Foto de Capa: Bandeira feminista. (Crédito: Thespoondragon)
Por Nathália Machado
A data foi escolhida em 1966, quando aconteceu o 1º Seminário Nacional de Lésbicas (Senale), espaço destinado à discussão de políticas públicas à comunidade lésbica. Criado por ativistas brasileiras, o dia 29 de agosto representa lutas antigas que se perpetuam até hoje: o combate à lesbofobia e ao lesbocídio.
De acordo com um levantamento da Gênero e Número, em média, seis lésbicas foram estupradas por dia em 2017, totalizando 2.379 casos registrados. Em 61% dos casos, não foi a primeira vez que a vítima sofreu a violência. Além disso, homens aparecem como autores em 96% das agressões sexuais.
Um Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil, iniciativa do Núcleo de Inclusão Social (NIS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mostra crescimento da violência: dos 180 homicídios de lésbicas registrados no período entre 2000 e 2017, 126 aconteceram entre 2014 e 2017. O dossiê aponta que, enquanto em 2000 foram dois casos, em 2017 eles chegaram a 54. Assim como outros tipos de violências, a maioria das vítimas são mulheres negras. Em 2017, elas representaram 58%, seguidas de brancas (35%), indígenas e amarelas (1%).
Por mais que os dados indiquem aumento no número de registros, os resultados podem ser ainda maiores, pois, além dos empecilhos que atrapalham na coleta real de informações, como machismo e despreparo do sistema do governo e de policiais, existe a subnotificação, ou seja, a falta de notificações oficiais das mortes.
O apagamento lésbico é resultado de diversos fatores, que vão desde a hiper sexualização dos corpos lésbicos e o não reconhecimento de relações afetivas entre mulheres, ao estupro corretivo (como o nome já diz, é a cruel tentativa de corrigir a orientação sexual da vítima) e lesbocídio. Os dados são assustadores e revelam uma triste realidade marcada por violências e exclusão.
O dia 29 de agosto representa a luta pelo direito de ser respeitada.