TSG Hoffenheim deve ser a principal ameaça aos gigantes europeus, enquanto o HB Køge não deve ter maiores ambições dentro do grupo. As partidas da terceira rodada acontecem entre os dias 9 e 10 de novembro
Foto de capa: Reprodução/UEFA
Por Rodrigo Glejzer
A UEFA Women’s Champions League teve início entre os dias 5 e 6 de outubro, com a final marcada para o dia 22 de maio de 2022 no Allianz Stadium, em Turim, Itália. Todos os jogos serão transmitidos de graça pela plataforma DAZN, via seu canal no YouTube, com narrações e comentários em inglês e nas línguas maternas de cada equipe participante.
Em 4 de dezembro de 2019, o Comitê Executivo da UEFA aprovou um novo formato para a temporada de 2021/2022. Agora a competição é dividida em quatro grupos com quatro times cada, e os dois primeiros se classificam para as fases de mata-mata. Contendo alguns dos principais times europeus, conheça os membros do Grupo C.
Barcelona
Assim como as equipes de Madrid, na Catalunha as mulheres também sofreram com as proibições da prática do esporte feminino. Jogando com o nome Seleção da Cidade de Barcelona, precursor da futura equipe culé, as blaugranas disputaram algumas partidas e campeonatos não oficiais, entre 1970 e 1972, como o Peña Femenina Barcelonista.
No entanto, em 1980, a situação geral mudou quando a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) aceitou, oficialmente, o futebol feminino no país. Até então à parte da situação, a equipe masculina do FC Barcelona, um dos mais importantes clubes do país, passou a permitir, em acordo oficial, que a Seleção da Cidade não só compartilhasse as mesmas cores oficiais do clube como também o uniforme e as instalações.
Em 1988, com a formação do primeiro campeonato feminino administrado pela RFEF, as culés, agora conhecidas como do Club Femenino Barcelona, disputaram as doze primeiras edições da Liga de Futebol Feminino com um vice-campeonato em 1992/1993. A integração de fato aos departamentos do FC Barcelona, com a utilização do mesmo nome e escudo, aconteceria apenas em 2001. Desde então, as blaugranas têm se colocado como uma das principais forças tanto no futebol local como no europeu. São seis campeonatos (2011/2012, 2012/2013, 2013/2014, 2014/2015, 2019/2020, 2020/2021) e oito copas nacionais (1994, 2011, 2013, 2014, 2017, 2018, 2020, 2021) conquistados.
Pela Liga dos Campeões, as barcelonistas conseguiram chegar em sua primeira final na temporada 2018/2019, mas foram goleadas pelas francesas do Lyon por 4 a 1. O primeiro título europeu veio ano passado. Após passar por PSV-HOL, Fortuna Hjørring-DIN, Manchester City-ING e PSG-FRA, o Barcelona teve pela frente as inglesas do Chelsea. Apesar da expectativa de uma partida bem disputada, já que as jogadoras de Londres também tinham uma boa equipe, as culés demonstraram sua força e derrotaram as adversárias por 4 a 0.
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Jogadoras para ficar de olho:
Irene Paredes – Começou a carreira pela Real Sociedad aos 17 anos. Transferiu-se para o Athletic Bilbao em 2011 e depois para o PSG em 2016. Após passar cinco anos na França, resolveu mudar para o Barcelona na última janela de transferências. Tem um título espanhol (2015/2016) e um francês (2020/2021), além de uma Copa Algarve (2018) pela seleção espanhola. Na temporada passada, foi eleita a melhor zagueira da Liga dos Campeões.
Alexia Putellas – Apesar de estar há quase uma década no FC Barcelona, começou a carreira pelo Alavés em 2011. Mudou-se para o Camp Nou em 2012 e nunca mais saiu. Capitã da equipe, venceu cinco dos seis títulos blaugranos na liga nacional. Eleita melhor jogadora catalã em 2015 e 2017, também venceu o prêmio de melhor do meio-campo na última Liga dos Campeões. É uma das principais forças criativas do time.
Lieke Martens – Começou a carreira no Heerenveen-HOL em 2009. Tem passagens por VVV-Venlo-HOL, Standard Liège-BEL, Duisburg-ALE, BK Häcken-SUE e Rosengard-SUE. Chegou na Espanha em 2017 e, desde então, tem se portado como uma das principais jogadoras da equipe. Além do bicampeonato espanhol pelo FC Barcelona, a atacante também tem uma Eurocopa e uma Copa Algarve pela seleção holandesa. Rápida pela ponta direita, sua principal virtude é a habilidade com os dribles.
Jennifer Hermoso – Cria do Atlético de Madrid, jogou pelo FC Barcelona entre 2013 e 2017 e faz sua segunda passagem pelo time catalão desde 2019. É a principal goleadora da equipe, tendo vencido cinco dos seis últimos prêmios de artilheira do campeonato nacional. Além de ser escolhida como melhor atacante da Liga dos Campeões ano passado, também foi quem mais marcou gols na edição 2020/2021 do torneio europeu.
Caroline Graham Hansen – Passou cinco anos jogando pelo VfL Wolfsburg-ALE antes de se transferir para a Catalunha em 2019. Tricampeã nacional na Alemanha, foi eleita duas vezes como melhor jogadora norueguesa (2019 e 2020), além de duas vezes escolhida para o time ideal da Liga dos Campeões (2019/2020 e 2020/2021). É a válvula de escape da equipe pelo lado esquerdo do ataque.
Arsenal
Diferentemente de boa parte das equipes femininas, que começaram de formas mais independentes e acabaram sendo integradas por clubes maiores, as gunners sempre tiveram um departamento oficial desde 1987. Fundado por Vic Akers, um ex-jogador com passagens pelas divisões inferiores da Inglaterra, o Arsenal Ladies foi, durante muito tempo, a principal força local.
Sob o comando de Akers, foram 12 títulos nacionais e 20 copas, com o primeiro campeonato vindo em 1992. Já no ano seguinte à estreia do gabinete de troféus, 1993, o Arsenal viria a ganhar a sua primeira tríplice coroa ao vencer a primeira divisão, a copa da liga e a copa nacional. Mais de uma década depois, durante a temporada 2006/2007, as londrinas realizaram a sua campanha mais memorável ao serem as primeiras campeãs britânicas da Liga dos Campeões, na época ainda chamada de Copa UEFA.
Foram 22 vitórias na liga nacional em 2006/2007, terminando a campanha invictas, com 119 gols marcados e 10 sofridos. Além do campeonato inglês, ainda levaram o Community Shield, disputa entre o vencedor da liga e da copa nacional, e a FA Cup. Além de mais uma tríplice coroa na Inglaterra, as gunners também conseguiram conquistar a Europa. Enfrentando o Umea IK-SUE, então capitaneado pela brasileira Marta, as londrinas venceram o primeiro jogo na Suécia, com gol nos acréscimos da lateral-esquerda Alex Scott, e empataram em casa por 0 a 0.
Atualmente disputando a Barclays FA Women’s Super League, neste momento o nome da primeira divisão inglesa, o Arsenal divide o protagonismo local com Chelsea, City e Liverpool. Inclusive, as duas equipes de Londres têm se revezado nas conquistas do campeonato. Nas últimas temporadas, um título para o City, outro para as gunners e os três restantes ficaram com as azuis.

Jogadoras para ficar de olho:
Anna “Vivianne” Miedema – Holandesa de 25 anos, apareceu no mundo do futebol quando jogou pela equipe do Bayern de Munique entre 2014 e 2017. Há quatro anos, não é só a principal jogadora do Arsenal como também uma das atletas mais importantes no mundo do futebol. Foi duas vezes eleita como jogadora do ano na London Awards (2018/2019 e 2019/2020), uma vez escolhida como melhor atleta do campeonato inglês pela PFA (2018/2019), pela associação de futebolistas profissionais e pela FWA, sociedade de escritores de futebol (2019/2020). Artilheira da última Liga dos Campeões, também ostenta a marca de ser uma das jogadoras com maior média (92), junto a Lucy Bronze e Wendie Renard, no jogo Fifa 22.
Kim Little – É a capitã da equipe e está em sua segunda passagem pelo clube, depois de jogar entre 2008 e 2013 e voltar em 2017. Já foi eleita pela BBC como melhor jogadora (2016) e como melhor atleta tanto pela PFA (2013) quanto pela Federação inglesa (2010). Nos tempos em que jogou pelo Seattle Reign na liga estadunidense, foi escolhida para a equipe do ano (2014 e 2015) e como principal destaque (2014). Também conseguiu a artilharia nos EUA em 2014. É, atualmente, a terceira maior artilheira do Arsenal com 135 gols marcados.
Tobin Heath – Experiente no alto de seus 33 anos, vem para sua segunda temporada na liga inglesa depois de jogar, no ano passado, pelo Manchester United. Bicampeã olímpica e mundial, tem atuado mais pela ponta esquerda. Foi escolhida para a seleção do FIFPro, a federação internacional de futebolistas, em 2020. Também conquistou o prêmio de melhor jogadora dos EUA (2016) e foi três vezes escolhida para o time ideal do campeonato estadunidense (2016, 2018 e 2019).
Jordan Nobbs – Foi formada pelo Sunderland-ING em 2008 e transferida ao Arsenal dois anos depois. Apesar de ser a responsável por dar consistência defensiva no meio-campo, é, igualmente, capaz de subir ao ataque e marcar alguns gols. Já conseguiu ser eleita melhor jogadora jovem (2016) e do ano (2019) nas premiações do campeonato inglês. É a jogadora com o maior número de aparições pelo Arsenal (150) no atual elenco.
Stephanie Catley – Fez todo o início de carreira em seu país natal, Austrália, até se transferir para os EUA (2016 a 2019) e chegar ao Arsenal em 2020. É conhecida pela ótima capacidade ofensiva, sendo uma boa opção pela lateral esquerda. Venceu todos os prêmios individuais possíveis em terras australianas, entre eles o de jogadora jovem (2012 e 2013), atleta do ano (2020) e da década (2011-2020).
Hoffenheim
Até 2006, o TSG Hoffenheim não tinha um departamento envolvido com futebol feminino. A atitude de montar um time formado por mulheres só veio no ano seguinte, quando adquiriram os direitos sobre as equipes FC Mühlhausen e VfB St. Leon.
Com a seção feminina formada, as Die Kraichgauer começaram a disputar os campeonatos inferiores alemães até chegarem nas principais ligas. Conseguiram o acesso na terceira divisão (Frauen-Regionalliga) em 2009/2010. No segundo escalão (2.Frauen-Bundesliga), levaram três temporadas para obter o acesso (2012/2013). Desde então, estabilizaram-se no grupo de elite (Frauen-Bundesliga).
Ainda não conseguiram chegar ao título regional, mas estão há duas temporadas seguidas perdendo apenas para as maiores potências alemães (VfL Wolfsburg e Bayern de Munique). Em termos de campeonatos europeus, o TSG Hoffenheim faz sua primeira participação internacional na atual edição da Liga dos Campeões.

Jogadoras para ficar de olho:
Nicole Billa – Com 1,68m de altura, tem se mostrado uma das melhores atacantes do campeonato alemão. Contratada em 2015, do FSK St Polten-AUT, conquistou a artilharia do torneio nacional da temporada passada com 23 gols. Antes já havia ficado em segundo, atrás apenas de Pernille Harder, em 2019/2020, quando escorou 18 bolas nas redes. Em 2019, foi eleita a melhor jogada do ano e, dois anos depois, escolhida como principal destaque da Frauen-Bundesliga.
Tine De Caigney – Está em sua temporada de estreia depois de fazer bom ano junto ao RSC Anderlecht-BEL. Atualmente é uma espécie de 12° jogadora no elenco, na maioria das vezes começando do banco e entrando no decorrer da partida, sendo a vice-artilheira da equipe no ano. Destaca-se pela versatilidade no ataque, podendo atuar sozinha ou em dupla, e por também saber performar no meio. Em 2020, foi eleita a melhor jogadora belga.
Fabienne Dongus – Desde 2013 na equipe e uma das atletas com maior número de jogos na história, cerca de 140 partidas, é a atual capitã do time. Destaca-se, principalmente, pela experiência de jogo e pelo vigor físico usado na luta pela defesa do meio de campo. Seu maior título é o troféu da segunda divisão levantado enquanto ainda atuava pelo VfL Sindelfingen, sua equipe formadora, em 2011/2012.
Luana Bühler – Foi comprada do FC Zurich-SUI em 2018, depois de vencer o campeonato e a copa regionais no mesmo ano. Apesar de não ser das mais altas, tendo só 1,71m, destaca-se pelo posicionamento defensivo na área e pelos fortes cabeceios. Zagueira de origem, também pode atuar como líbero ou volante. Hoje em dia, é uma figura corriqueira na seleção da Suíça.
Jana Feldkamp – Destacou-se pelo SGS Essen, time da elite alemã, entre 2015 e 2021, e transferiu-se este ano para o Hoffenheim. Estreando com apenas 17 anos, a meia-campista tem mais de 100 jogos pela Frauen-Bundesliga. Em 2017, foi condecorada com a medalha de ouro na Fritz Medal, a premiação aos melhores talentos alemães no futebol. Mais uma jogadora que se destaca pela sua polivalência, pois é capaz de jogar de primeira e segunda volante ou, até mesmo, como zagueira improvisada.
HB Køge
Localizado na Dinamarca, com sede na cidade de Køge, o HB Køge surgiu da fusão entre o Køge Boldklub e o Herfølge Boldklub. Clubes tradicionais em solo dinamarquês, com os dois já tendo conquistado o título nacional ao menos uma vez, ambos passaram a sofrer com algumas crises financeiras nas últimas décadas. Em 2009, as agremiações chegaram ao seu limite e, para não declarar falência e fechar as portas, resolveram se fundir.
Agora como HB Køge, os dinamarqueses entraram em acordo com vários outros acionistas locais com o objetivo de desenvolver e administrar o futebol profissional masculino e feminino. Enquanto os homens estão, atualmente, disputando a segunda divisão, as mulheres conseguiram ser campeãs nacionais na última temporada. Mais do que vencer pela primeira vez a Elitedivisionen, as “cisnes” também romperam com um domínio de quase duas décadas de Fortuna Hjørring e Brøndby IF.
Dentro da Liga dos Campeões, o clube da Dinamarca é estreante e não tem muitas pretensões de ir até as fases finais. Seu principal foco é poder propagar o nome do clube, faturar com a competição e conseguir dar seguimento a alguns projetos sociais como o NETVÆRKET, um tipo de rede de negócios construída com o intuito de divulgar e criar laços entre marcas locais.
Jogadoras para ficar de olho:
Kyra Carusa – Nascida na Califórnia, mas naturalizada irlandesa, é um dos destaques do HB Køge desde 2020, quando veio do Le Havre-FRA na janela de inverno (dezembro/janeiro). Jogando mais pela esquerda do ataque, pode também fazer a parte do meio-campo se necessário. Ano passado, fez sua estreia pela seleção da Irlanda.
Kelly Fitzgerald – Começou jogando pela liga universitária dos EUA, mas apareceu profissionalmente no campeonato norueguês, aos 24 anos, jogando pelo Stabaek F. Depois de ficar três anos na Noruega, mudou-se para para o HB Køge e tem sido uma das jogadoras mais regulares na temporada 2021/2022. Atuando como volante, é a responsável por dar os primeiros combates no meio-campo.
Cecilie Fløe Nielsen – Está na sua quarta temporada de Elitedivisionen e em sua terceira equipe. Depois de começar no Odense, passou pelo KoldingQ e está pelo primeiro ano no HB Køge. Pode atuar sozinha no ataque ou ser puxada para atuar pelo lado esquerdo. Com 14 jogos, seis gols e uma assistência, foi eleita para a seleção do campeonato dinamarquês em setembro.
Kaylan Marckese – Também vinda dos EUA para jogar no futebol nórdico, começou no Gotham FC, equipe baseada em Nova York, e transferiu-se para o Selfoss, clube islandês. Ficou um ano e depois mudou outra vez de clube, indo para o HB Køge em 2021. É titular absoluta, tendo jogado todas as partidas na temporada, e uma das jogadoras de maior importância no elenco. Esteve em duas (maio e agosto) seleções do campeonato dinamarquês neste ano. É a atual capitã da equipe.
Laura Guldbjerg Pedersen – Com passagens pelo futebol universitário estadunidense, começou jogando pelo BSF-DIN e é atleta do HB Køge desde 2020. Com 1,77, destaca-se jogando como zagueira dentro da área, mas também pode se adiantar para atuar como líbero. Fez uma boa partida contra o Barcelona pela segunda rodada da atual Liga dos Campeões.