu passar do quinto lugar. Os três primeiros lugares ficaram com a China. Tao Zheng levou o ouro, enquanto Jingsong Ruan ficou com a prata e Lichao Wang fechou com o bronze.

No revezamento 4x100m masculino, Ruiter Silva (S9), Vanilton Filho (S9), Talisson Glock (S6) e Phelipe Rodrigues (S10) largaram bem e viraram as duas primeiras trocas em segundo lugar. Porém, Glock não conseguiu manter o ritmo na sua vez e os brasileiros acabaram caindo para quinto. Último nadador, Melo conseguiu fazer uma boa recuperação e colocou o Brasil no quarto lugar. Sobrando a prova inteira, os australianos não só conseguiram o ouro como também o recorde mundial. Itália (prata) e Ucrânia (bronze) encerraram o pódio.
Pelas mulheres, Maiara Barreto encarou os 100m livre da classe S3 (para atletas com deficiências físicas) e terminou em sétimo lugar. A italiana Arjola Trimi venceu a prova, seguida pela norte-americana Leanne Smith (prata) e pela russa Iuliia Shishova (bronze).
Atletismo
Se na natação as medalhas não vieram, a história foi completamente diferente no atletismo. Começando com Claudiney Batista no lançamento de disco na classe F56 (competem em cadeiras devido a sequelas de poliomielite, lesão medular e amputação). Campeão em casa na Rio 2016, o brasileiro repetiu o resultado e levou o ouro mais uma vez. Para completar a festa, ainda bateu o recorde mundial ao atingir 46,68m. O indiano Yogesh Kathuniya terminou em segundo e o cubano Leonardo Díaz em terceiro.
No arremesso de peso na classe F11 (para deficientes visuais) Alessandro Rodrigo quebrou a sua melhor marca no ano, ao atingir 13,89m, e ficou com a prata ao ser superado pelo iraniano Mahdi Olad. O italiano Oney Tapia garantiu a medalha de bronze.

Nas provas de velocidade, Vinícius Rodrigues competiu a final dos 100m T63 (amputados de membros inferiores com prótese) com certa dose de favoritismo depois de bater o recorde paralímpico nas semifinais. Infelizmente, Rodrigues largou mal e teve que fazer uma excelente prova de recuperação. Terminou a prova com o tempo de 12s05, apenas um centésimo atrás do vencedor, o russo Anton Prokhorov, e a prata no peito. Marcando 12s55, o alemão Leon Schaefer assegurou o bronze.
Entre as mulheres, destaque para Elizabeth “Beth” Gomes no lançamento de disco F53 (competem em cadeiras devido a sequelas de poliomielite, lesão medular e amputação). Ouro no Parapan de Lima e no Mundial do Qatar, ambos realizados em 2019, a brasileira quebrou o recorde mundial, marca que antes pertencia a ela mesma, e finalizou a disputa com 17,62m. A dupla ucraniana Iana Lebedieva (prata) e Zoia Ovsii (bronze) completou o pódio.
Apesar dos excelentes resultados, o atletismo brasileiro acabou tendo o que lamentar. Durante as eliminatórias dos 1.500m T11 (deficientes visuais), Júlio César Agripino realizava boa prova até se chocar com o queniano Erick Kiptoo Sang e ser desclassificado.
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Tênis de Mesa e Futebol de 5
Jogando contra a chinesa naturalizada australiana Qian Yang, a brasileira Bruna Alexandra terminou derrotada na final. Em jogo bastante disputado, Alexandra perdeu o primeiro set (13/11) e conseguiu se recuperar no segundo (6/11), mas não conseguiu manter o ímpeto nos sets restantes e cedeu a partida por 3 a 1 com parciais restantes de 11/7 e 11/9.
Atual tetracampeã invicta do Futebol de 5, a seleção masculina está firme e forte em busca do seu quinto título olímpico. Depois de passar pela China por 3 a 0, os brasileiros dominaram o Japão por 4 a 0 e se garantiram nas semifinais. Gols marcados por Ricardinho (duas vezes), Tiago Paraná e Nonato. O Brasil volta a jogar contra a França, última do grupo e já eliminada, no dia 30 de agosto às 23h30.

Goalball e Vôlei Sentado
Derrotada duas vezes, por EUA e Turquia, e com apenas os pontos do empate contra o Japão, as meninas do Brasil precisavam de ao menos um empate contra o Egito, lanterna do grupo com três derrotas, para se classificar. Com oito gols de Jéssica Gomes, as brasileiras bateram as egípcias por 11 a 1 e venceram a partida por superioridade técnica, quando uma das equipes abre dez gols de vantagem. Agora enfrentam a China pelas quartas de final no dia 01/09 às 05:45.
Até então invicta na fase de grupos com duas vitórias, a equipe masculina caiu diante do Irã, atual campeão olímpico e responsável por eliminar o Brasil nas semifinais das Olimpíadas de 2016. Contando com os 2.46m do gigante Morteza Mehrzad, neste momento o segundo homem mais alto do mundo e o maior a ter jogado uma Paralimpíada, os iranianos não deram chances aos brasileiros e fecharam a partida em 3 a 0 com parciais de 25/19, 25/23 e 25/22. Ainda pela fase de grupos, a seleção enfrenta a Alemanha amanhã, às 02:00, para decidir os classificados às semifinais.

Hipismo e Tênis em cadeira de roda
Depois de obter a primeira medalha do hipismo brasileiro em Paraolimpíadas, uma prata na categoria de adestramento, o cavaleiro Rodolpho Riskalla, montado em Don Enrico, não conseguiu obter o mesmo resultado no estilo livre ao terminar em quinto lugar. A holandesa Sanne Voets ganhou a medalha de ouro com a sueca Louise Jakobsson obtendo a prata e a belga Manon Clayes recebendo o bronze.
Pelas oitavas de final, ou segunda rodada, Meirycoll Duval não conseguiu fazer frente a japonesa Yui Kamiji e foi eliminada por duplo 6/0 das disputas do simples feminino. Duval foi a última competidora brasileira no torneio e encerrou a participação do país no tênis em cadeira de rodas.

Bocha
Nas disputas da bocha, o Brasil teve um bom dia com quatro vitórias e duas derrotas em seis partidas. Primeiro com os irmãos Maciel e Elise Santos batendo, respectivamente, a britânica Claire Teggart (8 a 1) e o honconguês Leung Yuk Wing (6 a 4). Ambos irmãos garantiram vaga para a próxima fase. Em seguida Guilherme de Moraes derrotou a tailandesa Subin Tipmanee (4 a 1) e Evelyn Vieira venceu o australiano Daniel Michel (3 a 2). Apenas Natalia de Faria, derrotada pelo português Nelson Fernandes (1 a 3), e Marcelo do Santos, vencido pelo russo Sergey Safin (7 a 11), não conseguiram trazer a vitória e marcar pontos em seus grupos.

