Dia Mundial da Conscientização do Autismo: conheça o TEA e suas especificidades 

Por Luiza oliveira

Dia 02 de abril é o dia que marca a luta pela inclusão daqueles que apresentam o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA), conhecido por Autismo. Esse dia representa a luta diária de diversos pais pela representatividade de seus filhos, para que eles possuam os mesmos direitos daquelas crianças sem o espectro e para que sejam mais respeitados. Apesar do autismo já ser possível de ser detectado no início da vida de uma criança, ainda assim é difícil de aceitar o diagnóstico, no primeiro momento de acordo com relatos de diversas mães. 

Símbolo do autismo

Características do Autismo 

São três as principais características detectadas em um diagnóstico do TEA: dificuldade de interação com outros indivíduos, padrões de repetitividade em determinadas ações e dificuldade do desenvolvimento da fala, resultando em uma deficiência no domínio da linguagem. Chama-se “espectro” devido ao autismo apresentar variados níveis de gravidade, porém estão todos interligados com as três características mencionadas. O Transtorno do Espectro Autista não possui causa nem cura propriamente ditas, visto que cada caso é um caso e varia de pessoa para pessoa. 

Joice Barbosa, pedagoga e psicopedagoga que trabalha com crianças entre 2 e 15 anos, afirma que cada autista tem características e comportamentos únicos. Geralmente, são feitos checklists e o paciente precisa desenvolver as demandas destes, caso contrário, iniciam-se as investigações, já que os diagnósticos são elaborados através de uma junção de vários profissionais. Porém, o único profissional habilitado para fornecer o diagnóstico final é o neurologista. Em sua área, Joice relatou que o primeiro contato dos profissionais com a criança com o espectro é leve, permitindo que ela explore o ambiente do seu modo.

As intervenções para “amenizar” os comportamentos ditos diferentes são planejadas de acordo com cada profissional, seja o fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional ou psicopedagogo. O TEA afeta algumas áreas no desenvolvimento. O social, cognitivo, motor e todos esses contam no fechamento do diagnóstico.  

O papel da família 

Famílias que se deparam com um ente que possui o TEA têm um papel indispensável na luta diária para lidar com a situação, pois servirão como uma grande rede de apoio para que o processo seja o mais leve possível. Não é recomendável o uso de remédio pelo paciente, a não ser que o autismo desenvolva alguma complicação no indivíduo. O melhor remédio é ter a família reunida e disposta a dedicar suas vidas ao familiar afetado pelo transtorno.

Thamires Lima, mãe de Benício, de 4 anos, relatou que, “primeiramente, receber o diagnóstico foi desesperador e eu queria encontrar uma pílula mágica para que o autismo fosse embora e eu pudesse voltar a minha vida típica de antes. Eu chorei demais, senti muito. Mas com o tempo algo mudou. Aceitei e acolhi uma nova vida. Abracei com todo o amor do meu coração. Só então pude ver toda beleza dessa luz. Adoro cada movimento dele. Suas risadas fora de hora, suas corridas, os abraços e principalmente o jeito que a testa dele encontra a minha, como forma de beijo. Tenho observado que ele floresce um pouquinho mais a cada dia que passa. Não estou falando só sobre aprender a falar, bater palmas ou atender comandos. É sobre viver! Poderia fazer uma lista de atrasos, mas prefiro apenas admirar o quão incrível meu filho é. Forte, tentando todos os dias, aprendendo todos os dias, no tempo dele, como deve ser.” 

Thamires teve que mudar sua vida por completo para atender às necessidades de Benício, já que, após diagnóstico, começa a corrida para o processo de intervenção. No seu caso, Benício faz terapia 4 vezes na semana, além de consultas com fonoaudióloga, psicopedagoga, realiza psicomotricidade aquática, musicoterapia e equinoterapia. Todas as atividades são realizadas no Espaço Habilitar, em Copacabana, clínica de referência em reabilitação de crianças e adolescentes com necessidades específicas. De acordo com Thamires, “a evolução junto aos terapeutas é nítida e hoje, por exemplo, ele não tem mais tanta sensibilidade na boca como no início do tratamento. Mas, sem dúvidas o maior ganho além de toda força de vontade do Bê, foi com o uso do Canabidiol.” 

Veja o apresentador Marcos Mion em um vídeo bem simples e bem explicado sobre como identificar o autismo em crianças visto que seu filho Romeo é autista.

Tratamento 

Não há tratamento para o Transtorno do Espectro Autista visto que não há uma causa específica para a condição. Entretanto, existem diferentes atividades que a pessoa autista pode realizar a fim de desenvolver o sistema neurológico afetado pelo autismo. Estimular a atividade física e mental do paciente é indispensável nesse processo. É exatamente o que o personal trainer Bruno Santos oferece a seus clientes. 

Profissional de educação física especializado em recreação e lazer, trabalha como personal kids, focando no desenvolvimento infantil, utilizando o “brincar” como ferramenta principal para atingir seus objetivos. Durante a pandemia começou a receber contatos de mães buscando atividades que promovessem estímulos nas crianças dentro de casa, já que elas ficavam presas ao lazer passivo, envolvendo a televisão e aparelhos eletrônicos.

Uma dessas clientes tinha um filho autista e relatou que, mesmo remotamente, seu filho obteve um ganho acentuado no repertório motor. Esse foi o pontapé inicial, quando ele viu que daria para ajudar muitas crianças com o espectro através de seu método. Ele não recebe apenas crianças com autismo, mas também com Síndrome de Down, obesidade e ansiedade. Mas, “eu costumo dizer que atendo crianças, pois não fico preso a nenhuma nomenclatura”, afirma Bruno. Sua principal motivação do dia a dia é acompanhar o desenvolvimento das crianças, como elas reagem em situações que antes não tinham condições de fazer. Essa motivação vem dos resultados que são construídos em parceria com a equipe multidisciplinar e com as famílias.  

Existem condições que precisam ser respeitadas e esse trabalho é fundamental na montagem da estrutura de aula, para que seja compatível com a sua realidade, para não trazer movimentos que gerem situações desagradáveis para a criança e familiares. O profissional relata que o autismo é um transtorno, e não se apresenta de maneira padronizada. A maior dificuldade na prática do exercício ainda é a desinformação. Pessoas relacionadas ao atendimento de crianças autistas, como pediatras, sugerem o esporte como uma ferramenta de inclusão, na qual a criança terá a oportunidade de vivenciar movimentos para supostamente trazer uma melhoria na condição da criança. Colocar uma criança autista dentro de um cenário esportivo onde ela não tem a prática e habilidades para exercer o jogo resulta no efeito contrário. Ao invés do esporte ser inclusivo e potencializar o desenvolvimento, a criança sofrerá com exclusão, baixa autoestima e negação ao movimento, por conta de ser exposta a um cenário em que ela não está preparada. Antes da criança praticar o esporte em situações coletivas, é imprescindível que a criança tenha as habilidades fundamentais bem executadas para que ela possa ter a oportunidade dentro desse quadro. 

Com experiência no assunto, Bruno desenvolveu um método chamado “Brincamento”.  É um programa de treinamento online que tem duração de um ano. O nome do projeto reflete exatamente o que ele apresenta como proposta: brincar para se desenvolver. As mães têm acesso mensal aos 12 módulos (1 por mês), nos quais são trabalhadas as habilidades motoras básicas, dando a importância necessária para que a criança possa ter a oportunidade de viver novos desafios.

Sem as habilidades motoras básicas a criança é prejudicada. Além de facilitar o ensinamento às mães, o projeto oferece a oportunidade de a família ser o agente principal do desenvolvimento dos filhos, já que pode ser realizado do conforto e segurança das próprias residências. “É um treinamento que foi criado do coração para o coração dessas mães. Não está somente atrelado às mães de crianças que estão dentro do espectro. Elas são as principais consumidoras, mas lá temos apenas mães, no sentido mais amplo da palavra”, relata Bruno. 

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