A vida solitária dos animais de rua

Por Luíza Quintanilha Créditos: Bel Lins

O crescimento de cães e gatos nas ruas é alarmante, o número de abandono sobe, mas o de adoções não acompanha. 40 animais por mês são abandonados na porta da Suipa. Marcelo Marques, diretor presidente da ONG lamenta e diz que animais não são objetos. “É uma vida. Uma vida que sente, e sofre.” 

A população de animais em situação de vulnerabilidade cresce na maioria das vezes por dois fatores, o abandono e o crescimento populacional contínuo por falta de castração. Durante a pandemia, o número de quadro de abandono quadriplicou, “isso devido ao fato de diversas pessoas terem perdido suas rendas, e então muitos abriram mão de seus bichinhos, uma triste realidade”, contou o vereador Luis Carlos Ramos Filho. Diante desse cenário pandêmico foi criado o castramóvel, ônibus usado para castrar animais de rua, que pode chegar em lugares de difícil acesso. A Secretária de Saúde retomou o serviço do castramóvel em janeiro de 2023 no Rio de Janeiro. Para poder realizar uma castração gratuita no seu bichinho de estimação basta fazer o cadastro no site: rjpet.com.br  

O projeto de castração tem como principal objetivo diminuir o número de animais abandonados nas ruas. Além do controle populacional de rua, a castração é benéfica para o animal, evitando doenças como inflamação no útero, tumores nas mamas, gravidez psicológica (no caso das fêmeas) e tumores de testículos e na próstata, agressividade e até mesmo marcação de território (no caso dos machos).  

Adotar um animal é um ato fácil, mas muitas pessoas não sabem a responsabilidade por trás disso, é uma vida que além de amor e atenção, precisará de cuidados veterinários, comida, idas ao petshop, vacinas etc. O tutor precisa estar ciente que sua rotina irá sofrer mudanças e quanto mais a pessoa for consciente de que ter um animal é como ter um filho, menos o risco do animal ser abandonado futuramente.   

Diante das devidas responsabilidades assumidas, ser tutor de um animal é gratificante, mas o amor puro deles compensa tudo, de acordo com Tainá Coelho, estudante de Design de Moda. Ela adotou seu pet ainda filhote no sítio de amigos da família. “Infelizmente Kai veio muito doente, porém conseguiram tratar a doença do carrapato que foi descoberta cedo, pois o percebi com um cansaço frequente”. O filhote também ajudou para uma reaproximação entre pai e filha, criou-se então um vínculo forte entre os três. Tainá compartilha a dificuldade sobre o comportamento difícil que seu cachorro desenvolveu, alterando um pouco a rotina de sua família, “apesar de já ter sido adestrado, Kai se mostra reativo com estranhos e outros cachorros”. Para ela, o tamanho também foi uma questão, “visto que ele chegou muito pequeno, mas na verdade era de porte grande”. Apesar de tudo, Tainá se sente muito feliz com o integrante de pelagem preta em sua família. 

Pesquisas da Universidade de Cambridge apontam que pessoas que conseguem desenvolver um forte vínculo com seus animais são mais suscetíveis a serem mais expansivos e extrovertidos, ou seja, são pessoas que almejam por novas experiências, de curiosidade aguçada, tolerante às diferenças e empáticas, sendo mais fácil de se trabalhar em equipe, fatores que podem ajudar no mercado de trabalho.  

O índice de abandonos é alto, é normal ouvir histórias de cães sendo abandonados na beira de estrada, é desumano, com isso temos um cenário de ONGS lotadas, muitas delas ficam endividadas, a ajuda sempre será bem-vinda e não precisa ser necessariamente financeira, compartilhar um post já ajuda no trabalho incansável dessas instituições. Além do abandono, vários animais são vítimas de maus tratos, o que é crime, segundo o Instituto Luísa Mell. 

De acordo com a Lei 9.605/98, artigo 32, a pena para quem comete o crime de maus-tratos aos animais, prevê três meses a um ano de detenção, e recentemente a pena para violência contra cães e gatos, aumentou de 2 a 5 anos de prisão. A pena é aumentada de um sexto a um terço se o crime causar a morte do animal.  

Luisa Mell, ativista brasileira dos direitos dos animais, por diversas vezes conseguiu mobilizar a internet com abaixo-assinados em prol da defesa dos animais, além disso seu instituto faz um trabalho de resgate aos animais em situação de rua, todos recebem tratamento adequado, para poderem achar uma família adotiva. Luísa promove feiras de adoção, muitas delas acontecem em shoppings e são abertas ao público. Existem outras formas de ajudar se você não puder adotar, como o apadrinhamento de um animal através do site do instituto.   

Patricia Alcolea, protetora de animais e criadora do canal no YouTube AUnimal diz que, além de ajudar ONGS através de doações e divulgações em suas redes sociais, você também pode ser um voluntário na sua instituição de confiança, ajudando a dar banho nos animais por exemplo. De forma independente, também existe a possibilidade de fazer a diferença, sempre leve um pouco de ração e água com você, animais de rua sempre estão com fome e à procura de alimento. 

“Se você não puder adotar, existe a possibilidade de dar lar temporário, que consiste em cuidar do animalzinho resgatado até achar uma família definitiva”, completa Patricia. 

A rotina de uma família muda com a chegada de um pet, assim como o bem-estar de seus tutores. É comprovado cientificamente que os animais de estimação ajudam a reduzir os sintomas da ansiedade e depressão. “De acordo com um estudo realizado em 2021 pela Human Animal Bond Research Institute (HABRI), 74% das pessoas relataram uma melhora na saúde mental em decorrência da relação com seu animal de estimação.”  

Mas, lembre-se! Adote com responsabilidade.

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