#RIO2C discute as novas maneiras de produzir jornalismo na era digital 

Texto e foto por Juliana Martins

A mediadora Roberta Machado já iniciou o painel com uma pesquisa da Reuters de 2022 que indica que 64% dos brasileiros se informam pelas redes sociais. “Torna o meu trabalho mais difícil, que é fazer o público consumir conteúdo mais tradicional”, foi a resposta de Sérgio, que trabalha em veículo tradicional, ao ser questionado sobre as consequências desses dados no exercício dele. O fato de a notícia chegar mais rápido pelas redes sociais é o principal fator de escolha do público brasileiro e de todo o mundo. 

“Tudo começa no Twitter, até porque eu vejo que, nas redes, o que funciona para engajamento é o que está acontecendo naquele momento”

Wesley, por outro lado, possui um veículo de mídia social, o “Vai Desmaiar”, que conta com quase um milhão de seguidores no Twitter. A principal preocupação dele é a responsabilidade social que carrega e por isso, mesmo sendo designer, escolheu dividir o veículo com dois jornalistas e uma psicóloga. “Tudo começa no Twitter, até porque eu vejo que, nas redes, o que funciona para engajamento é o que está acontecendo naquele momento”, afirmou. Sérgio concordou e complementou dizendo que muitas notícias das mídias tradicionais, hoje são pautadas pelo Twitter também.  

O grande inimigo desse imediatismo é a qualidade. A falta de fontes confiáveis e o comodismo da Internet junto com as informações rasas, duvidosas e muitas vezes falsas assombram o jornalismo atual. Segundo a mesma pesquisa da Reuters, o interesse geral do brasileiro por notícias é de 57%, menor que nos anos anteriores. A pandemia e o cenário político podem ter influenciado nesses números. O papel das mídias informais é traduzir as notícias mais pesadas para uma linguagem que capte o interesse do público. 

Com o avanço astronômico da tecnologia, é impossível não falar do temido ChatGPT, inteligência artificial especializada em textos e diálogos. Em relação às fontes, Sérgio mostrou preocupação com o algoritmo do software, já que não tem como saber exatamente de onde ele pega informações, que podem ou não ser verdadeiras. Wesley complementou com o fato de perder a personalização de conteúdo, tendo em vista que a IA não entende humor, sensibilidade e humanidade, aspectos importantes no trabalho desenvolvido por ele. 

Por fim, foi destacado o papel social e institucional do jornalismo. “É a grande dificuldade hoje em dia. Tem que dar audiência, óbvio, mas a gente também tem que falar de pautas político-sociais”, constatou Sérgio. Mesmo sendo baseados na audiência, os veículos devem aprender a conciliar os números com assuntos de interesse público, que afetem a vida da sociedade no geral. A sociedade também deve ir na contramão da “TikTokização da mídia” – termo usado por Sérgio – e aprender a se engajar com as matérias certas e investir tempo para ler todas elas por completo.  

O momento é de transição e muito se fala sobre a regulação das mídias. Ainda existem ressalvas com relação a esse projeto, por conta do conceito de censura, mas os veículos têm falhado na checagem na publicação e na replicação de notícias. É indiscutível que as redes sociais são os principais meios de comunicação contemporâneos e é importante para o jornalismo, se adequar às novas formas de produção. 

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