Foto de capa: Andrielli Zambonin/SCC SBT
Por Matheus Carvalho
Fim de uma era. A Família Kindermann, de Caçador, município de Santa Catarina, anunciou, na quarta-feira (17/11), o encerramento dos investimentos na categoria feminina. Em virtude da decisão, chegam ao fim as atividades do Avaí Kindermann.
O falecimento de Salézio Kindermann, presidente do clube e entusiasta do futebol, vítima de complicações da Covid-19, aos 77 anos, em maio, foi determinante para a retirada da família Kindermann do âmbito esportivo, uma vez que originalmente é um grupo de hotel.

Daniel e Valéria, genro e filha de Salézio, responsáveis pelo anúncio, falaram sobre a decisão em entrevista para o portal SCC10:
“Tomamos essa decisão com a alma, coração e consciência limpa, sabendo que fizemos o que foi possível para que o time chegasse até aqui e concluísse o calendário de competições previstas para 2021. Sabemos do carinho que muitos brasileiros têm pelo Kindermann Futebol Feminino, o quanto essa história e esse legado merecem respeito. Mas esse era o sonho do Salézio Kindermann. O futebol ocupava 100% do tempo dele, ele tinha dedicação exclusiva a isso, entendia e amava esse mundo. Em respeito ao legado dele, nós como família e as atletas que permaneceram até aqui, fechamos este ciclo com a participação na Libertadores, onde encerramos como a 5ª melhor equipe. O legado nunca será apagado, mas a era Kindermann futebol, mantida pela nossa família, encerra aqui”, afirmaram Daniel e Valéria.
Outro fator preponderante para a tomada de decisão foi o alto custo com as equipes Avaí Kindermann e Napoli-SC, do qual Salézio Kindermann era gestor e que também teve as atividades encerradas após a participação no Campeonato Brasileiro.
“Do dia para a noite nós tivemos que assumir a responsabilidade de 65 pessoas, dois times e um custo mensal de R$ 270 mil. Sendo que esse era o hobbie do Salézio, era a paixão dele, e não nossa, da família. Nós somos hoteleiros. Nosso ramo é uma empresa de hotéis. Sabemos falar de hotel, e não de futebol feminino. E do dia para a noite, apesar de não ser nossa obrigação continuar com tudo isso, nos viramos do zero para organizar e entender como tudo funcionava. Demos o nosso melhor para que a equipe não se encerrasse no meio de uma competição e cumprisse o seu calendário de disputas. Fizemos isso não por ser nossa obrigação, porque esse era compromisso do Salézio, mas fizemos para honrar o nome e o legado dele. Demos o nosso melhor e chegou a hora de encerrar”, comentaram genro e filha.
Fim do Avaí Kindermann
O Avaí Kindermann nasceu da parceria feita em 2019 entre o Avaí Futebol Clube e a Associação Esportiva Kindermann. Com a saída do Kindermann, as 18 atletas e comissão técnica que defendiam o atual clube foram dispensadas. A última competição disputada foi a Libertadores Feminina 2021, na qual a equipe foi eliminada nas quartas de final.

A princípio, o Avaí aparece como principal candidato para assumir o time feminino e se mostrou interessado em um primeiro momento. No entanto, o clube passará por eleições presidenciais ao final do ano e só após a eleição tomará uma decisão. Como as vagas em todas as competições estão vinculadas ao CNPJ do Kindermann, o Avaí não tem direito a nenhuma delas se não assumir o time.
Legado do Kindermann Futebol
O clube foi fundado em 23 de agosto de 1975 pelo empresário Salézio Kindermann. Entre idas e vindas, e disputas no masculino e feminino, nas modalidades futsal e futebol, em 2008 a equipe focou no futebol feminino. Em 13 anos de história, foi 12x Campeão Estadual, 1x Campeão da Copa do Brasil (2015) e participou 2x da Libertadores Feminina (2020 e 2021).
Contribuiu também revelando nomes importantes para o futebol feminino como Gabi Zanotti, Julia Bianchi, Andressinha, entre outras.
Daniel e Valéria por fim agradeceram e afirmaram que o legado do Kindermann não será apagado:
“Acho que cumprimos a missão. (…) Queremos agradecer os torcedores e dizer que o legado não será apagado. Novamente, gostaríamos de agradecer as Atletas e Comissão Técnica que ficaram conosco até o final. Temos o maior orgulho desse time. Nós, família, não temos condições financeiras e nem conhecimento para continuar no futebol feminino. Por isso estamos encerrando o ciclo. O responsável por toda essa trajetória vitoriosa sempre foi o Salézio”, finalizaram.
Ficam a história e as lembranças de um dos maiores fomentadores do futebol feminino da última década.
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