Educação inclusiva e anticapacitismo

Por Fernanda Iacovo arte da capa: Matheus Bisaggio

O capacitismo é definido pela discriminação e preconceito contra as pessoas com deficiência (PcD). Ele traz à tona, a ideia de que pessoas com deficiência são inferiores às outras, tidas como “normais”, que se encaixam em um padrão estrutural de comportamento. O entendimento socialmente estabelecido sobre o que é comum acaba efetivando a exclusão das pessoas com deficiência da sociedade e dos espaços públicos, criando assim, grandes obstáculos. 

Segundo uma das palestrantes presente no evento Rio2C, no dia 13 de abril, Luísa Pitanga, criadora de conteúdo e estudante de jornalismo, este conceito “nos faz seguir um padrão de comportamento opressor e violento, por ser um julgamento moral que hierarquiza os corpos, colocando-os em prateleiras inferiores”. Já para a fundadora do Instituto Caue – Redes de Inclusão, Mariana Rosa, ele se caracteriza como um problema social, produzido por quem não tem deficiência, que só será resolvido quando a sociedade se engajar a fim de se conscientizar. 

Da direita para esquerda: Luísa Pitanga, Wanda Silva, Mariana Rosa e Doug Alvoroçado palestram no Rio2c.

Chamar alguém de cego por não lhe cumprimentar na rua ou dizer que “deu mancada” por cometer um erro, são exemplos clássicos de capacitismo. O termo vem do inglês “Ableism”, que significa destratar ou ofender uma pessoa por sua deficiência. 

As deficiências podem ser de natureza física (motora), intelectual (mental), auditiva, visual, psicossocial e múltipla, que abarca duas ou mais deficiências. 

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou, no dia 21 de setembro de 2022, o “Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência”, um estudo inédito sobre deficiência e desigualdades sociais no Brasil. O levantamento teve como base de dados a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019. Naquele ano, havia 17,2 milhões de pessoas com dois anos ou mais, com algum tipo de deficiência no país. A maior parte estava concentrada na faixa etária de 60 anos ou mais (24,8%), sendo principalmente mulheres e pessoas pretas ou pardas. Em relação ao tipo de deficiência, a maior parte dos casos envolve os membros inferiores. 

“nos faz seguir um padrão de comportamento opressor e violento”

Luísa Pitanga

A pesquisa também revelou estatísticas sobre a inserção no mercado de trabalho, perfis de renda, acesso à educação e serviços de saúde, além de características sobre moradia. 

Vale ressaltar que os termos: “portador de deficiência” e “portador de necessidades especiais (PNE)”, não devem ser mais usados. O correto é usar apenas “pessoa com deficiência” ou na forma abreviada “PcD”. 

É importante salientar que a sigla PcD é invariável, por exemplo: a PcD, as PcD, da PcD, das PcD. Também é preciso se atentar ao plural: pessoas com deficiência é o jeito correto, e não, pessoas com deficiências, a não ser que, elas tenham, de fato, mais de uma deficiência. 

Veja o quadro elucidativo abaixo, a respeito dos termos que devem ser usados: 

A entrevistada Mariana Rosa é jornalista, educadora, mestranda em Educação pela USP e ativista pelos direitos das pessoas com deficiência. Nascida em Belo Horizonte, a mãe de Alice alegou que, geralmente, o olhar social vê a doença antes de reconhecer o indivíduo como ser humano. Mariana lutou muito para conseguir matricular sua filha em uma escola, teve 6 negativas como resposta à matrícula de Alice, pois as instituições a enxergavam pelo diagnóstico, dando justificativas como: não trabalhamos com esse tipo de criança, não temos vaga, ela não vai ser feliz aqui. Até que, finalmente, achou uma escola de pedagogia Waldorf (baseada em atividades educacionais organizadas de acordo com fases específicas do desenvolvimento humano), que acolheu sua filha tal como ela é, olhando suas potencialidades e características. 

Alice nasceu prematura e sofreu uma parada cardiorrespiratória, que trouxe como consequência: paralisia cerebral, baixa visão e epilepsia. 

Mariana acredita que um sistema educacional que precisa de um laudo para entender, está, no mínimo, adoecido. 

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