Texto e fotos por Juliana Martins
“Eu tinha um sonho e sempre tive muita vontade! Já realizei muitos, mas ainda tem mais um monte para realizar!”. Foi assim que Ludmilla iniciou o painel, apontando que ainda tem muito a aprender e está sempre aberta a isso. Ela assumiu que vê os desafios como uma oportunidade de extrair o melhor de si e obstáculos nunca faltaram na carreira da cantora. Mulher preta, periférica, bissexual e funkeira, ela levou 10 anos para subir ao palco do Rock In Rio, maior festival do país. Justamente por estar inserida em todas essas realidades, tem que fazer dez vezes mais do que as outras para ser reconhecida.
Ludmilla exaltou a relação com a família e os amigos próximos, de quem recebe apoio total em situações adversas. A mãe, Silvana, e a esposa, Brunna, receberam destaque por dividirem a maior parte do tempo com ela, que explicou como o preconceito moldou a personalidade dela. “Por exemplo, na época de MC Beyoncé, eu tinha 16 anos e dividia camarim com mais 5 homens na noite, eu era obrigada a ouvir todo tipo de gracinha. Meu sonho era ter o meu próprio camarim”. Esses e muitos outros cenários foram determinantes para que ela soubesse onde queria chegar.
A cantora, que está perto de completar 28 anos, disse estar em um foguete, com um ritmo insano e uma rotina intensa para produzir e divulgar bons trabalhos, mas já revela planos de uma possível aposentadoria. “Eu respiro música, componho e aprovo projetos o tempo inteiro, mas aos 35 anos quero estar muito milionária para poder desacelerar e ficar relax”, brincou. A artista pretende crescer e dominar a cena, apostando em inovação, melhorias nas performances e na própria intuição para atingir os objetivos do trabalho.
Tendo a inquietude como principal aliada do propósito, Ludmilla confessa se cobrar muito, principalmente,trabalhando em uma indústria tão exigente, que demanda dela os melhores números. Para a vencedora do Grammy Latino de 2022, pelo projeto Numanice 2, o último álbum lançado, chamado Vilã, é encarado como uma grande frustração. “Não confiei no meu feeling, de que não estava na hora de lançar, mas confiei na gravadora. Como resultado, não tivemos o retorno esperado. Mas podem esperar, estamos recalculando a rota e não vou deixar essa obra morrer”.
Em coletiva de imprensa, Ludmilla esclareceu que Vilã não teve um mau lançamento, que apenas não foi como o esperado. Dando um breve resumo sobre o conceito do álbum, ela disse que não tem como ser má, mas sim, um alterego que simboliza o que as pessoas assumem dela. Para os jornalistas presentes, ela falou, exclusivamente sobre os próximos passos: “Segunda-feira começa a nova rota. Eu vou fazer versão ao vivo de quase todas as músicas do álbum, com uma megaestrutura baseada nos artistas lá de fora, que aqui não temos o costume de fazer. Vai fazer diferença na indústria musical brasileira”.

Ainda na coletiva, a cantora falou sobre carreira internacional. Ela, que já teve propostas de grandes gravadoras norte-americanas, quer estudar o mercado antes de se jogar nele. Lud acredita que ainda tem muitas barreiras para quebrar antes de explorar novos lugares. Com os interesses alinhados entre ela e toda a equipe, uma nova sonoridade tem sido explorada para que se encontre a “essência Ludmilla”, mistura entre o que ela é e o que ela está conhecendo.
Pensar e viver com propósito é a máxima de Ludmilla. “Eu sou de verdade, o que às vezes é bom e às vezes é ruim”, disse a cantora, que complementou dizendo que não muda para agradar ninguém. Vivendo sonhos e colecionando experiências, o sucesso de Ludmilla é inegável e o Brasil segue aguardando novidades desse foguete que não tem ré.