Foto de Capa: Rebeca Doin
Por Armando Edra
O karatê sempre foi considerado uma arte marcial focada na autodefesa e no equilíbrio da mente e do corpo. A modalidade era marginalizada pelo COI porque tinha diversos órgãos que a representavam e não apenas um, como a entidade pede, o que impedia sua inclusão nos jogos olímpicos. Porém, em 2016, o Comitê Olímpico Internacional aceitou a modalidade e, que estreará nas Olímpiadas de Tóquio 2020, adiada para este ano devido à pandemia global causada pela Covid-19.
Após um intenso processo político que resultou na criação da Federação Mundial de Caratê (World Karate Federation – WKF, em inglês), reconhecida pelo COI em 1999, houve a tentativa de inclusão nos Jogos de 2004, 2008, 2012 e 2016, todas sem sucesso. Porém, terminada as Olimpíadas do Rio, a arte marcial foi aprovada de forma unânime para ser uma modalidade nos jogos olímpicos na terra do sol nascente, local em que o karatê foi disseminado.

Formato e regras
Em Tóquio, a modalidade se dividirá em duas categorias (ou formalmente conhecidas como disciplinas): o kumite e o kata, que classificarão os atletas de acordo com o peso dos mesmos, como já é feito nas outras lutas.
No kata é realizada uma simulação de luta na qual os atletas executam movimentos de ataque e defesa, dentre os 102 movimentos reconhecidos pela Federação Mundial de Karatê, e são julgados por fatores como força, velocidade, ritmo, equilíbrio, solidez, clareza e outros. Serão 20 karatecas no total, 10 homens e 10 mulheres, nesta categoria.
O kumite é a luta real entre dois atletas, que se enfrentam em uma área de 8mx8m, e tem como objetivo acertar uma série de golpes na área alvo do corpo do oponente. O ganhador será aquele que acumular oito pontos a mais que o seu adversário durante a luta, ou que conseguir mais pontos no tempo designado de três minutos.
Para as Olimpíadas, na categoria kumite, serão 10 vagas por categoria (três categorias de peso cada: masculino -67 kg, -75 kg, + 75 kg e feminino -55 kg, -61 kg, + 61 kg) com uma vaga já reservada ao país sede da edição. Cada país poderá ter apenas um atleta por categoria, totalizando no máximo 8 atletas no geral. Das 9 vagas restantes, 4 são provenientes do ranking olímpico, às quais o mundo todo concorre. Outras 3 vagas são decorrentes dos eventos classificatórios de cada categoria, realizados previamente, nos quais cada país manda os seus representantes. E as últimas 2 vagas são continentais, nas quais cada continente utiliza de critérios próprios para escolha. A corrida para as vagas se encerrou no dia 6 de abril de 2021.
LISTA DE CLASSIFICADOS
Porém, ainda ocorrerá o Pré-Olímpico em Paris, de 11 a 13 de junho, que irá funcionar como uma repescagem mundial para a Olimpíada de Tóquio. Assim, todos os países sem caratecas classificados poderão inscrever um representante por categoria. A competição será disputada em eliminatórias simples, e os caratecas que forem eliminados disputam outras duas vagas na repescagem. Esses quatro atletas (os dois finalistas da primeira etapa e os dois classificados da repescagem) lutarão no sistema “todos contra todos”. Ao final do embate, os três melhores ficarão com a vaga nas Olimpíadas de Tóquio 2020.
Local
As lutas do karatê serão realizadas no Nippon Budokan, conhecido como o lar espiritual das artes marciais japonesas, e originalmente construído para eventos de judô nos Jogos Olímpicos de 1964. A lista completa dos locais de competição você pode acompanhar nesse link, que traz um panorama completo sobre os jogos!
Calendário


Douglas Brose (- 75kg) de 35 anos e Valéria Kumizaki (- 55kg) de 36 anos são dois dos atletas mais vencedores da história do Karatê brasileiro. Douglas foi bicampeão mundial e ganhou quatro medalhas em Jogos Pan-Americanos, já Valéria tem uma prata em Mundial, ouro em etapa do circuito internacional e quatro pódios em Pans com dois ouros, em Toronto-2015 e Lima-2019. Os dois atletas integram o Time Ajinomoto e surgem como boas apostas de medalhas para o Brasil em Tóquio 2020. Entre 11 e 13 de junho, eles disputam o Pré-Olímpico Mundial de Paris e não pretendem deixar a vaga olímpica escapar de suas mãos.

Crédito: Geoff Burke-USA TODAY Sports.
Outros favoritos
Entre os favoritos da modalidade, é fato que os espanhóis são os adversários a serem batidos. Eles estão no topo do ranking mundial do kata tanto no masculino quanto no feminino e contam com Sandra Sánchez, considerada a “melhor carateca de todos os tempos” e Damián Quintero como prováveis medalhistas.
Sánchez, 39 anos, foi Campeã Mundial em 2018, pentacampeã europeia, e acaba de entrar para os livros de recordes como a karateca com o maior número de medalhas na história do circuito internacional.

Crédito: WKF/Divulgação.
Outra atleta que merece ser destacada é a japonesa Kiyou Shimizu, bicampeã mundial e tricampeã asiática, que contará com o apoio da torcida para superar Sandra Sánchez.

soniaclecio1@gmail.com
Por que o Karatê não foi tão bem vindo na aceitação das lutas marciais em 2021? Qual o critério usado para a sua presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021. É bem verdade que Kiyou Shimizu tem mais originalidade do que Sandra Sánchez? Clécio Carvalho, grande admirador do Karatê raiz japonês.
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